sexta-feira, 25 de julho de 2014

O sufoco que o Brasil passa para a Globo mostrar seus jogos após a novela. Gobbi e Alckmin anunciarão metrô aberto até a uma da manhã perto do Itaquerão. Mas e as outras torcidas? É indecente partidas acabarem à meia-noite às quartas-feiras...

O sufoco que o Brasil passa para a Globo mostrar seus jogos após a novela. Gobbi e Alckmin anunciarão metrô aberto até a uma da manhã perto do Itaquerão. Mas e as outras torcidas? É indecente partidas acabarem à meia-noite às quartas-feiras...




Foi deplorável a cena. Centenas de corintianos deixando o Itaquerão correndo. O movimento começou por volta dos 25 minutos do segundo tempo. O time de Mano Menezes fazia excelente partida. Vencia o Bahia pela Copa do Brasil por 2 a 0. O jogo dava gosto de ver. O cheiro de importantes novos gols estavam no ar. Mas o por quê desses corintianos saírem de forma alucinada do estádio? A resposta estava nas estações Arthur Alvim e Corinthians Itaquera do metrô. Elas fechavam às 0h21 e 0h19 da quinta-feira. Quem foi embora, perdeu o gol de pênalti de Renato Augusto. Com angústia, ouviram a vibração da cobrança aos 44 minutos do segundo tempo. Quem foi otimista e precisava do metrô passou raiva. Eram falsos os boatos que as estações fechariam a uma da manhã. E encontraram as estações fechadas. Com policiais reforçando a segurança do metrô para evitar depredação. Jornalistas e fotógrafos esperavam pelo flagrante. Aliás, qualquer pessoa que tenha mais de dois neurônios sabia da situação. Era a primeira partida no Itaquerão às 22 horas. As organizadas haviam implorado aos dirigentes do clube que cuidassem do metrô. Mas a diretoria nada conseguiu. E foi preciso que dezenas de torcedores acabassem expostos. Passassem vergonha e tivessem de comprometer alto dinheiro com táxi. Ou ir a pé pelas perigosas ruas na madrugada paulista até achar algum ônibus que os deixassem no caminho de casa. A situação era mais do que prevista. Acontece que estamos em ano eleitoral. A assessoria do governador Geraldo Alckmin precisava agir. Ficou muito antipático para o PSDB. O melhor será romper todo o esquema utilizado há nos no metrô paulista. As revisões, consertos e testes são feitos diariamente da uma às quatro da manhã. Ou seja. Para isso, no máximo as estações precisam estar fechadas às 0h21 minutos. Só que Alckmin não vai se desgastar com a torcida corintiana. Muito menos com a imprensa. E já convocou o presidente corintiano, Mario Gobbi para conversar na próxima terça-feira. O roteiro já está traçado. Lógico, que o governador do PSDB vai ceder. Nos dias de jogos, as estações próximas do Itaquerão fecharão a uma da manhã. Gobbi sairá no braço do povo. Posará de herói. A situação é patética. Porque não pode haver dois pesos e duas medidas. Por quê as linhas de ônibus perto do Morumbi não esticam seus horários em dias de jogos? No Canindé, também não. Tudo é normal. E quando finalmente o Palestra Itália for concluído? As estações também avançarão até a uma da manhã? Assim também quando o Santos usar o Pacaembu?

Por mais que seja o clube mais popular de São Paulo, não há motivo de ser privilegiado. Alckmin precisa pensar nos torcedores das demais equipes. As organizadas destes clubes estão se articulando. E apenas esperam a reunião de terça-feira para brigarem por suas reivindicações. O absurdo é que o ponto principal não será atingido. O absurdo horário das 22 horas. Ele só existe por exigência da Globo. A emissora quer o jogo de quarta depois de sua novela e ponto final. É assim há décadas. As tabelas dos jogos no Brasil e na América do Sul respeitam esse critério. A CBF consulta a Globo e pergunta quantos jogos do Brasileiro de cada clube quer às 22 horas da quarta-feira. Este é o início do esqueleto da tabela do torneio nacional, da Copa do Brasil. A mesma regra vale para a Conmebol e a Libertadores. E, lógico, as federações e seus falidos estaduais. A presidente Dilma já fez reuniões com o grupo Bom Senso. E mesmo com jornalistas no Planalto antes da Copa do Mundo. O tema das partidas às 22 horas foi tocado. Mas ela preferiu investir nas dívidas dos clubes. E no calote que os jogadores tomam dos dirigentes. Seu conselheiro, o ministro Aldo Rebelo, sabe. Brigar com a Globo para que as partidas aconteçam, pelo menos, às 21 horas, é uma luta inglória. Mesmo sabendo que muitos trabalhadores precisam estar nos seus empregos às seis, sete da manhã. Fora os estudantes que também têm sua rotina prejudicada. Tudo por causa da intransigência de um canal de tevê. Quando acerta a compra da transmissão dos jogos do Brasileiro, da Copa do Brasil, da Libertadores, da Sul-Americana, executivos globais deixam claro. A emissora tem o direito de exigir jogos às 22 horas. E ponto final. CBF e Conmebol aceitam. Assim como os presidentes de federações e clubes. Todos cedem porque precisam do dinheiro. Por isso se buscam paliativos. Não há coragem para enfrentar o verdadeiro motivo do sufoco. Os corintianos podem comemorar. Terão as estações até a uma da manhã. Os são-paulinos, palmeirenses e santistas só esperam essa confirmação para pressionar os dirigentes de seus clubes. A ideia tem tudo para ser espalhada pelo Brasil. Vale tudo para não contrariar a Globo e cortar o mal pela raiz, como deveria acontecer. Aldo Rebelo sabe que estaria mexendo em um vespeiro. E aconselha a presidente a se preocupar com a dívida dos clubes. Que cada cidadão lembre disso quando na próxima terça-feira, Alckmin e Gobbi aparecerem dando as mãos sorridentes para as fotos. Segurar as estações de metrô até a uma da manhã por causa de jogos do Corinthians no Itaquerão não é vitória. É apenas a triste constatação. O futebol deste país é refém de uma emissora de tevê. E ela faz o que lhe dá mais lucro. O torcedor que se vire para voltar para a casa. Os jogos continuarão terminando no indecente horário da meia-noite às quarta-feiras...





Autor: cosmermoli
Publicado em: Fri, 25 Jul 2014 13:02:49 -0300
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