sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Corinthians quer a suspensão do clássico por veto à sua torcida. Palmeiras acelera a venda de ingressos. Ninguém pode garantir que o jogo acontecerá. É a vitória do caos...

Corinthians quer a suspensão do clássico por veto à sua torcida. Palmeiras acelera a venda de ingressos. Ninguém pode garantir que o jogo acontecerá. É a vitória do caos...




Uma interessante corrida acontece. E coloca a diretoria do Corinthians contra a do Palmeiras. Mario Gobbi pediu e o seu departamento jurídico entrou com uma ação contra a determinação de torcida única. Ele quer a liberação dos torcedores para o clássico de domingo contra o Palmeiras. Como a ação não deverá ser julgada até o jogo, o Corinthians quer a suspensão da partida. Do outro lado, feliz com a determinação da FPF e certa que a partida acontecerá, a cúpula do Palmeiras negocia a todo o vapor os ingressos para o jogo. Até ontem, nove mil sócios-torcedores conseguiram comprar suas entradas. O número total já chegaria perto de 20 mil ingressos até o meio-dia de hoje. Com isso já estaria estabelecido um conflito jurídico enorme, caso a partida seja suspensa. Quem comprou os ingressos poderia processar a Federação Paulista ou o Palmeiras no Procon. A entrada determina que o jogo aconteça no domingo dia 8 de fevereiro, às 17 horas. Conselheiros corintianos sabem o temor de Gobbi. O medo maior é que aconteça o efeito cascata. A Federação Paulista já determinou que a medida valerá também para eventuais clássicos no Itaquerão. Nada de palmeirenses. Com o clube envolvido na enorme dívida para pagar o estádio, a paúra está na possibilidade da medida ser efetivada. Valer daqui por diante. E estendida para são paulinos e santistas. Seria a certeza de perda de dinheiro. Dirigentes e conselheiros já ouviram que torcedores endinheirados pretendem repetir o que fizeram na Libertadores de 2013. Quando, apesar de a Conmebol proibir corintianos no Pacaembu, como punição pela morte de Kevin Spada na Bolívia, a medida foi desrespeitada. A Justiça Comum prevaleceu e quatro torcedores assistiram ao jogo contra o Milionários. A Conmebol não quis correr o risco de ser desmoralizada e o Corinthians pôde atuar com o apoio de seus torcedores. Ninguém no Parque São Jorge desestimulará torcedores ricos, que podem pagar advogados, para entrarem no novo estádio palmeirense.

Mas é preciso que existam ingressos. É justamente aí que a cúpula palmeirense trabalha. A diretoria lamentou demais o fato de o time haver perdido ontem para a Ponte Preta. Não pelo Campeonato Paulista, em si, já que há a certeza de classificação para a fase final. Mas pelo desestímulo aos torcedores. O sonho era ter todos os ingressos vendidos ainda nesta sexta-feira. O que não deve ocorrer. Com a determinação da FPF, o estádio mostrará nova configuração nas arquibancadas. Para abrigar os 1.800 corintianos, o Palmeiras perderia cinco mil lugares. Para facilitar o trabalho dos policiais. Sem os rivais, serão seis mil lugares a mais para a torcida da casa. Se estes lugares forem negociados, não haverá um lugar específico para os corintianos. Assim, mesmo que alguns consigam liminares na justiça, terão de sentar no meio de palmeirenses. Seria um caos para o policiamento. E muito arriscado. Há a certeza que os corintianos não iriam arriscar sua integridade física. Como estímulo para os palmeirenses comprarem seus ingressos, Oswaldo de Oliveira colocará em campo os jogadores têm de melhor. E em condições. Zé Roberto foi poupado ontem para estar em campo no domingo. Dudu deverá ser titular. Valdivia segue como grande dúvida. Suas chances de estar em campo são remotas. Arouca também não deve atuar, o que seria uma grande atração. Houve uma reunião hoje entre o policiamento e as organizadas dos dois clubes. Ficou muito claro para os soldados que a medida imposta pelo Ministério Público à Federação Paulista de Futebol foi a ideal. Facilitará o trabalho da PM e evitará confrontos. Havia um grande medo em relação às ruas estreitas que cercam a nova arena. Seria um terrível para os PMs protegerem os corintianos. Tanto na chegada como na ida. Nestas ruas, os bares servem como sedes improvisadas das organizadas mais violentas do Palmeiras.

A Federação Paulista garante que não voltará atrás. A medida está tomada. O Ministério Público acompanhará de perto o que acontecer no clássico. Se não houver conflitos, como os promotores esperam, a medida poderá sim valer para os outros jogos entre os grandes. E São Paulo seguir o exemplo de Minas Gerais. Há cinco anos, a medida de torcida única foi tomada. As autoridades celebram o acerto da medida. "Houve muita resistência no início. Até hoje a torcida que fica de fora do jogo reclama. Os benefícios, no entanto, são claros. Ausência de brigas, saques e confrontos nos estádios." A declaração é do major Gilmar Luciano, da PM mineira à Folha. Os policiais paulistas estão animados. Acreditam que os confrontos no metrô, nos terminais de ônibus e trens não deverão ocorrer. O grande medo nos confrontos entre times grandes em São Paulo. Também celebram o fato de não precisar escoltar os 1.800 corintianos que deveriam ao estádio. A escolta aconteceria pelas ruas até a Água Branca. E deveria envolver 180 policiais. Com uma torcida só, muitos ficarão liberados do jogo para trabalhar protegendo a população.

A decisão da justiça em relação ao pedido de Gobbi deve acontecer a qualquer momento. Por enquanto o jogo está confirmado. Os ingressos onde deveriam ficar a torcida corintiana já estão sendo vendidos aos palmeirenses. Mesmo se a partida for suspensa, quando o clássico acontecer, não haverá como separar os torcedores dos dois rivais. Assim começa o futebol brasileiro em 2015. Com uma enorme e desmoralizante confusão. No Rio Grande do Sul, logo após São Leopoldo e Aimoré, houve um confronto entre organizadas marcado pela Internet. Policiais matam, com tiros pelas costas, o adolescente Maicon Douglas de Lima. Aos 16 anos, o garoto perdeu a vida. No Rio de Janeiro, a torcida do Flamengo invadiu o vestiário do Macaé e bateu no goleiro Ricardo Berna. Agora o caos domina Palmeiras e Corinthians. Sexta-feira à tarde e ninguém pode garantir que a partida acontecerá ou não. Assim começa 2015. Morte,agressão, processo na Justiça Comum, ameaças de ida ao Procon. Essa é a triste realidade do futebol brasileiro...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Feb 2015 13:41:58

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