terça-feira, 17 de março de 2015

Valdivia conseguiu. Fez com que Paulo Nobre e Alexandre Mattos entrassem em choque. O presidente quer a renovação. O executivo faria até as malas e despacharia o meia para o Cruzeiro...

Valdivia conseguiu. Fez com que Paulo Nobre e Alexandre Mattos entrassem em choque. O presidente quer a renovação. O executivo faria até as malas e despacharia o meia para o Cruzeiro...




Mesmo sem jogar sequer uma partida este ano, Valdivia conseguiu. Está em todos as manchetes de sites, jornais. Virou assunto preferido nas rádios e tevês. Tirou o foco do excelente momento financeiro do Palmeiras, com a camisa mais cara do país, R$ 50 milhões, e do clube que mais arrecada no seu estádio na América Latina, mesmo disputando o insignificante Campeonato Paulista. "Ele tem esse dom. Onde o Midas encostava virara ouro. O Valdivia ao contrário. Consegue estragar qualquer ambiente. Conhecer esse sujeito foi a pior coisa que aconteceu na minha vida", desabafa nos corredores do Palestra Itália, Osório Forlan. O desabafo tem origem: ele foi convencido pelo ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. Faria o melhor investimento de sua vida: compraria 36% dos direitos do meia por 2,1 milhões de euros, cerca de R$ 7,3 milhões. Osório sente que jogou dinheiro fora. Como amarga compensação, foi eleito no ano passado conselheiro vitalício. O "dom" apontado por Osório parece estar correto. O meia conseguiu ser o primeiro motivo de discórdia entre Paulo Nobre e Alexandre Mattos. A harmonia, os abraços apertados, os sorrisos cessaram. O executivo de futebol acredita que não compensa renovar contrato com um jogador tão problemático. A diretoria e Oswaldo de Oliveira tem o controle absoluto sobre todos os atletas, menos o chileno.

Mattos mostrou para Nobre os impressionantes números de Valdivia. Nos cinco anos desde que foi comprado a peso de ouro, não entrou em campo nem a metade dos jogos do Palmeiras. O executivo foi firme. Disse que um clube que pretende ser o mais profissional e moderno do país não pode continuar se submetendo. Usou o ponto fraco de Nobre. O presidente palmeirense se orgulha de ter implementado no clube a política da produtividade. Trouxe a ideia do mundo corporativo. Produziu, ganhou. Ficou de fora, não recebe. Nobre cedeu e avisou a Mattos que o contrato oferecido a Valdivia seria por produtividade. Só que o chileno e seu pai, que é seu procurador, foram espertos. Querem uma premiação diferenciada por vitórias, metas que o clube alcançar. Assim uma coisa compensaria a outra. E seu salário de R$ 475 mil seria mantido ou até aumentado, apesar de em outubro completar 32 anos. Mattos não só não quer dar essa compensação. Mas pretende se livrar do meia. Não é blefe. Já deixou vazar a amigos que mantêm na diretoria do Cruzeiro. O clube de Marcelo Oliveira se ressente de um meia talentoso. Já arrumou até um investidor disposto a colocar dinheiro do bolso por esse jogador: o empresário André Cury. O presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, e o empresário desejavam um jogador mais jovem. Com mercado para futura revenda. Mas a situação é emergencial. O atual bicampeão brasileiro faz campanha irregular na Libertadores. Marcelo Oliveira quer desesperadamente um meia talentoso para pensar o jogo. E aceitaria Valdivia de braços abertos.

A direção cruzeirense está desconfiada. Acredita que pode estar sendo usada por Mattos para pressionar o meia por uma renovação. Mas está errada. O executivo vem insistindo com Paulo Nobre que é chegada a hora de o clube acabar com essa estranha dependência. Parar de agir como se só existisse um meia talentoso no mundo. E ele seria Valdivia. Mattos lembrou a Paulo Nobre que monitora outros jogadores que poderiam vir no lugar do jogador. Embora tenha acertado verbalmente com o Flamengo, Montillo é muito próximo do dirigente desde os tempos do Cruzeiro. Ele não seguirá na China no segundo semestre. A negociação pode ser viável. Ele recebe R$ 850 mil no Shandong Luneng. Mas aceitaria redução de salário para atuar de novo no Brasil. O maior sonho de Nobre é completamente impossível. Ele gostaria de ver Conca com a camisa 10 do Palmeiras. Só que o argentino recebe nada menos do que R$ 2 milhões mensais no Shanghai Dongya. E está disposto a ficar por lá até o final de seu compromisso, em 2017. Daí o embate. Nobre continua agindo como um hipnotizado. Se esquece do quanto Valdivia é problemático. Não vê que o meia agiu com toda estratégia ao pedir a desconvocação do Chile para enfrentar Irã e Brasil. A imprensa de seu país noticia que ele teria sido forçado pelo Palmeiras para tomar essa atitude. Jorge Sampaioli foi firme e manteve a convocação. Como as partidas acontecem em datas-Fifa, o clube brasileiro se vê obrigado a liberá-lo. De qualquer maneira, Valdivia adotou ótima manobra ao avisar que não iria defender seu país. E é muito possível que, seus primeiros jogos de 2015 sejam pelo Chile. E não pelo Palmeiras que já colocou só neste ano R$ 1,350 milhão no bolso do atleta. Com uma contusão na coxa esquerda, desmoralizou o departamento médico do clube, indo buscar tratamento em Santiago, em janeiro. Até agora não está recuperado. Os jogadores percebem todas as regalias que ele têm no Palmeiras. Há anos. Desde os tempos de Belluzzo. Paulo Nobre perde todo o seu raciocínio de bilionário homem de negócios diante do jogador. Parece um garoto que se encantava com os ídolos, quando fazia parte da Torcida Uniformizada do Palmeiras, a TUP. Depois foi para o Inferno Verde, que deu origem à Mancha Verde. Alexandre Mattos, não. Ele acredita que o tempo de Valdivia no Palmeiras acabou. Oswaldo de Oliveira a princípio gostaria da permanência do talentoso atleta. Mas está percebendo todo o mal que ele é capaz de fazer. Mesmo sem entrar em campo. Mattos é pragmático. Ter e não usar é a mesma coisa de não ter. Mais uma vez, Valdivia consegue atrapalhar o Palmeiras. Roubar a atenção de um time promissor que está sendo montado. Só que ainda falta um meia vivido, com potencial e carisma de ídolo. É exatamente dessa lacuna que o meia se aproveita. Sabe o quanto é amado pela obsessiva torcida, que o perdoa de forma estranha, submissa.

Como Osório Forlan diz, esse jogador tem o dom. Mesmo sem entrar em campo conseguiu sabotar o bom ambiente, a excelente relação de Mattos e Nobre. Os dois, evidentemente, vão negar. Se abração, se beijar, rir em público. Até porque têm obrigação de passar união, tranquilidade para torcedores e investidores. Mas o presidente e o executivo de futebol do Palmeiras estão em lados opostos. Por Paulo, Valdivia fica. Pelo menos até o final de seu mandato, até o final de 2016. Já Mattos pensa diferente. O contrato do jogador se encerra em agosto. Mas voraz comprador, pode analisar as possibilidades. Das mais previsíveis como Montillo e até inesperadas, como D"Alessandro. O grupo DIS está disposto a parar de trabalhar com futebol e pode querer fazer dinheiro com o meia de 33 anos. Se o Inter sucumbir na Libertadores, por exemplo. Por Alexandre, a disponibilidade do chileno é para valer. Dependendo dele, o clube aceitaria uma compensação financeira do Cruzeiro. E até faria as malas do jogador e o levaria, com o maior prazer, para o aeroporto. Quem o segura é Paulo Nobre e sua alma irracional de torcedor...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Mar 2015 12:00:20

Nenhum comentário:

Postar um comentário