terça-feira, 9 de setembro de 2014

Patricia Moreira da Silva e seu advogado foram ao programa errado da Globo. Se encontrar com a jornalista errada. Fátima Bernardes não se submeteu. Desmontou a ridícula defesa da gremista que chamou Aranha de macaco...

Patricia Moreira da Silva e seu advogado foram ao programa errado da Globo. Se encontrar com a jornalista errada. Fátima Bernardes não se submeteu. Desmontou a ridícula defesa da gremista que chamou Aranha de macaco...




Como era previsível, Patricia Moreira da Silva foi se defender. Procurou abrigo onde seu advogado Alexandre Rossato acreditou ser mais seguro: a TV Globo. Muitas pessoas que chocaram a sociedade brasileira já se justificaram na emissora. A estratégia foi antecipada no blog quando, na sexta-feira, ela fez um depoimento de 61 segundos. E não respondeu a qualquer pergunta. Deixou para responder hoje, no Rio de Janeiro, e escolheu o programa errado, Encontro com Fátima Bernardes. Fátima é uma jornalista consagrada, íntegra. Tem uma história importante como repórter e apresentadora. Não iria se submeter a perguntas que serviriam para proteger uma mulher de 23 anos que chamou um jogador negro de macaco. Seria degradante. Patricia percebeu desde os primeiros segundos que estava no lugar equivocado. Sempre educada, Fátima Bernardes mostrou toda a inconsistência das respostas decoradas de Patricia. A desarmou com sutileza incrível. Suas perguntas fugiram do script. Tiraram facilmente a cortina que a torcedora tentava tecer para se proteger. Principalmente a que não gritou "macaco" para Aranha. O Grêmio perdia por 2 a 0, o goleiro fazia sim cera. E ela se lembrou do rival Internacional e decidiu gritar macaco. Bobagem sem nexo que ficou escancarada. A estratégia de Patricia foi então dizer que estava gritando porque todos estava gritando. "Foi um impulso." Se deixou levar pela emoção. Se for assim, muitos e muitos crimes que acontecem no mundo devem ser deixados de lado. Por coincidência, ou não, quantas e quantos criminosos alegam que foi por forte emoção. "Não foi especificamente para ele. Foi no calor do jogo. Meu time estava perdendo. Nunca vi meu time ganhar nada. Não falei macaco para ofender." O silêncio dos convidados do programa mostrava a inconsistência das respostas. A torcedora não falava nada com nada. Nervosa, buscava lembrar algumas frases que a ajudassem legalmente. As queria aplicar de qualquer maneira. E elas ficavam sem sentido, soltas. Cada segundo a mais, mais ela ficava comprometida. Disse que se assustou ao sair do estádio e várias mensagens chegarem no seu celular. Diziam que havia sido vista chamando Aranha de macaco. Ela deixou claro que se assustou porque não imaginou que seria flagrada. Ou seja, pensou que não havia motivo para se preocupar. Se comprometia e não percebia. O fato de estar perto de Fátima Bernardes, falando para todo o Brasil, mexeu com seu ego. Patricia se animou e confessou contente o motivo que a fez virar gremista. "Fui comprada por uma bicicleta", revelou. Ela torcia para o Internacional, mas seu padrinho prometeu uma bicicleta para virar gremistas. E aos sete anos, virou. Pensou que ganharia a simpatia de Fátima com mais essa bobagem. Errou.

A apresentadora continuou fiel ao seu passado. E a encheu de perguntas constrangedoras. Como se ela ficaria ofendida se visse um amigo negro seu sendo chamado de macaco. Ela disse que sim. Patricia percebeu aos poucos onde havia se metido. Os próprios artistas que estavam no programa mostravam desconforto com sua presença. Ela tinha de tomar alguma atitude. Foi quando Fátima perguntou sobre sua família, que ela se emocionou de verdade. Sabe todo o mal que sua atitude racista na quinta-feira fez para seus pais, familiares. Se lembrou da casa apedrejada. E, ironia das ironias. Quem chamou Aranha de macaco revelou que hoje, sem poder voltar para casa, vive "de galho em galho". Patricia mostrou outra vez que parece mais preocupada com o Grêmio do que com Aranha. Disse que não concorda com a eliminação de "sua paixão, sua vida", da Copa do Brasil pelas demonstrações de racismo no estádio. E avisou que se a legislação já previsse esse tipo de punição, com os clubes pagando por atos de seus torcedores, agiria diferente. "Se eu soubesse que poderia prejudicar o Grêmio assim, pensaria melhor." Instigada a falar sobre Aranha por Fátima, Patricia repetiu o que parecia decorado. E sem o menor entusiasmo. "Eu quero que ele (Aranha) conheça a pessoa que eu sou e não a torcedora que ele viu naquele momento." Ou seja, ela é uma pessoa fora da arena do Grêmio e outra fora. Ela só deixou ainda mais explícito o que muitos pensam. Como se dentro de uma arena tudo fosse permitido. Confessou o que está sentindo com toda a situação. "Me sinto arrependida e com medo também, estou sendo ameaçada." Tentou posar de vítima, como se ela mesma não tivesse provocado a situação. Mas Fátima logo cortou esse caminho. A ida de Patricia Moreira da Silva ao Encontro com Fátima Bernardes foi um desastre. Ficou nítido que Fátima Bernardes buscava as perguntas que mais interessava à jornalista premiada que é. Não tentou agradecer a preferência de Patricia e seu advogado com questões leves, que facilitassem a sua vida. Pelo contrário. Mostrou a inconsistência de sua defesa. Uma mulher de 23 anos no pleno gozo de suas faculdades mentais. Gritou "macaco" para Aranha porque quis fazer. Ninguém a obrigou. Assim como escolheu a foto que mantinha em uma das suas redes sociais. E que Fátima Bernardes e muitos artistas que estavam no seu programa devem ter visto.

A Polícia do Rio Grande do Sul já ouviu 11 pessoas até agora. E já antecipou que cinco serão indiciadas por injúrias raciais. Evidente que Patricia é uma delas. Os gritos de macaco foram filmados pelas câmeras da ESPN-Brasil. O crime prevê de um a três anos de prisão. Mas como Patricia não tem antecedentes criminais deverá, se punida, cumprir serviços comunitários. Fátima Bernardes perguntou a Patricia o que ela "aprendeu" com a situação. "Eu aprendi a respeitar o próximo. A não ser Maria vai com as outras. Que a minha família é a coisa mais importante. Sei quem são meus amigos e que não são..." Quando se esforçava para se emocionar, Fátima a cortou. E perguntou se o seu comportamento vai mudar daqui para a frente. E não iria mais xingar ninguém mais de macaco. Patricia ficou séria e respondeu, seca. "Vai." Mas ainda havia algo. Patricia pediu para falar. "Quero pedir desculpas para a comunidade negra. Desculpas para as pessoas que se sentiram ofendidas..." Quando outra vez estava se emocionando, Fátima a cortou. "Eu acho ótimo. É importante para você mesma, para que possa se reconstruir a partir disso." Patricia fingiu que não ouviu. Tentou pela última vez ir pelo caminho da emoção. "Quero agradecer também às pessoas que estão me ajudando. Perdi o meu emprego..." Mas Fátima não deixou que tentasse impressionar quem assistia ao programa. A calou com toda classe. "Tá bom. Quero agradecer sua presença aqui. Muito obrigado." Assunto encerrado. Patricia definitivamente percebeu que o abrigo não era tão confortável assim. Fátima Bernardes teve uma atitude digna diante do "privilégio" da exclusiva. Respeitou sua carreira, sua história e principalmente os telespectadores. Não os tratou por idiotas. Não se serviu como "escada" para as justificativas de uma mulher de 23 anos que xinga um jogador negro de macaco. Uma lição de jornalismo à própria TV Globo...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Sep 2014 16:52:14
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