domingo, 4 de janeiro de 2015

Doyen comemora a secreta compra de parte de Gabriel e Geovânio do Santos. Os endividados clubes brasileiros são o paraíso dos empresários em busca de lucro fácil. Enquanto não houver vigorar a lei de responsabilidade fiscal continuará a farra...

Doyen comemora a secreta compra de parte de Gabriel e Geovânio do Santos. Os endividados clubes brasileiros são o paraíso dos empresários em busca de lucro fácil. Enquanto não houver vigorar a lei de responsabilidade fiscal continuará a farra...




Para quem pensou que a visita da Doyen Sports à Vila Belmiro seria benéfica, pode repensar a vida. O fundo de investimento maltês colocou Leandro Damião e Lucas Lima no clube. A principio seria apenas para aproveitar a visibilidade, a vitrine. Só que o empresário responsável pelo fundo no Brasil, Renato Duprat, soube das incríveis dificuldades financeiras que rodeava seus atletas. Salários, direitos de imagem, 13º, férias. Tudo estava atrasado. Contas de telefones do clube. Até para uma floricultura o Santos devia. O direto de transmissão dos seus jogos em 2015 já foi antecipado. As dívidas batiam em R$ 300 milhões. Odílio Rodrigues estava para deixar a presidência. O que o dirigente fez antes de encerrar o seu mandato? Algo que só dependeu dele. Mesmo conselheiros mais próximos não sabiam. Vendeu parte de suas maiores promessas para a Doyen. O artilheiro Gabriel, o meia Geovânio e o lateral direito Daniel Guedes. A descoberta só ocorreu porque o fundo de investimento fez questão de colocar o trio na lista de jogadores que fazem parte do seu "elenco". A nova diretoria santista ficou chocada. Não havia sido avisada das transações. Nem mesmo os empresários dos atletas, já que as partes negociadas foram apenas santistas. A maneira como o negócio foi feito mostra o quanto os clubes no Brasil são meros resquícios da Ditadura Militar. Com a desculpa que o regime é presidencialistas, Odílio fez o que quis. Sem avisar ninguém. Como se o clube fosse de sua propriedade.

Tudo aconteceu no final de novembro. Quando o foco já estava nas eleições presidenciais. Tudo foi rápido e silencioso. Uma hora viria à tona. O site oficial da Doyen tornou o negócio público. Renato Duprat sabe muito bem como as coisas acontecem no Santos. Por anos manteve a empresa de sua família foi patrocinadora do clube. A Unicor. Ele chegou a prometer levar Maradona para atuar no clube. Deu voltas com o jogador de helicóptero pela cidade. A negociação não se efetivou. E pior, a Unicor faliu. Antes, a empresa ficou devendo ao clube. Enquanto isso, Duprat levou a MSI para o Corinthians. E houve toda a confusão possível. O fim da parceria foi com a Polícia Federal acusando os envolvidos lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. De forma surpreendente, um tapete vermelho foi estendido para o empresário na Vila Belmiro em 2014. Com a Doyen ele levou Leandro Damião e Lucas Lima. O Conselho Deliberativo não aceitou que o clube apenas servisse de vitrine. E mandou que o atacante fosse comprado. O Santos, que um dia ofereceu ao Internacional R$ 17 milhões mais Arouca pelo jogador, agora comprometeria R$ 42 milhões no atacante. Seu desempenho pífio o levou ao Cruzeiro por empréstimo. Lucas Limas foi muito bem. E sofre o assédio de várias equipes interessadas na sua versatilidade no meio de campo. Por enquanto, a Doyen deve mantê-lo na Vila Belmiro. Conselheiros santistas ficaram revoltados com a revelação que a Doyen já comprou parte de Gabriel, Geovânio e Daniel Guedes. Tentam descobrir qual é o percentual. A raiva só aumenta ao verificar que o dinheiro já foi embora. Serviu para pagar salários e direitos de imagem que estavam muito atrasados. O Santos ficou perto de perder vários atletas. Completando três meses sem salários, o atleta pode simplesmente fazer a mala e partir. A revolta da nova diretoria santista é imensa. Por vários motivos. Principalmente porque Modesto Roma sabe muito bem. A Fifa proibiu que fundos de investimentos ou agentes possuam qualquer parte de atletas a partir de 2016. Ou seja, neste ano, a Doyen Sports terá de recuperar o que colocou nos jogadores. O endividado Santos dificilmente terá dinheiro para ressarcir Renato Duprat e sua empresa. A saída mais lógica deverá ser a venda dos atletas. Ou seja, será uma temporada de muita pressão sobre o trio. O fato de Odílio Rodrigues não noticiar a venda é absurdo. Ele e Luís Álvaro já fizeram a pior venda da história do clube: a de Neymar para o Barcelona. Foram R$ 193 milhões para o jogador e sua família. E apenas R$ 57 milhões ao Santos. Fora o fato do pai do atacante haver recebido do clube catalão nada menos do que 10 milhões de euros, R$ 32 milhões, seis dias antes da final do Mundial disputada no Japão. Entre Santos e Barcelona...

Tem mais. Laor e Odílio conseguiram levantar R$ 147 milhões com atletas que se valorizaram com Neymar no time. Paulo Henrique Ganso, Rafael, Danilo, Alex Sandro, Wesley e André. Dinheiro que não impediram a dívida do clube de crescer. Para deixar o quadro ainda mais complicado na venda de parte dos direitos de Gabriel à Doyen, não há como se esquecer. Por contrato, o Barcelona tem direito à prioridade na negociação do atacante. Tinha dele, de Victor Andrade e Giva, outras promessas da base. Ambos não vingaram. Victor está no Benfica B. E Giva acaba de ser liberado para atuar no Coritiba. Mas os catalães seguem de perto o bom desempenho de Gabigol, que renovou até 2019. O que aconteceu no Santos serve de alerta ao Flamengo, que anunciou Marcelo Cirino. A Doyen Sports comprou 50% dos direitos do atleta e o colocou na Gávea. Luxemburgo pediu Lucas Lima ao seu amigo íntimo Renato Duprat. A negociação pode ocorrer. Mas a diretoria flamenguista pode ter certeza que o empresário já está observando atentamente a base flamenguista, atenta às revelações.

A estratégia de Renato Duprat foi revelada. Ele procura diretorias endividadas e com problemas para gerir o clube. Oferece atletas para aproveitar a vitrine que essas equipes possam dar. E ainda fica muito próximo, ganha a preferência quando há a necessidade premente de dinheiro. Jovens promessas viram pechinchas, ofertas dignas de black fridays. O que está acontecendo no Santos serve de exemplo de como a administração dos clubes no Brasil é atrasada. Apesar de negociações como a de Gabriel, o clube deve perto de R$ 300 milhões. Não é por acaso que o país se tornou o paraíso dos agentes, dos empresários. Negociar por aqui chega a ser covardia, de tão fácil, tão lucrativo. Enquanto a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte não vigorar, os presidentes de clubes podem desperdiçar, abusar da incompetência, serem irresponsáveis à vontade. Afinal, o dinheiro que não é seu. Deixar equipes quebradas, de joelhos para empresários, bancos, televisões, federações, CBF. E depois, sair de cabeça erguida, como se nada tivesse acontecido. Não há melhor lugar para fundos de investimento aportar que este país. E se deleitar. Muitos com o dono do dinheiro nem precisando estar no Brasil. Seus representantes fazem muito bem seu trabalho...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Jan 2015 13:28:33

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