segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Com a idolatria de GSP, Anderson Silva e Jon Jones desmoronando, o UFC apela para o circo. E incentiva o talentoso bufão Conor Mcgregor. Para desviar o foco da decadência dos ídolos, o sonho seria um cinturão para a Europa...

Com a idolatria de GSP, Anderson Silva e Jon Jones desmoronando, o UFC apela para o circo. E incentiva o talentoso bufão Conor Mcgregor. Para desviar o foco da decadência dos ídolos, o sonho seria um cinturão para a Europa...




2014 desesperou Dana White e os Irmãos Ferttita. Eles viram desmoronar o maior ídolo do MMA atual, Jon Jones. Flagrado pelo uso de cocaína. Mesmo tendo sido pego em um teste surpresa no dia 4 de dezembro, pôde lutar dia 3 de janeiro. Manter o cinturão dos meio pesados. E milionário, pagar apenas uma multa de R$ 28 mil. Para manter as aparências, foi divulgado que Jones havia sido internado em uma clínica de reabilitação. A tentativa era mostrar Jones como um doente. Só que a mãe do lutador desmascarou a armação. Disse que ele ficou "internado" apenas um dia. Ele vem à público hoje e disse que nunca foi viciado. Apenas fez uma escolha errada. Ou seja, cheirou cocaína em uma festa. Anderson Silva já havia sido uma enorme baixa. Ele resolveu brincar com quem não deveria. Baixou a guarda contra Cris Weidman. Tomou um nocaute infantil. Jogou o cinturão dos médio na lata do lixo. Depois, desesperado para recuperar a idolatria, foi para a revanche. Já havia sido superado no primeiro round. Tentou desprezar a perna em defesa do norte-americano. Quis chutá-la de qualquer maneira. Em uma falta de sorte absurda, quebrou a tíbia em pleno octógono. A fatalidade completou o triste quadro que começou com o menosprezo a Weidman na primeira luta. George Saint-Pierre sucumbiu à depressão, às brigas familiares. Ficou atraído por pontas em filmes de Hollywood. Perdeu completamente o foco. Apanhou de Johny Hendrix. Deveria ter perdido a luta em Toronto. Mas os jurados deram vitória ao canadense em decisão dividida. GSP saiu com o rosto inchado, deformado dos socos que tomou. Percebeu que foi sua trajetória, o respeito que conseguiu que o salvou da derrota. Não quis nem saber em dar revanche. Entrou em um período sabático, sem lutas, que já dura um ano e dois meses. Dificilmente retornará. De uma só vez, o UFC viu desaparecer seus três campeões de pay-per-view no mundo. Dana White também passou uma vergonha imensa com o UFC Brasil. Wanderlei Silva e Chael Sonnen, capitães das equipes, não lutaram. O brasileiro fugiu do exame antidoping. E o norte-americano foi flagrado dopado. Golpe terrível na credibilidade do evento. Fãs do mundo todo postaram a vergonha que sentiram.

2014 foi mais um ano em que o UFC não conseguiu a liberação para organizar eventos em Nova York. Seja por boicote da "máfia do boxe" como gosta de repetir Dana White ou pela violência do MMA, a proibição segue desde 1993. O sonho de liberação nos vinte anos do evento, com direito a luta no Madison Square Garden, não passou de ilusão. Dentro deste cenário caótico, havia a necessidade urgente da criação de um novo ídolo. Foi quando na Irlanda surgiu o Conor McGregor. Dono de um estilo provocador, falastrão, carismático. Moldado para atrair fãs do MMA ou do WWE, entidade que organiza lutas teatrais, de mentira. Sucesso incrível nos Estados Unidos. Eles adoram as bravatas que terminam em confrontos forjados. McGregor é visto por Dana como a chance de expansão. Um cinturão chegar a um europeu. Michael Bisping foi a esperança inglesa. Mas se mostrou um lutador limitado diante da elite do UFC. O sueco Alexander Gustafsson está cada dia melhor. Perdeu a disputa do título dos meio pesados em decisão muito contestada para Jon Jones. Lutará contra Anthony Johnson no próximo sábado. Se vencer terá direito a revanche com o campeão. Mas Gustafsson não tem o perfil que a cúpula do UFC ama. Ele é introvertido, sóbrio. Não gosta de grandes controvérsias. Poderia ter provocado um escândalo internacional após a contestada derrota contra Jones. Mas se conteve. Frustrou até seus mais ardorosos fãs ao aceitar o resultado. Daí o irlandês, fazer o coração de Dana e dos Ferttita disparar. Excêntrico ao se vestir, extremamente técnico, habilidoso, com estatura privilegiada. Melhor nas provocações até do que Chael Sonnen. Com a excepcional vantagem de ser um ótimo lutador. E ainda por cima, europeu.

O Brasil ter campeões do UFC nunca foi novidade. Mas se a Irlanda tivesse o primeiro seria fabuloso para o evento. Daí todo o incentivo para que McGregor faça todas as palhaçadas que desejar. E ele está aproveitando os holofotes, as câmeras que o evento estão apontando para ele. Bastaram cinco lutas para que se tornasse o novo centro de todas as atenções. Dana sabe como amarrar preparar um card. Ele colocou ontem o russo naturalizado alemão, Dennis Siver contra o irlandês. Atarracado, corajoso, mas sem grandes recursos técnicos, Siver foi o sparring perfeito. Serviu de escada para um grande show do novo queridinho de Dana.

Chutes rodados, sequências de diretos, cotoveladas, desleais (mas legais) chutes no joelho. McGregor fez o que quis com seu adversário. A baixa estatura do alemão o impedia de atingir o irlandês. Foi uma sinfonia de um homem só. Massacre. O médico do UFC, antes de começar o segundo round, avisou o árbitro Herb Dean. O alemão já estava com o nariz inchado e olhos inchados. Se houvesse outros golpes fortes no seu rosto, deveria parar a luta. Foi o que Herb fez, com correção. Até para preservar a saúde do lutador. O irlandês ganhou como melhor nocaute da noite. Foi quando McGregor fez o seu patético papel. Em vez de comemorar, saltou o octógono. Foi até a fileira onde estava José Aldo. O brasileiro havia percebido o teatro que deveria participar. E também se submeteu ao que Dana queria. Primeiro se vestiu de "rei" antes de sair do hotel. Postou uma foto sua com direito a coroa e cetro. Escreveu que iria ver o bobo da corte. Não satisfeito. Levou cartaz com o rosto do irlandês caracterizado como bobo. Algo mais tolo ainda. Indigno para um campeão.

McGregor ameaçou bater no brasileiro. José Aldo manteve os braços abaixados e apenas riu. Fãs do mundo todo foram ao delírio. Já pensando na luta pelo cinturão que acontecerá em maio, em Las Vegas. Não se levou em consideração o fraco cartel do irlandês. O teatro todo foi encenado para garantir nova fonte de venda de pay-per-view. O UFC precisa de ídolos. Se eles não surgem naturalmente, são criados. O irlandês é muito talentoso. Mas sua postura de palhaço não é benéfica ao MMA, ao esporte. Muito pelo contrário. Só faz lembrar as armações do WWE. Dana White e os Ferttita posam como gênios. Afinal conseguiram fazer de um evento clandestino se transformar em uma franquia de dois bilhões de dólares. Acompanhado por quase 200 países. Mas continuam inseguros, ansiosos, precipitados. Não deixam o esporte se solidificar. É preciso que, de maneira artificial, seja comentado.

A muito custo permitiram a criação de um ranking. Antes, Dana escolhia o lutador que daria mais dinheiro para disputar o título. Ele atropelava os demais, sem o menor critério. Ele ainda se dá esse direito. E queria de qualquer maneira McGregor disputando o cinturão com José Aldo. Não fosse assim, colocaria, por exemplo, Chad Mendes contra o irlandês, ontem em Boston. O irlandês fez cinco lutas no UFC. Contra adversários médios apenas como Marcus Brimage, Max Holloway, Diego Brandão, Dustin Poirier e Dennis Siver. O UFC poderia ter muito mais credibilidade. Reúne os melhores lutadores do mundo. Mas continua sendo gerido de maneira amadora. Desprezando ranking, justiça. Dana e os Ferttita valorizam muito mais o circo. A gana de expansão, crescer do jeito que for possível. Dentro do octógono, McGregos mostrou muito talento contra lutares sem condições de sequer sonharem com o título. Mesmo assim, pula etapas e vai disputar o cinturão com José Aldo. Por trás dessa luta, há muita coisa. Principalmente as decepções com GSP, Anderson Silva e Jon Jones. O show não pode parar. Muito menos o pay per view. Mesmo o cenário mais para circo do que octógono com a elite do MMA...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Jan 2015 12:45:10

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