domingo, 14 de setembro de 2014

São Paulo e Cruzeiro no Morumbi. Mais do que a briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Um jogo para acalentar os olhos e o coração de quem ainda insiste em amar esse tal de futebol...

São Paulo e Cruzeiro no Morumbi. Mais do que a briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Um jogo para acalentar os olhos e o coração de quem ainda insiste em amar esse tal de futebol...




A partida vai muito além do óbvio jogo entre os primeiros e segundos colocados. Todos sabem que será o confronto do time mais moderno contra o mais talentoso. O São Paulo entra em campo tentando salvar a competitividade do Brasileiro. Evitar que o atual campeão dispare de vez na liderança, alcance 49 pontos, fique a dez de distância dos paulistas, segundos colocados. E esvazie ainda mais a briga pelo título na 21ª rodada do campeonato. Em um torneio por pontos corridos, não há final. Mas sim vários jogos decisivos, fundamentais na caminhada pelo título. Na matemática três pontos são iguais a três pontos. Mas na guerra psicológica, nos corações dos jogadores e dos treinadores, não. Há um clima de confiança maior quando há a vitória sobre um grande adversário, derrubar ou cair diante de um rival tem consequências. Influenciam na caminhada. Marcelo Oliveira e Muricy Ramalho fazem questão de tentar não passar essa responsabilidade. Amenizam o confronto como podem. Apelam para o discurso que toda vitória contabiliza três pontos na tabela. Mas sabem que não é assim. Os treinos antecipando o confronto do Morumbi foram diferentes, a concentração mais intensa. O São Paulo sabe da obrigação de derrubar o líder e favorito ao bicampeonato na sua casa, com 60 mil torcedores apoiando. O Cruzeiro tem a convicção que se conseguir se impor, os horizontes ficarão abertos de vez. O futebol brasileiro já estava carente antes da Copa do Mundo. Depois do 7 a 1 da Alemanha, tudo ficou pior de vez. Então, com a colaboração da parte da mídia que atua como promotora dos jogos, o São Paulo ganhou um "quarteto mágico": Kaká, Ganso, Alan Kardec e Pato. São jogadores técnicos, diferenciados mas de "mágicos" não têm nada. O batismo é inspirado em Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e o próprio Kaká de oito anos atrás. Os "mágicos" atuais no Morumbi precisam ser vistos de bem mais perto: Alexandre Pato está tentando provar que merece voltar ao futebol europeu há dois anos e não consegue. Luta contra uma instabilidade assustadora. Ganso tem talento reconhecido, mas parece jogador da década de 60, quando havia mais espaço para jogar, menos combatividade. Alan Kardec aprendeu, entendeu futebol na sua passagem na Europa, tem visão, seu futebol está mais competitivo, efetivo, mas carece de velocidade. Aos 32 anos, o carismático Kaká atua com o coração. As contusões no joelho e no púbis lhe atrapalharam, roubaram as arrancadas fabulosas. É um exemplo de atleta dedicado, mas não tem o mesmo desempenho de anos atrás. Tanto é assim que não tem mercado mais na Europa e vai para os Estados Unidos em 2015. Para o futebol brasileiro com clubes que devem juntos mais de R$ 6 bilhões, são jogadores sensacionais, muito acima da média. E com potencial para repentes que podem desequilibrar qualquer partida. E que tornam o São Paulo muito forte do meio para a frente. O problema é do meio para trás.



O time de Muricy sofre demais com sua zaga instável. Um jogador desprezado pela torcida fará muita falta: o limitado Paulo Miranda equilibra a defesa, atuando com terceiro zagueiro ao lado de Tolói e Edson Silva. Ele é o melhor cabeceador, mas contundido, obriga o time improvisar Álvaro Pereira com esse terceiro zagueiro pela esquerda, quando o time é atacado. Se ele não conseguir se recuperar de problemas físico, Michel Bastos ocupara o setor. A equipe ganha no ataque, na composição do meio de campo, mas perde na defesa. Principalmente pelo alto. O São Paulo tem mais talento. O Cruzeiro é mais equipe. Marcelo Oliveira soube escolher cada peça, otimizar o potencial de cada jogador em benefício do time. Desde os tempos em que trabalhava no Coritiba, o treinador era influenciado pelo futebol europeu. No preenchimento dos espaços, na compactação do time, na recomposição sem a bola. Velocidade nos contragolpes pelas beiradas do campo. E muito treinamento nas bolas aéreas. Nada é por acaso. O único jogador que o clube comprou que teve ataque de estrelismo, foi logo despachado: Diego Souza. O Cruzeiro é o atual campeão brasileiro atuando como europeu. Com correria, vibração e coragem. Fugiu da fórmula desgastada e batida de tentar vencer seus jogos de qualquer maneira em casa e lutar por um empate na casa do adversário. A equipe tenta, na maior parte do jogo, atuar fora como se estivesse em casa. Ou seja, buscando vencer. A obediência tática em vez do brilho individual fizeram que jogadores desprezados como Everton Ribeiro, Marcelo Ribeiro, Willian, Nilton, Henrique fossem ao máximo. Mostrassem potencial que até mesmo eles desconhecessem. Fora a confirmação de Dedé, Ricardo Goulart, Alisson. Fora a dedicação exemplar de veteranos como Fábio, Júlio Baptista e Dagoberto. Discretamente, o Cruzeiro tem o melhor elenco do Brasil. Onde há peça de reposição no banco com potencial próximo do titular.

O fato de o jogo ser no Morumbi leva o aspecto emocional para o São Paulo. Sua inflamada torcida vai tentar empurrar com gritos o time. Sonhando com uma enfiada de bola inesperada de Ganso, um desvio de cabeça de Kardec, um chute oportunista de Pato, a presença imponente de Kaká. O Cruzeiro terá a seu favor os espaços que o adversário deixará, já que tem a obrigação de tentar vencer. Contragolpes em velocidade podem ser tão ou até mais ofensivo do que manter a bola no ataque. Muricy Ramalho e Marcelo Oliveira disputam um duelo à parte. Com a instabilidade de Dunga e dos jogadores brasileiros atuais, nunca se sabe o que vai acontecer com a desacreditada Seleção. Vencer um confronto desses sempre é bom para dois candidatos em potencial para comandar o Brasil. De longe, São Paulo e Cruzeiro será um dos jogos mais importantes deste Brasileiro de 2014. Neste cenário de terra arrasada do futebol brasileiro, a equipe mais técnica, mais talentosa diante da mais eficiente, mais moderna. O Cruzeiro não tem impressionantes 76,7% de aproveitamento por acaso. Assim o São Paulo 65%. Os mineiros com o melhor ataque da competição, marcaram 43 gols e os paulistas, os segundos 35. São merecidamente o líder e o vice líder neste longo torneio de pontos corridos. O jogo não decide o título, mas terá importância fundamental nas próximas 17 rodadas. Para uma população tão angustiada depois do vexame da Copa do Mundo disputada na sua casa, o jogo é imperdível. Pode acalentar os olhos e o coração de quem ama o futebol...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Sep 2014 11:18:23
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