sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Gobbi virou o maior aliado do São Paulo no leilão por Dudu. Cansado de ser apontado como responsável pelas dívidas corintianas, não quer gastar com o atacante. Está implodindo uma negociação praticamente fechada...

Gobbi virou o maior aliado do São Paulo no leilão por Dudu. Cansado de ser apontado como responsável pelas dívidas corintianas, não quer gastar com o atacante. Está implodindo uma negociação praticamente fechada...




Se Cinara Maturana não for ciumenta, Carlos Miguel Aidar precisa dar um beijo estalado na bochechas de Mario Gobbi. O presidente do Corinthians virou seu maior aliado no leilão por Dudu. O dirigente resolveu se vingar no final de seu mandato. Cansou de ser humilhado, sabotado. Acusado de ser mau gestor. Até agosto do ano passado, o clube acumulava R$ 261 milhões em dívidas. A suspeita é que 2014 acabou com quase R$ 300 milhões em débitos. Lembrando que a primeira parcela de R$ 100 milhões pelo Itaquerão precisa ser paga no meio do ano... Só que há situações humilhantes para a atual diretoria no meio de tantas dívidas. Uma interessante lista de 18 nomes chegou às mãos de vários jornalistas em 2014. Nela constavam os jogadores que recebiam do Parque São Jorge atuando em outras equipes, com sua autorização. Sheik, Botafogo, R$ 520 mil; Pato, São Paulo, R$ 400 mil salários e mais R$ 40 mil de auxílio moradia; Júlio César, Náutico, R$ 180 mil; Douglas, Vasco, R$ 150 mil (até julho, quando rescindiu); Ramirez, Botafogo, R$ 130 mil, Vitor Júnior, Figueirense, R$ 120 mil, Rena, Bragantino, R$ 75 mil; Elton, Flamengo, R$ 75 mil; André Vinícius, União da Madeira (Portugal), R$ 35 mil; Igor, Sport, R$ 35 mil, Zé Paulo, Atlético Paranaense, R$ 30 mil, Willian Arão, Atlético Goianiense, R$ 25 mil, Paulinho, América Potiguar, R$ 20 mil; Yago, Bragantino, R$ 18 mil. Mais de R$ 1,8 milhões. Não bastasse isso, outro estranho vazamento no final do ano. E muito, muito mais grave. O empresário de Mano Menezes, Carlos Leite, emprestou R$ 2 milhões para Gobbi pagar o 13º dos funcionários e jogadores do Corinthians. Sem juros, correção monetária. Algo que banco algum faria. Ronaldo Ximenez, que passou de secretário de Gobbi, a diretor de futebol do Corinthians, foi quem achou inacreditável os dados serem divulgados. Eram tratados como sigilosos no clube. E só situacionistas teriam acesso a estas informações. Ele detectou o que batizou de "fogo amigo". Gobbi apoia Roberto de Andrade à sua sucessão porque é obrigado. Os dois têm sérios problemas de relacionamento. Praticamente não se falam. Roberto era vice de futebol, mas se desligou no ano passado. Não aceitava as ingerências do presidente. Principalmente a sua decisão de mandar Tite embora. Gobbi manteve o apoio a Roberto porque diz é uma questão de lealdade ao grupo que levou Andrés Sanchez ao poder. Não engoliu ter de dispensar seu amigo Mano Menezes.

Só que Andrés também não suporta mais Mario Gobbi. Depois de dois mandatos no Parque São Jorge, se ele quisesse, nomearia Joelma do Calypso como sua sucessora. Preferiu dar o cargo a Gobbi, seu pupilo. Disse que se tornar o "prefeito" do Itaquerão. Assumiria a responsabilidade de tocar a obra e buscar naming rights. Andrés não dá ponto sem nó. Tinha a certeza que teria os holofotes da mídia. E teve, até quando não desejava. Nas tristes mortes dos operários na construção do estádio. No endividamento absurdo da obra que passou do bilhão de reais. Do atraso inacreditável que obrigou a Fifa a promover a estreia da Copa sem um jogo-teste com a arena lotada, como deveria acontecer. A abertura do Mundial aconteceu em um estádio sem total cobertura. Porque Andrés vetou os vidros brancos que, ao refletir o sol, ganhavam um tom esverdeado. Foi além: autorizou o vice Luiz Paulo Rosenberg a consultar a Fifa, pedindo para que o gramado fosse pintado artificialmente de preto. "Verde é a cor do rival Palmeiras", bradava Rosenberg. Lógico que o pedido não foi nem levado em consideração. Mas Andrés deixou as dívidas para serem pagas à Odebrecht. A primeira parcela de R$ 100 milhões precisa ser quitada no meio do ano. O Corinthians tendo de economizar e pagando R$ 1,8 milhão para atletas atuarem em outras equipes. Pegando emprestado dinheiro do empresário de Mano Menezes, a quem Gobbi queria manter no Corinthians a todo custo. Os vazamentos desnortearam Gobbi. Ele se diz "enojado" com a política do clube. Revela estar estafado, 12 quilos mais gordo, tenso. E jura que, quando terminar o seu mandato, no próximo mês, vai sumir do Corinthians. Mas faz questão de posar como o homem que conquistou a inédita Libertadores da América e o Mundial no Japão. Sabe que ninguém o tirará da história corintiana por causa desses títulos. Muito mais importantes que o Brasileiro e a Copa do Brasil que Andrés ostenta. Gobbi e Ximenez se revoltaram de vez nas última semanas. O vazamento das dívidas, do desperdício do dinheiro, do empréstimo de Carlos Leite já foram graves. Mas quando souberam que o gerente Edu Gaspar estava se reportando a Roberto de Andrade e Andrés em relação às novas contratações, surtaram.

Decidiram mostrar autoridade. Foram dois casos simbólicos. Dudu e Conca. Os dois souberam pela imprensa que Andrade e Andrés instruíram Gaspar e até telefonaram para a Unimed. Agiam como se fossem dirigentes com poder no Corinthians. Foi quando Gobbi resolveu comprar talvez a sua última briga política no Parque São Jorge. Contra Andrés, o mentor que deve estar arrependido de lhe ter dado o cargo, em vez de nomear Joelma do Calypso. Gobbi repetiu o mestre. Quando dirigentes e conselheiros exigiram a demissão de Tite após a derrota do Corinthians para o Tolima, na eliminação da Pré-Libertadores de 2011, Andrés foi direto. "Quem quer a saída do Tite, assine o cheque da rescisão. E pronto. Ele está na rua." Ninguém quis pagar do bolso a multa que batia nos R$ 2 milhões. O técnico ficou e foi campeão da Libertadores e do Mundial. Gobbi mandou avisar a Andrés. Não há dinheiro agora para pagar a primeira parcela que o Dinamo está exigindo para ceder Dudu, R$ 4,8 milhões. Se ele e Roberto de Andrade conseguirem os milhões ou adiar o recebimento para maio, tudo certo. O mesmo vale para Conca. Se a dupla conseguir convencer a Unimed a aceitar R$ 12 milhões parcelados e a entrada for para maio, excelente. Não vetará. Mas por que maio? Porque Gobbi não será mais o presidente corintiano. O problema não será mais dele e, provavelmente, de Roberto - favoritíssimo na eleição.

Andrés não esperava o confronto aberto. O que reverteu uma situação ganha. Dudu e seu empresário Bruno Garcia já haviam acertado salários e tempo de contrato com Edu Gaspar. O que encorajou o jogador assumir abertamente preferir o Corinthians ao São Paulo. Carlos Miguel já se conformava com a derrota. Foi quando a direção do clube ucraniano avisou. Recusara a proposta corintiana. Se Aidar confirmar o pagamento da primeira parcela à vista, terá o jogador. Dudu tenta resistir, não quer ir para o Morumbi. Teme a rejeição da torcida. Ainda deseja o Corinthians. Bruno Garcia empresaria também Guerrero. E irritou profundamente Gobbi. Ele e o atacante não cedem. Querem 7 milhões de dólares como luvas, cerca de R$ 18,7 milhões como luvas. E mais R$ 570 mil mensais por três anos de contrato. O contrato de Guerrero vence no meio de julho deste ano. A partir de fevereiro, se não renovar, já poderá assinar pré-contrato com quem quiser. E sair do Parque São Jorge no sétimo mês deste ano. Sem render um centavo para os cofres corintianos. A ideia de Andrés, Roberto de Andrade e Garcia com problemas, depois de negociarem com o Dinamo e com a Unimed, é muito atraente para os aliados de Gobbi. Há o gostoso sabor de vingança misturado no café servido na luxuosa sala da presidência no Parque São Jorge. Quem perde com tudo isso é Tite e o próprio Corinthians. A pré-Libertadores contra o Once Caldas começará no dia 4 de fevereiro, no Itaquerão. O jogo de volta será no dia 11, na Colômbia. O treinador não sabe se poderá organizar um esquema com Dudu ou não. O atacante chegou a ter sua reserva feita para a pré-temporada nos Estados Unidos. E depois cancelada. O São Paulo será adversário do Corinthians no grupo da Morte da Libertadores. Desde que o time de Tite elimine o Once Caldas. San Lorenzo, atual campeão, e o Danubio do Uruguai são os outros "companheiros do Grupo 2. Só duas equipes ficarão com duas vagas. De camarote, tomando champanhe com Cinara, o romântico Carlos Miguel acompanha a anarquia tomando conta do Parque São Jorge. E manda o seu departamento de marketing agir. Preparar uma desculpa que amenize a rejeição da torcida, em caso de Dudu ter de atuar no Morumbi e não no sonhado Corinthians. Gobbi que prepare as bochechas...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Jan 2015 11:19:23

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