quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Paulo Nobre, Oswaldo e Alexandre Mattos tentam preservar Lúcio. E dizem que ele pediu para ir embora. A verdade é que o Palmeiras não quis continuar mais com o pentacampeão do mundo...

Paulo Nobre, Oswaldo e Alexandre Mattos tentam preservar Lúcio. E dizem que ele pediu para ir embora. A verdade é que o Palmeiras não quis continuar mais com o pentacampeão do mundo...




O Palmeiras era massacrado no primeiro tempo pelo Atlético Paranaense. Paulo Nobre se desesperava acompanhando o jogo. Sem nada a perder ou ganhar, o treinador Claudinei Oliveira escalou um time de garotos na última rodada do Brasileiro. E eles infernizaram o time paulista ameaçado de novo rebaixamento. Fernando Prass fez pelo menos quatro excelentes defesas que evitaram a derrota. Na tribuna, o presidente palmeirense confidenciava a quem estava perto. Diante das falhas e atraso na hora das divididas que quase custaram a volta à Segunda Divisão, Lúcio nunca mais jogaria pelo clube. E assim que soube que Tobio, apesar de dores musculares, tinha condições de jogo, o dirigente decidiu que não continuaria também com Dorival Júnior. Sua campanha já era péssima com o time. Arriscar tudo pelo veterano zagueiro foi a pá de cal do treinador. O novo diretor de futebol, Alexandre Mattos, e o técnico, Oswaldo de Oliveira, não tiveram influência no fim da passagem do jogador de 36 anos no Palestra Itália. A decisão foi de Nobre. O dirigente ficou profundamente arrependido por ter assinado contrato com o zagueiro até dezembro deste ano. Acreditou que ele poderia ser o grande líder que o Palmeiras precisava. O "xerife" como gostava de dizer, como se fosse um dirigente dos anos 60. Paulo assegurava que o jogador não havia dado certo no São Paulo por problemas disciplinares com Paulo Autuori. Mas não foi bem o que aconteceu. Lúcio continua mais líder do que nunca. Fez questão de participar de todas as palestras. Incentivou Valdivia. Os garotos da base. Tomou à frente do grupo nas derrotas com Gareca. Insistiu que o Palmeiras atuava aberto demais. O argentino estava cedendo ao jogador quando foi demitido. Além disso, o zagueiro era o primeiro a chegar para treinar. Dava exemplo de dedicação. Só que a idade o sabotou. Seus reflexos, explosão muscular e, principalmente, o arranque não eram os mesmos há anos. Não foi por acaso que ficou sem mercado na Europa. Mesmo jogadores sem habilidade, mas velozes, o deixavam para trás com toda a facilidade. Até nos treinamentos. Inexperiente, Paulo Nobre travou várias discussões com conselheiros no Palmeiras por causa do jogador em 2014. Até mesmo o seu mentor, Mustafá Contursi, não via mais lógica em mantê-lo no time. As queixas do presidente chegaram ao ouvido de Dorival Júnior. O desempenho da dupla Tobio e Nathan deixava a equipe muito mais segura.

Só que Dorival insistiu. Não iria se dobrar diante da pressão de quem quer que fosse. Acreditava que, mesmo com as falhas, Lúcio era fundamental para a alma da equipe. Foi avisado por pessoas próximas a Nobre que poderia "morrer abraçado com o veterano zagueiro". Não se importou. Tudo ficou muito pior na véspera da última partida do Brasileiro contra o Atlético Paranaense. Tobio havia reclamado de dores musculares, mas acabou recuperado. Foi manchete nos sites e jornais ainda na terça-feira, dia 2 de dezembro, cinco dias antes da partida. Mas Dorival Júnior quis Lúcio na partida que decidia a sorte do Palmeiras no Brasileiro. De qualquer maneira. Levava mais em consideração o lado psicológico do que o técnico. Tobio ficou fora até do banco de reservas. O "xerife" foi titular ao lado de Nathan. O pentacampeão mundial falhou demais. E tudo se tornou pior quando seu jovem companheiro se contundiu. No seu lugar, entrou Victorino.

A sorte foi que o Atlético Paranaense, de maneira muito singular, não atacou no segundo tempo. Não foi forçado a isso pelo potencial do Palmeiras. O time da casa era fraco demais para isso. A decisão foi tática, de Claudinei. Os jogadores demonstravam estar satisfeitos com o empate. Mesmo assim, toda a vez que a bola chegava em Lúcio, Paulo Nobre se irritava. Tobio incendiou de vez o ambiente. Tentou atingir Dorival Júnior com um twitter. Mesmo com seu fraco português misturado ao espanhol, a mensagem era clara. "Eu não fique machucado. Foi decision do entrenador. E eu fique fora." Ele colocou no ar logo no domingo, após a partida. A estocada atingiu seu alvo. Nobre ficou ainda mais revoltado com Dorival. Entendeu que ele cedeu diante da personalidade de Lúcio. E colocou em risco a sobrevivência do Palmeiras na Série A. Os quatro argentinos contratados a mando do ex-técnico Gareca já se sentiam perseguidos por ele. Não haveria perdão. Foi impossível para Dorival continuar. Paulo Nobre decidiu não correr o mesmo risco com Oswaldo de Oliveira. O dirigente sabe o quanto Lúcio é dedicado, persuasivo e dono de um currículo invejável. Seria o líder natural de qualquer equipe do mundo. Desde que tivesse condições físicas e técnicas para jogar. Logo que o ex-treinador do Santos participava da primeira reunião com Nobre, soube da decisão do presidente. Não quis comprar briga pelo veterano zagueiro. Embora todos os indícios apontassem para o fim do seu caminho no Palmeiras, o "xerife" tinha esperança de continuar. Mas recebeu recados que o melhor seria procurar outra equipe. Foi sondado para atuar na China. Nobre avisa que irá ajudar como puder na transferência. Abre mão de qualquer quantia para o zagueiro seguir sua vida. Mas por enquanto não houve acerto. Se não fechar com outra equipe, Lúcio sabe. Tem ainda mais um ano de contrato. Recebe R$ 250 mil mais bônus por produtividade. Por uma questão de respeito, o Palmeiras divulga que foi o pentacampeão mundial quem pediu para não continuar. A intenção é não manchar sua imagem. Ele realmente se dedicou ao máximo pelo clube. Mas infelizmente teve um inimigo maior do que a sua raça, sua entrega. A idade. Foi por isso que acabou saindo da Inter de Milão. Praticamente não jogou na Juventus. Perdeu sua posição no São Paulo. Não tem do que se envergonhar. Fez o que pôde no Palestra Itália. Só que o péssimo time do centenário deixou mais escancarada a sua falta de recursos físicos. Sua carreira foi maravilhosa. Porém, graças à sua passagem no Palestra Itália, Nobre está tão resistente à chegada de Réver. Quer ter a absoluta certeza que o zagueiro do Atlético Mineiro chega na plenitude de sua forma. O dirigente palmeirense descobriu na prática que um "xerife" precisa ir muito além do que cobrar os companheiros, discutir com árbitros, intimidar adversários. Tem de fazer o básico. Ter condições para jogar futebol de forma convincente, firme. Infelizmente não é mais o caso de Lúcio. Não no Brasil, muito menos na Europa. Talvez na China. Talvez...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 08 Jan 2015 11:58:58

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