terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Dilma Rousseff desta vez merece palmas. Travou a indecente anistia de R$ 4 bilhões de dívidas fiscais aos clubes. Não premiou a irresponsabilidade, a incompetência dos dirigentes brasileiros...

Dilma Rousseff desta vez merece palmas. Travou a indecente anistia de R$ 4 bilhões de dívidas fiscais aos clubes. Não premiou a irresponsabilidade, a incompetência dos dirigentes brasileiros...




Motivos não faltam para criticar o governo brasileiro. A desigualdade continua firme. Muitos olhos importantes são fechados para a corrupção. O caso Petrobrás é um dos maiores escândalos do planeta. O país está vivendo enorme recessão. Ontem houve um apagão de 50 minutos em grande parte do país. A distribuição dos ministérios. como sempre acontece, seguiu interesses partidários. Favores para manter a base com o partido do governo. A violência continua assustadora. A verba reservada à Educação é vergonhosa diante da necessidade. O descaso com a Saúde é inaceitável. Impostos são aumentados sem o menor critério. A falta de planejamento em relação à crise hídrica passa dos limites da sanidade mental. A presidente Dilma Rousseff acaba personalizando erros, escândalos, indecências cometidos em um país continental. É o ônus de quem assume ter capacidade para comandar o Brasil. As críticas merecidas são diárias. Até no esporte. O que houve na Copa do Mundo do ano passado refletirá por décadas. Os elefantes brancos erguidos em Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília não param de trazer a conta. O país ficou de joelhos para a Fifa, que levou R$ 4 bilhões de lucros sem pagar imposto por organizar uma competição de um mês. A Olimpíada também segue o mesmo rumo dos atrasos. Das obras que, do dia para a noite, têm seus preços multiplicados por dez. Tudo é deixado para a última hora de maneira criminosa, como aconteceu com a Copa do Mundo. Dilma tem esses e muito mais pecados para pagar. Mas a presidente merece hoje todos os aplausos. No final da noite de ontem, ela tomou uma atitude que muitos duvidavam. Ela vetou o indecente perdão de R$ 4 bilhões de dívidas para os irresponsáveis clubes brasileiros. Disse não ao artigo 141 da Medida Provisória 656/14. O artigo previa o parcelamento em 20 anos das dívidas fiscais dos clubes sem qualquer contrapartida. Com desconto de 70% nas multas e de 50% nos juros. Sem contrapartida.

Dilma enfrentou a Câmara dos Deputados e o Senado que aprovaram esse favorecimento. Políticos interessados nos votos dos torcedores nas próximas eleições não tiveram constrangimento. E aprovaram de maneira sorrateira esse perdão de R$ 4 bilhões. O artigo iria premiar administrações irresponsáveis, incompetentes e até algumas corruptas que dominaram os grandes clubes deste país. A CBF também queria o perdão aos clubes. José Maria Marin e Marco Polo del Nero queriam que o governo arcasse com as dívidas das equipes. O Sindicato Nacional dos Atletas também pressionava em favor dos incompetentes. Enquanto qualquer cidadão ou empresa precisa arcar com seus impostos, deputados, senadores, sindicalistas e a cúpula da CBF defendiam privilégio absurdo aos clubes. Eles conseguiram acumular R$ 4 bilhões em dívidas fiscais. A pressão sobre a presidente foi enorme. Muita gente tentou se aproveitar da sua total falta de intimidade com o esporte. Mas felizmente ela ouviu representantes do movimento Bom Senso FC. Eles insistiram com Dilma. Se houvesse o perdão, os clubes precisavam dar algo significativo em troca. Como o fair play financeiro. Ou seja, punições exemplares a equipes que atrasam salários ou simplesmente não pagam seus jogadores. E algo que os presidentes das equipes não querem ver aprovado de maneira alguma: a responsabilidade fiscal das dívidas. Ou seja, um dirigente que causasse grande dívida ao clube teria de arcar o prejuízo com seus bens e dinheiro. Políticos tentaram amenizar. Em vez de responsabilidade fiscal, a criação de um programa de incentivo ao esporte olímpico. Ou seja, arrumavam sempre uma maneira de preservar os incompetentes dirigentes brasileiros. Dilma Rousseff foi firme. Com o país vivendo uma recessão enorme seria ultrajante anistiar R$ 4 bilhões de dívidas fiscais dos clubes. Sem nada em troca. Seria premiar a incompetência, a irresponsabilidade e a corrupção. A negativa obrigará que os políticos que defendem os clubes criem novo projeto para a anistia. Desta vez dando em troca a responsabilidade fiscal. É isso que representantes do Bom Senso convenceram Dilma a exigir. O país amanhece mais leve. Com inúmeros problemas, escândalos. Só que desta vez a presidente merece o reconhecimento. Dilma Rousseff acertou em cheio no veto. Mais do que os R$ 4 bilhões terrível seria o exemplo. A premiação à má gestão de décadas dos clubes. Lógico que a "Bancada da Bola", políticos que defendem os clubes e a CBF em Brasília, irá reagir. Protestar. Mas terá de engolir a derrota. E bolar outro projeto para a anistia. Só que, como provou ontem à noite, Dilma está vacinada. Um dos artigos mais indecentes de 2015 foi barrado. A presidente cumpriu muito bem o seu papel. E hoje merece ser aplaudida...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 20 Jan 2015 02:49:19

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