quinta-feira, 24 de julho de 2014

O desespero do lanterna Flamengo tirou do desemprego Vanderlei Luxemburgo. Foi contratado porque sua decadência o tornou um técnico barato. Mas também desacreditado. Um mero colecionador de vexames, demissões e fracassos...

O desespero do lanterna Flamengo tirou do desemprego Vanderlei Luxemburgo. Foi contratado porque sua decadência o tornou um técnico barato. Mas também desacreditado. Um mero colecionador de vexames, demissões e fracassos...




Em maio, o amigo pessoal e responsável pelo futebol do Palmeiras, José Carlos Brunoro convenceu Paulo Nobre. Valeria a pena comprar a guerra com Mustafá e Belluzzo. Ele ligou ao seu amigo pessoal, íntimo. O desempregado Vanderlei Luxemburgo. Já eram seis meses que ele estava largado, abandonado pelos grandes clubes. Os fracassos seguidos se seus projetos cansaram os dirigentes. Marcaram uma reunião. O gerente Omar Feitosa esteve presente. Ambos foram claros. Disseram que, apesar de ser o ano de centenário, o clube vive uma crise financeira. Nem patrocinador consegue há mais de um ano. Nada de reforços importantes, comissão técnica gigante ou trabalho como manager, com direito a comprar e vender jogadores. Seria apenas técnico. Quanto ao salário, o Palmeiras pagaria R$ 250 mil. E aumentaria de acordo com o desempenho do time. A tal da produtividade. Luxemburgo queria um salário maior e fixo. Não desejava depender da equipe fraca que teria para trabalhar. Brunoro não teve como convencer Paulo Nobre. E o clube investiu no argentino Gareca. E Luxemburgo completou oito meses de desemprego. Gente que o rodeia e ainda vive do seu dinheiro espalhou. Clubes do Oriente Médio e da China teriam interesse nele. O irônico é que nunca eram divulgados os nomes das equipes. Empresários sérios, que negociam com clubes grandes do Exterior, sabem que um técnico que há dez anos não ganha um título significativo. não tem mercado lá fora. São dez anos de fracasso em termos nacionais de Luxemburgo. Virou mero colecionador de demissões e multas rescisórias. Foi assim no Palmeiras, Atlético Mineiro, Flamengo, Grêmio, Fluminense. Estava esquecido. Precisava de mídia. Por isso não titubeou. Afinal havia jurado a amigos, anos atrás, que trabalharia na Copa de 2014. Não foi o técnico da Seleção Brasileira, como estava nos seus planos. Mas serviu escrever uma coluna para o jornal O Estado de S. Paulo. E comentar alguns jogos para a Fox Sports. O que ele precisava, conseguiu. Colocar de novo a cara na mídia. Aparecer. Figura constante nas gigantescas salas onde a imprensa do mundo todo se reunia. Mal via um jornalista conhecido, fazia a maior festa. Queria se mostrar respeitado, conhecido. Era constrangedor. Ao ser demitido do Fluminense, por ter colocado o time na zona do rebaixamento, Luxemburgo avisou que não tiraria qualquer período sabático. Queria trabalhar logo no começo de 2014. Só que ninguém o quis. Os dirigentes haviam se cansado de seus projetos vazios, ocos, sem sentido. A sua rotina como treinador já foi decorada. Afinal, não muda há décadas. O senhor de 62 anos chega ao clube dizendo que não vem apenas pelo momento ruim do time. Mas para bancar um projeto sólido de reconstrução. Valorização dos jogadores da base. Incentivar os atletas que estão na equipe. Enquanto isso implora por reforços para os dirigentes. Os princípios básicos de neurolinguística têm o efeito de um efervescente estomacal para alguém doente. Primeiro dá um alívio, o time reage, ganha algumas partidas. Depois, o efeito passa. O problema piora. Vanderlei se desentende com a estrela do clube. Tenta afastá-la para mostrar autoridade. Tudo que consegue é incentivar o ressentimento do grupo de atletas. Perde o comando. Lança juniores imaturos. Briga com dirigentes subalternos. O desgaste atinge o presidente do clube. E vem a demissão.

Tem sido assim nos últimos dez anos. Nem no Flamengo, lanterna do Brasileiro, era prioridade. Os dirigentes sonhavam com o argentino Jorge Sampaoli. Não conseguiram o atrair para a Gávea. Pensaram em Oswaldo de Oliveira no Santos. Só que ele e sua esposa já passaram raiva demais com os atrasos salariais no Botafogo. Os jogadores flamenguistas não recebem desde junho. Essa foi a principal dificuldade de Ney Franco. Tinha um time fraco e sem receber em dia na Gávea. Os atletas sabiam que seus R$ 500 mil entravam regularmente a cada 30 dias na sua conta. Ele não teve habilidade para resolver a situação. A campanha foi ridícula. Sete jogos. Quatro derrotas e três empates. Nenhuma vitória. Pesou demais para a demissão de Ney o ato simbólico que teve durante a Copa. Foi para a Disney com a família. Não tinha o direito de fazer essa viagem de recreação com a família. Não diante da terrível situação do Flamengo. Depois de treinar por mais de 20 dias, a goleada por 4 a 0 diante do Internacional mostrou a necessidade da troca. O diretor de futebol, Felipe Ximenez, vive uma fase terrível. Pior até do que a de Luxemburgo. Depois de bom trabalho no Coritiba, foi contratado pelo Fluminense. Ficou pouco mais de um mês. No Vitória, apenas 42 dias. Chegou em maio na Gávea e está alça de mira de Eduardo Bandeira de Mello. Se o decadente técnico contratado falhar, Ximenez faz as malas com ele.

A desvalorização de Luxemburgo é palpável. Não tem nada de abstrata. Ele volta à Gávea pela quarta vez. Na última, em 2011, recebia R$ 700 mil mensais. Ney Franco ganhava R$ 500 mil. O sexagenário treinador ganhará R$ 350 mil. Bandeira de Mello só ficou tranquilo por ele ser 'barato'. Os dirigentes flamenguistas sabem da paixão de Vanderlei por grandes e caras Comissões Técnicas. Ele trabalhará apenas com o ex-jogador Deivid como seu auxiliar. Será a primeira experiência do ex-atacante no cargo. O que é uma temeridade. Em compensação, terá o ótimo preparador físico e parceiro Antônio Mello. E só. Seu contrato vai até o final de 2015. Com a direção do Flamengo tendo o direito a fazer uma avaliação ao final de 2014. Sua multa rescisória é baixa: dois salários. A meta atual segue o seu momento em queda na carreira. Só tem como missão evitar o rebaixamento para a Segunda Divisão.

Os jogadores ficaram surpresos com o retorno de Vanderlei. As desavenças que causaram a sua demissão em 2012 foram lembradas. A obsessão por vigiar os atletas na concentração. Sua felicidade por ter filmado Ronaldinho Gaúcho levando para o quarto uma mulher na pré-temporada. E a constrangedora demissão, quando a então presidente Patricia Amorim preferiu ficar com o jogador e o colocou no olho da rua. Não tinha nem assumido o clube e já pediu a contratação de Robinho. O jogador recebe quer ganhar R$ 800 mil no futebol brasileiro. Seu primeiro pedido nem foi levado em conta pela direção flamenguista. Foi apenas uma clara demonstração do quanto ele está fora da realidade do clube que deve mais de R$ 700 milhões. Felipe Ximenez faz outra aposta precipitada. Coloca a cabeça na guilhotina por Luxemburgo. O dirigente diz que o contratou pelo passado, por ser flamenguista. Mas a verdade é que o trouxe de volta por ser barato e estar disponível, desempregado. O clube mais popular do Brasil merecia um comandante muito melhor. Moderno. Que conheça profundamente estratégias atuais. Não alguém que precisa mostrar o currículo, vive iludido, com as glórias do passado. Mais preocupado com o que os jogadores fazem longe do treinamento. Dez anos é uma eternidade no futebol. Ximenez vai descobrir o que Belluzzo, Kalil, Patricia Amorim, Fábio Koff e Peter Siemsen já sabem. O quanto não vale mais a pena acreditar nos 'projetos' do professor. A decadência o fez um técnico barato. Virou mero colecionador de vexames, demissões e fracassos...





Autor: cosmermoli
Publicado em: Thu, 24 Jul 2014 10:09:49 -0300
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