quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Dois jogos e duas vitórias sofridas, por 1 a 0, contra Colômbia e Equador. Em bolas paradas. O Brasil de Dunga assume sua limitação. Sua maior arma é guerrear. Para o técnico não adianta sonhar com futebol bonito e perder...

Dois jogos e duas vitórias sofridas, por 1 a 0, contra Colômbia e Equador. Em bolas paradas. O Brasil de Dunga assume sua limitação. Sua maior arma é guerrear. Para o técnico não adianta sonhar com futebol bonito e perder...




"Time que quer ganhar precisa aprender a sofrer." A frase de Dunga resume o que foi a partida do Brasil contra o Equador em New Jersey, ontem à noite. O segundo jogo depois que ele reassumiu a Seleção. O Brasil tomou bola na trave, Filipe Luís tirou bola em cima da risca. Foi um sufoco. Mas no final, vitória por 1 a 0. Gol de Willian, em jogada ensaiada criada pelo técnico. Lutou muito outra vez para conseguir o resultado. Foram dois jogos nos Estados Unidos em oito dias. Duas vitórias por 1 a 0. Contra colombianos e equatorianos. Com gols que nasceram em duas bolas paradas. Os amistosos marcaram o duro recomeço depois do vexame histórico na Copa do Mundo em 2014. E revelaram a dura realidade. Contra adversários nada tradicionais ficou evidenciado que o Brasil não tem uma grande geração de jogadores. Seu futuro dependerá absolutamente da estratégia a ser utilizada. O treinador deverá ser cada vez mais influente. O Metlife Stadium já revela muito do atual estágio da Seleção. Apenas 35 mil pessoas estiveram no estádio com capacidade para 82 mil torcedores. Menos da metade foram as arquibancadas, reflexo de que o público sabe do potencial limitado do atual selecionado. E outra mensagem que a arena passou foi que a CBF continua só pensando no dinheiro e não preserva seus jogadores. Expôs a Seleção a um gramado absurdo.

O estádio é utilizado normalmente para o futebol norte-americano. E é utilizado o gramado artificial. Apenas na segunda-feira ele foi coberto com placas de grama natural. O efeito foi terrível. As placas não se fixaram bem e o piso ficou fofo. A bola não ganhava velocidade. Nem quicava. Por muita sorte não houve torção de tornozelos entre as frestas entre as placas. Fora que carrinhos e mesmo chutes tiravam pedaços do gramado solto. Absurdo, descaso. Não bastasse tudo isso havia ainda o lamentável episódio que marcou o corte de Maicon. O jogador se atrasou por 11 horas depois da folga, após a vitória contra a Colômbia. Tudo foi muito mal conduzido. Faltou transparência. O coordenador Gilmar Rinaldi falou que era por "problemas internos". E depois confirmou "indisciplina". Rinaldi não esclareceu o que aconteceu e ainda proibiu os atletas de tocarem no assunto. A falta de transparência gerou boatos vergonhosos envolvendo Maicon, Elias, David Luiz. Todos inventados por humoristas brasileiros mas que foram levados a sério pela imprensa do mundo todo. O clima ficou tenso na concentração. A ponto de Elias confirmar que irá processar um site humorístico. Os boatos o ridicularizaram, afetaram sua família. Diante desse clima todo, Dunga tratou de fazer o que mais gosta. Prepara o time não para um jogo. Mas para uma guerra. Outra vez a Seleção deixou transparente que mudou. Entrou em campo com Danilo na lateral direita, na vaga deixada por Maicon e Marquinhos no lugar do contundido David Luiz. A disposição tática não mudou. O Brasil atuava outra vez no 4-3-2-1. Mesmo esquema utilizado em Miami. Com Luiz Gustavo, Ramires e Willian fechando a intermediária, protegendo a zaga. Oscar e Tardelli flutuando como dois meias mais à frente. E Neymar rodando todo o setor de ataque. A figura do atacante fixo, de referência, foi enterrada com Fred. Os equatorianos com Sixto Vizuete, técnico interino, nada tinham a perder. Tinham uma equipe que misturava juventude com atletas rodados, esforçados. Nada além de competitivos. O time mistura muita velocidade e algum atrevimento principalmente com Paredes e Valencia. De marcação forte, com oito homens atrás da linha da bola. E contragolpes velozes principalmente pelas laterais do campo. O Brasil também marcava forte na intermediária. Durante boa parte do primeiro tempo, com o gramado atrapalhando muito os dois times, a partida foi monótona. Sem chances de gol. Com até 16 jogadores brigando por cada centímetro. Danilo não tinha a explosão de Maicon pelo lado direito. E Filipi Luís prioriza a marcação. Ataca raramente. É marcador. A Seleção dependia do talento de Neymar. Os equatorianos sabiam disso. E distribuíram muito pontapés no brasileiro. Assim como em Miami, a arbitragem foi péssima. O norte-americano Edvin Jurisevic estava completamente intimidado, nervoso diante do ríspido duelo norte-americano. O Brasil também não perdia dividida. Se o adversário escapava, era parado com faltas. Neste festival de infrações, houve duas a favor da Seleção. Na primeira, Neymar cobrou muito bem e a bola passou perto do ângulo direito do ágil goleiro Domínguez. Na segunda, os equatorianos estavam bem preocupados com outro arremate do camisa 10 brasileiro. Foi aí que surgiu a jogada ensaiada por Dunga. Oscar correu para a bola e a rolou para Neymar. Ele a colocou dentro da área, surpreendendo os zagueiros. Pegou Willian de frente para o gol, contra marcadores de costas. O brasileiro desviou para as redes. 1 a 0 aos 30 minutos.

A partir daí, a partida ficou muito mais interessante. Com o Equador se abrindo mais, buscando o empate. E abrindo espaço para contragolpes. O Brasil marcava bem. Mas faltava convicção para Oscar e Tardelli. Enquanto Willian estava outra vez muito recuado. Assim, poucas bolas chegavam com qualidade para Neymar. Valencia fez Dunga passar por um grande susto aos 35 minutos. Ele conseguiu invadir a área brasileira e chutar forte. A bola passou por debaixo de Jefferson e foi beijar a trave esquerda. A Seleção marcou melhor e segurou a vantagem no primeiro tempo. A segunda etapa começou de uma maneira incrível. Em raríssimo apoio de Danilo, ele cruzou e Neymar dentro da pequena área, livre, perdeu gol incrível, acertando o travessão. A briga continuava quente. Mas Dunga precisava testar jogadores. E trocou seus meias. Oscar e Willian saíram para que Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, estrelas do Cruzeiro, atuassem. Foi aí que o Brasil tomou um imenso sufoco. Os equatorianos adiantaram sua marcação. E pressionaram a Seleção na defesa. Os dois meias cruzeirenses são muito mais ofensivos. Não sabem marcar como Oscar e Willian aprenderam no Chelsea, nas mãos de Mourinho. Enquanto a bola rondava a área brasileira, a Seleção vivia de contragolpes sempre tendo como Neymar como articulador. O Equador já merecia empatar, quando aos 16 minutos, Valencia cabeceou, Jefferson desviou. A bola entraria. Mas Filipi Luís salvou em cima da risca. A partida continuou brigada até o seu final. Vitória brasileira sem brilho, sem grande empolgação. Mas Dunga sabia que precisava vencer esses dois amistosos. Fosse como fosse. Com ele, nada de fair play ou jogo bonito. O que interesse é o resultado. E o Brasil venceu. Não ouse dizer a Dunga que a Seleção venceu dois amistosos. "Não coloco como amistosos. São jogos preparatórios para as Eliminatórias. É bom encontrar adversários como temos encontrado. As Eliminatórias serão muito duras. Equipes como Colômbia, Equador, Paraguai... Eles têm jogadores competitivos e temos que nos preparar da melhor maneira. É importante testar jogadores para elevar a confiança e autoestima e trazer o torcedor para o nosso lado."

O goleiro Jefferson foi direto. "Já estamos entendendo a filosofia do Dunga, de guerra, de batalha, de superação." É exatamente isso daqui para a frente. "Batalha, guerra, superação" serão palavras cada vez mais comuns no Brasil. Com a Seleção marcando muito e lutando muito mais, o time vai precisar se preparar. Para, como gosta Dunga, nova guerra no dia 11 de outubro, em Pequim. O adversário será a vice campeã do mundo, a Argentina de Messi. Se foram duas batalhas contra colombianos e equatorianos, é preocupante imaginar o que acontecerá na China. É bom Messi e Di Maria reforçarem as caneleiras...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 Sep 2014 02:25:46
Ler mais aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário