segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Homem algum é mais importante do que o Grêmio. Nem Felipão. Abandonar o time durante a derrota para o Veranópolis foi um ato de desrespeito. Por que não virou as costas para a Seleção nos 7 a 1?

Homem algum é mais importante do que o Grêmio. Nem Felipão. Abandonar o time durante a derrota para o Veranópolis foi um ato de desrespeito. Por que não virou as costas para a Seleção nos 7 a 1?




Foi um ato de ingratidão. Do mais profundo desrespeito. E que merece ser destacado. Não ficar ofuscado pelo brilho do Carnaval no Brasil. Algo absurdo, amador, triste. Humilhante para jogadores, dirigentes, torcedores. Desrespeito ao clube no mais alto grau. Traição. Luiz Felipe Scolari foi massacrado pelo vexame da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Cometeu erros primários. Como acreditar que a Seleção já era hexacampeã sem mesmo entrar em campo. Acreditou ingenuamente que a conquista da Copa das Confederações era a garantia do título. Ele e Parreira não avaliaram a decadência da Espanha, do Uruguai, a fragilidade da Itália, que fracassaram na competição. Nem pensaram em outros esquemas táticas, nem aventaram a possibilidade de um plano B, jogar sem Neymar. Abriram a Granja Comary para a farra de Mumuzinho, Luciano Huck, para as notícias exclusivas do Jornal Nacional. Mesmo depois do 7 a 1 para a Alemanha, a pior derrota brasileira de todos os tempos, e da perda do quarto lugar, depois da vitória da Holanda por 3 a 0, Felipão acreditava que continuaria comandando o futebol deste país. Marin e Marco Polo, que tanto o abraçaram, o trataram como se estivesse com uma doença contagiosa. E trataram de despachá-lo sem piedade. Ele que arcasse pelo resto da vida por suas péssimas escolhas. Massacrado, só um clube do país o acolheu de braços abertos. O Grêmio de Fabio Koff. Era o que precisava. Ser valorizado no pior momento não só de sua carreira, mas de sua vida. Chegava ao clube se recusando a falar de Seleção Brasileira, de Copa do Mundo. Só o preocupava a reestruturação do time que jura ser do seu coração. Koff avisou que o Grêmio caiu em uma arapuca financeira em relação ao novo estádio. Iria passar por dificuldades financeiras terríveis nos próximos anos. A prioridade: arrumar dinheiro para se livrar das dívidas, dos juros da arena. Seria um período de sacrifício. De folha salarial baixa, de time sem estrelas, jogadores jovens, inexperientes, mesclados com atletas longe do auge da carreira, com salários baixos. Felipão serviria como escudo do time. Tanto Felipão aceitou as condições que fez campanha para o candidato da situação, de Fabio Koff. O eleito, Romildo Bolzan, assumiu e avisou que precisaria baixar a folha salarial do elenco para R$ 5 milhões. Eram R$ 2 milhões a menos do que em 2014. O Grêmio no Brasileiro passado se desdobrou e quase conseguiu a classificação para a Libertadores. Escorregou pelos dedos. O que deu mais força a Romildo a economizar. E sem dó, liberou ou negociou jogadores importantíssimos. Barcos, Marcelo Moreno, Pará, Bressan, Saimon, Werley, Zé Roberto, Breno, Riveros, Fernandinho, Dudu, Alan Ruiz e Maxi Rodríguez.

E foram contratados atletas cinco atletas de potencial muito baixo ou em decadência. Marcelo Oliveira, Erazo, Galhardo e Douglas. Escolhas de Felipão. O técnico não aceita trabalhar com Kléber Gladiador, Edinho e Adriano. Jogadores que treinam em separado. A mistura de jovens jogadores com atletas ruins não poderia dar grande coisa. Como diretoria e os próprios torcedores esperavam. Mas apostavam todas suas fichas no carisma, na experiência, na vivência de Scolari. Treinador com 33 anos de experiência. Foi assim que começou o Campeonato Gaúcho. 16 equipes jogando em turno único. Classificação para a fase final, dos mata-matas das oito primeiras. Na primeira partida do Grêmio, vitória diante da União Frederiquense por 3 a 0. Mas logo no segundo confronto, a derrota para o Aimoré por 2 a 1. Felipão já reclamava do time. Veio a terceira rodada. Vitória por 3 a 1 diante do Avenida. No quarto jogo, outro fracasso. 1 a O para o Brasil de Pelotas. Scolari esbravejando contra tudo e contra todos. Como se não soubesse o que o aguardava. Mas o pior estava reservado para o sábado. Em plena arena do Grêmio. Jogo contra o limitado, em todos os aspectos, Veranópolis. Obrigação de vitória gremista. Mais de nove mil torcedores foram ao estádio para apoiar o time de Felipão. Marcelo Grohe, Matías Rodrigues, Erazo, Rhodolfo e Júnior (Galhardo); Marcelo Oliveira, Felipe Bastos, Luan, Everton (Pedro Rocha) e Douglas; Lucas Coelho (Lincoln). Esse foi o time que Scolari colocou em campo. Outra vez o Grêmio jogou mal demais. David Dener marcou para o time do interior gaúcho aos 21 do segundo tempo. A torcida vaiava, xingava os jogadores, Felipão. Acabava a paciência. Foi quando, aos 41 minutos, faltando quatro para acabar a partida, Luiz Felipe Scolari levantou do banco de reservas. E simplesmente foi para o vestiário tomar banho. Virou as costas para o time, torcida, jogadores que escolheu, diretoria. Um ato inaceitável. Descabido para o comandante de qualquer equipe no mundo. "Me expulsei. Mais vergonha do que isso, impossível passar. A equipe não apresenta nada daquilo que a gente faz no treinamento. Não adianta ficar enganando a torcida do Grêmio. Não tinha mais o que fazer, fui embora para o vestiário. Acabou o assunto. Não criamos nada, os adversários vêm aqui e tomam conta do jogo. Não aproximamos. Faltava 3 ou 4 minutos e fui embora. Para não tomar uma atitude errada e esfriar a cabeça."

Por maior descontrole emocional que tivesse sentido, Felipão é o único brasileiro da face da Terra que não poderia usar essa desculpa. Como assim, "mais vergonha do que isso, impossível passar"? E os 7 a 1 da Alemanha? Por que ele não teve coragem de levantar do banco de reservas do Mineirão e ir embora? A atitude de Felipão só expôs seus jogadores para o massacre dos torcedores, da imprensa. Agiu como se não tivesse qualquer responsabilidade sobre o que acontecia. Era culpa "deles". Não de Scolari. "Não tive a oportunidade de conversar com o Felipão. Acho que nem era hora. Acho que ele ficou de cabeça quente. Todos nós queremos um resultado melhor. Compreendo sua reação. Acredito que poderia ser um pouco melhor elaborada, mas ele é um homem sanguíneo, com um comprometimento com o clube. Não farei uma situação desintegradora." Essa foi a postura de Romildo Bolzan. Omissão cristalina. O presidente do Grêmio não pode admitir que ninguém se coloque como mais importante que o clube. Abandonar o banco de reservas com tempo ainda para tentar evitar mais uma derrota gremista foi um ato de traição ao clube. Aos princípios básicos de um técnico, de um comandante.

Felipão tem uma carreira fantástica. Fez o Brasil pentacampeão mundial. Levou Portugal ao vice campeonato europeu, à quarta colocação em uma Copa do Mundo. Comandou o Chelsea. É Cavalheiro Nacional da Ordem do Mérito pelo governo Brasileiro. É cavalheiro da Ordem do Infante Dom Henrique por Portugal. Conseguiu vencer na profissão, na vida. É milionário. Aos 66 anos, não precisa estar mais trabalhando no futebol. Se está, precisa respeitar sua trajetória. O clube que diz amar. O Grêmio lhe proporcionou a chance de ter alcançado todo esse prestígio. Por mais fraco time que esteja em campo, não merece ser abandonado por seu líder. Felipão que faça um balanço honesto das verdadeiras condições do Grêmio. Caso considere que o time é fraco demais para um técnico com seu currículo, que vá embora de vez. Não submeta um clube de tantas tradições, campeão mundial, da Libertadores, com uma torcida apaixonada, a humilhações como a de sábado. Inaceitável sua atitude. Pior, só a postura da direção, do presidente Romildo que aceitou tamanho desrespeito. Ninguém é maior do que o Grêmio. Nem mesmo o cidadão Luiz Felipe Scolari, que só tem o currículo maravilhoso graças ao preto, azul e branco. Não cabe tanta ingratidão...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Feb 2015 12:09:07

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