quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Há como o São Paulo se impor, ganhar do Corinthians. Vai depender de Muricy. Ele precisa ser ousado, mudar o esquema tático. Esquecer a diverticulite, a prudência. Voltar a ser Muricy...

Há como o São Paulo se impor, ganhar do Corinthians. Vai depender de Muricy. Ele precisa ser ousado, mudar o esquema tático. Esquecer a diverticulite, a prudência. Voltar a ser Muricy...




Há um clima de muita preocupação no São Paulo. Dirigentes, conselheiros não falam sobre outra coisa. Até o confronto de egos entre Carlos Miguel Aidar e Juvenal Juvêncio fica em segundo plano. A grande preocupação é a apatia do São Paulo diante do Santos. Se não fosse a atuação excepcional de Rogério Ceni, o time poderia até sair goleado da Vila Belmiro. O medo é o que Muricy Ramalho vai fazer para o clássico contra o Corinthians, na Libertadores, quarta-feira no Itaquerão. Há o que fazer para surpreender e ganhar do favorito e empolgado time de Tite, atuando em casa? Vai depender de Muricy. O treinador, que tem se mostrado apático, preocupado depois do segundo ataque de diverticulite, precisa reagir. Ele continua contido, diferente do que sempre foi. Tenso tanto pela saúde quanto a Libertadores. O treinador sabe, já foi cobrado publicamente por Carlos Miguel. O São Paulo precisa do título da competição. Ao menos fazer uma excelente campanha. O dirigente está fazendo o máximo para fechar o contrato de patrocinador master. Está difícil encontrar uma empresa disposta a colocar mais de R$ 25 milhões no peito do uniforme tricolor. Além da crise internacional, recessão, as últimas campanhas não animam. Por mais que o treinador venha repetindo que conseguiu o vice campeonato brasileiro, isso não convence publicitários. Cair na primeira fase, no grupo da Morte, com Corinthians e San Lorenzo encerraria o objetivo do São Paulo em 2015. Seria um vexame de enormes pretensões no Morumbi. Com a primeira consequência no questionamento constante em relação a Muricy Ramalho. O presidente deu ao técnico as duas peças que faltava. Um zagueiro canhoto, Dória. E um atacante velocista e bem mais inteligente que Osvaldo, Centurión. Agora não há mais desculpas para que monte a equipe forte, moderna, corajosa capaz de lutar pelo título da Libertadores. Mas não é por acaso que os conselheiros estão apavorados. O que o time jogou, principalmente no segundo tempo contra o Santos, foi assustador. Ainda mais quando o técnico deixou claro que seria um teste para o clássico diante dos corintianos. Rogério Ceni, Bruno, Rafael Toloi, Lucão e Reinaldo; Denilson, Souza, Ganso e Michel Bastos; Ewandro (Pato) e Luis Fabiano. Esqueça as peças individuais. Mas a maneira que o São Paulo atuou. Mesmo diante do sufoco do leve time santista, Muricy deixou seu time estático taticamente. Distribuído no 4-4-2 ortodoxo. O que só facilitou o trabalho de Enderson Moreira. Denilson e Souza eram os únicos a se desdobrarem na marcação. Michel Bastos correu enquanto teve pernas. Ganso fez sombra. O garoto Ewandro mostrou o quanto está verde. E Luís Fabiano sabe que se correr atrás de volantes, não tem explosão muscular na hora de definir. Os 34 anos pesam. Mas ele é o único atacante de personalidade no Morumbi. Não há como atuar sem ele. Com o adendo que Pato é emprestado pelo Corinthians, não poderá enfrentar a equipe dona dos seus direitos.

Muricy sabe que o seu 4-4-2 está decorado. Virou primário diante da vertente moderna, empolgante que Tite conseguiu levar ao 4-1-4-1. Com movimentação intensa do seu meio de campo. Tanto para atacar como para defender: agrupado, com os atletas atacando e defendendo em bloco. Com a intensidade europeia que tanto se apaixonou. Sua fonte inspiradora é o Real Madrid de Carlo Ancelotti. Há saída tática para o São Paulo surpreender e sair com uma inesperada vitória do Itaquerão? Há. Ela passa por uma revolução não treinada por Muricy. Primeiro o treinador tem de rezar para que Dória esteja bem. O ex-zagueiro do Botafogo desde setembro do ano passado não atua. Contratado pelo Olympique de Marselle sem a autorização do treinador Marcelo Bielsa, ele não jogou. Não ficava nem na reserva do time principal. Atuava no Olympique B. Sem grande destaque.

A saída para o São Paulo pode estar na adotação do esquema que consagrou Muricy no Morumbi. O 3-5-2. Entrar com com três zagueiros: Rafael Toloi, Lucão ou Edson Silva e Doria; Bruno, Denílson, Souza, Ganso e Michel Bastos; na frente, Centurión e Luís Fabiano. Seria uma surpresa e tanto para Tite. O São Paulo estaria muito mais compacto, menos espaçado no meio de campo. Mais seguro sem ser covarde taticamente. Poderá quebrar a espinha dorsal corintiana, com cinco jogadores espalhados pela intermediária. Protegendo a zaga e ajudando nos contragolpes. Muricy fechará os treinos para o clássico. Tem como aprontar essa revolução. O tempo será curto. Mas seu elenco oferece a oportunidade da surpresa, de alteração profunda no fraco desempenho contra o Santos. A modernidade estaria no passado. E sem violentar a maneira com que os jogadores costumam atuar. O que o São Paulo precisaria para apelar a esta postura é o que vem decepcionado. Preparo físico. Os jogadores parecem cansados, pesados demais nos segundos tempo das partidas de 2015. José Mário Campeiz repete que o problema está na pré-temporada puxada que o time realizou. E que só aos poucos os atletas estarão pronto. Só que não há esse tempo. A resposta precisa ser imediata. A previsão do preparador é que, quando a Libertadores começasse, o time estaria muito bem. Resta esperar por quarta-feira. Ou seja, Muricy tem jogadores nas mãos para enfrentar o Corinthians. Há soluções que estão ao seu alcance. O que ele precisa é trabalhar forte, passar confiança, ânimo. Não deixar para Rogério Ceni ir além do que já costuma fazer. Cada vez mais aumenta a participação do goleiro nos vestiários. Só que escalar, mudar esquema tático ainda não estão ao seu alcance.

A missão cabe a Muricy. O treinador que salvou o São Paulo do caminho para o rebaixamento em 2013. Conquistou três Campeonatos Brasileiros. Mas estas conquistas ficaram para trás. O desejo da diretoria é a conquista do torneio cuja eliminação o derrubou em 2009. Ele entra já em xeque na primeira partida. O clássico contra o favorito e moderno Corinthians de Tite. Muricy pediu e tem o elenco que desejava nas mãos. Agora é hora de mostrar se ainda merece a confiança não só de Carlos Miguel, mas de todos os são paulinos. Se soube capitalizar a frase "aqui é trabalho, meu filho", chegou a hora de Muricy esquecer a amaldiçoada diverticulite, abandonar as recomendações médicas para não se estressar. Ele precisa arregaçar as mangas e trabalhar como nos bons tempo. Orientar, cobrar, xingar, praguejar, mas montar o São Paulo competitivo, vibrante, inteligente. Vivido ou,"puta velha" como gosta de falar entre amigos, Muricy sabe o peso que terá o jogo contra o Corinthians. Começar a estar em jogo não só a sobrevivência do São Paulo na Libertadores. Mas a sua própria no Morumbi. Um fracasso no torneio mais desejado pode mudar o seu destino. Até porque Abel Braga e Cuca são nomes que agradam a diretoria há muito tempo...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 12 Feb 2015 16:36:50

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