sábado, 13 de setembro de 2014

Odílio Rodrigues deixou escapar o que todo santista deseja. Um estádio maior, moderno, digno da importância mundial do clube. Mas nunca poderia associar a palavra 'vergonha' com a Vila Belmiro...

Odílio Rodrigues deixou escapar o que todo santista deseja. Um estádio maior, moderno, digno da importância mundial do clube. Mas nunca poderia associar a palavra 'vergonha' com a Vila Belmiro...




"A Vila Belmiro é um estádio de acesso ruim, não tem onde estacionar, você não tem conforto, você não dá segurança. Eu tenho vergonha. Gostaria de receber os presidentes de outros clubes lá, eu sei que eles vão ter que ficar num lugar lá e os caras (torcida) vão ficar xingando eles. Isso não é legal para o futebol. "Se colocar isso (no ar) eu vou dizer que é mentira." E deu uma gargalhada. O presidente do Santos, Odílio Rodrigues, mostrou ao vivo, na tevê o que pensa do histórico palco santista. A "vergonha" que sente diante de um acanhado estádio diante das novíssimas e superfaturadas arenas que estão espalhadas pelo país. E mais: criticou a falta de ter camarotes com acesso privativos onde os dirigentes adversários não fiquem à mercê de vândalos infiltrados na torcida santista. Ou treinadores adversários escapem de cusparadas devido à proximidade dos alambrados. Em seguida, avisou o que faria se tudo fosse mostrado nas televisão. Diria que nunca falou o que havia acabado de dizer. Só que se esqueceu que estava ao vivo na ESPN Brasil. Sim, ao vivo. Não havia o que desmentir. Conselheiros da oposição, da situação, torcedores, ex-jogadores, ex-presidentes, membros do Comitê Gestor ficaram revoltados. Como um presidente do Santos tinha a coragem de dizer na tevê que sentia "vergonha" da Vila Belmiro? Estádio histórico onde o melhor jogador do mundo consagrou o clube com conquistas inesquecíveis. Pelé teve a companhia de atletas inesquecíveis como Coutinho, Pepe, Zito, Clodoaldo, Dorval, Carlos Alberto, Gilmar, Mengálvio, Mauro, Almir Pernambuquinho.

O estádio também foi berço dos saudosos meninos da Vila. Juari, Pita, Nilton Batata, João Paulo. Veio o time campeão do País de 2002, com Robinho e Diego. E foi no gramado grudado aos alambrados onde também nasceu o melhor jogador do Brasil desde Ronaldo e que brilha no Barcelona: Neymar. A cólera pelas palavras de Odílio provocou revolta. O Santos vive uma cizânia política absurda. Com acusações gravíssimas entre representantes da situação e da oposição. Com direito a carteirinhas de sócios fantasmas devidamente registradas. Al Capone, Augusto Pinochet, Vito Andolini, o don Corleone do filme "O Poderoso Chefão" estavam entre vários personagens nada edificantes que fariam parte de seis mil inscrições "frias" no clube. Fora as inúmeras críticas pelo envolvimento com a Doyen Sports, empresa de apostas on line. Ela está por trás das contratações de Leandro Damião, Rildo, Lucas Lima. O homem que levou a MSI para o Corinthians, Renato Duprat, é o responsável pela criticada parceria. Odílio tenta abafar, mas sabe que a estranha venda de Neymar para o Barcelona continua despertando ira em conselheiros. E terá um peso enorme na eleição presidencial marcada para o dia 6 de dezembro. Situação e oposição trocam acusações das mais pesadas. O caro time não consegue render no Brasileiro. Quando apresentou jogadores caríssimos como Leandro Damião e Robinho, o presidente falava em ganhar títulos. Só que os resultados são pífios. Tanto que não teve dúvida em despachar Oswaldo de Oliveira, técnico que contratou garantindo ser um dos melhores do país. O clube ocupa hoje apenas a décima colocação. Acumula seis derrotas nas seis últimas partidas jogadas fora. Tem como treinador Enderson Moreira que disse ontem não se preocupar com o torcedor, depois de perder por 3 a 1 para o Sport.

A Santos já estava um caldeirão prestes a explodir. Odílio Rodrigues acendeu o pavio. Ao assumir publicamente a vergonha que sente pela acanhada Vila Belmiro. Rodrigues se expressou da pior maneira possível. Mas falou o que muita gente importante e mesmos torcedores acreditam em relação ao estádio. A história é belíssima. A arena nasceu em 1916 e se tornou um dos lugares mais antigos no país para assistir futebol. Só que o tempo passou. Santos progrediu como cidade. Ela ficou encalacrada de casas e ruas estreitas. Já foi remodelada diversas vezes. Não há onde para onde crescer. Nem sonhar com estacionamento. O acesso é problemático. Falta conforto, modernidade. O contraste fica mais chocante com os novos estádios da Copa de 2014. O Santos pela sua importância mundial e por sua torcida merece uma nova arena. Há muitos e muitos anos. Isso é algo indiscutível. Vários e vários projetos foram abortados no nascimento. Tanto como dirigentes corintianos queriam sair do Parque São Jorge, comandantes santistas sonharam com nova casa. Diadema, São Vicente, Cubatão foram cidades que já estiveram na mira. Mas os projetos nunca saíram do papel. Assim como assumir de vez o Pacaembu como sua nova casa, as diretorias sempre enfrentaram adversários terríveis para virar as costas à Vila Belmiro: os conselheiros. A grande maioria mora em Santos e não quer nem imaginar a equipe jogando longe do estádio quase centenário. É uma mistura de egoísmo, provincianismo e falta de visão. O Santos é muito maior do que esses conselheiros donos de suas cadeiras no Urbano Caldeira acreditam. É preciso crescer. Essa é uma realidade indiscutível. O mundo moderno não permite que o clube se sacrifique para montar uma grande equipe. Traga de volta um ídolo como Robinho. E faça a partida de seu retorno para 12.329 pessoas. Absurdo desperdício de dinheiro. Não é por acaso que o clube não tem patrocínio master na sua gloriosa camisa há um ano e nove meses. A impressão que a diretoria passa a investidores é que o Santos é dos conselheiros. Para que possam ir de bermuda branca e óculos escuros se divertir nos fins de semana ver o time jogar no quintal de seus casas. Os conselheiros santistas evitar que o Santos possa crescer é uma situação. Outra é dizer que tem "vergonha" da Vila Belmiro. Isso nunca. Um estádio cuja memória fabulosa deve ser preservada acima de tudo. Sua história tem de ser preservada. Um presidente nunca pode se sentir envergonhado recebendo quem quer que seja no templo onde Pelé e tantos outros jogadores fabulosos brilharam.

Odílio Rodrigues não poderia ser mais infeliz. Como havia prometido, sem perceber que suas declarações eram ao vivo, ele tentou desmentir o indesmentível. "Venho esclarecer que nunca disse e muito menos senti vergonha da nossa Vila Belmiro em momento algum da minha vida. Pelo contrário, tenho orgulho por tudo o que ela representa para cada um de nós santistas e para o futebol brasileiro. Uma declaração minha, dita ontem (terça) no programa da ESPN, foi usada fora de contexto e de forma indevida por alguns veículos de comunicação. Quando disse tenho vergonha, em hipótese alguma me referi ao estádio. Eu explicava que muitas vezes nós recebemos os presidentes de outros clubes, em dias de jogos, e por não termos um acesso diferenciado, os presidentes acabam sendo xingados pelas torcidas enquanto se dirigem aos camarotes. Já recebi inclusive queixas de muitos presidentes pelo local destinado a eles na Vila Belmiro. Ainda complementei: isso não é bom para o futebol." Torcedores e conselheiros não aceitaram sua justificativa. Tanto que haverá protestos hoje contra o presidente na partida contra o Coritiba. Mas a verdade é uma só. Odílio quer o que muitos sonham: um palco mais decente, lucrativo, confortável para o grande Santos e sua torcida. Não o atual, encalacrado, sufocado, pequeno. Mas usou as piores palavras possíveis. Que só fortaleceram o provincianismo de egoístas conselheiros. Aqueles que enxergam a acanhada Vila Belmiro como mera extensão de suas casas...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 13 Sep 2014 08:16:49
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