quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O UFC precisa desesperadamente de Jon Jones. A cocaína encontrada no seu sangue tem efeitos devastadores para o MMA. É como se Pelé, no auge, fosse pego dopado...

O UFC precisa desesperadamente de Jon Jones. A cocaína encontrada no seu sangue tem efeitos devastadores para o MMA. É como se Pelé, no auge, fosse pego dopado...




A situação só teria um paralelo no futebol. Foi como se Pelé, no auge de sua carreira, fosse pego no exame antidoping usando cocaína. Mas para o próprio MMA, é muito pior. O esporte ainda é marginalizado. O evento que se tornou conhecido como o primeiro UFC aconteceu em novembro de 1993. Desde então cresceu, atingiu um estágio impressionante de popularidade no mundo todo. Com regras, ranking e campeões carismático. Justo o melhor de todos os tempos. O único lutador a ter o patrocínio do próprio UFC. Jonathan Dwight Jones, Jon Bones Jones, foi flagrado em um exame surpresa. Seu sangue apresentou traços de benzoilecgonina, principal metabólico da cocaína. O teste aconteceu no dia 4 de dezembro. A Comissão Atlética de Nevada faz normalmente exames surpresas nos lutadores do UFC. Jones pôde participar do combate com Daniel Cormier, no sábado. O motivo: a Agência Mundial Antidoping, a WADA, não proíbe a cocaína antes do período de competições. Ao contrário de anabolizantes, a cocaína não melhora em nada a performance dos lutadores. Pelo contrário. Médicos especialistas garantem que atrapalha. Tira a concentração, o foco. Aumenta a euforia, a ansiedade. Não há melhora esportiva alguma nos combates. Mas é uma droga ilícita que pode levar à morte. Um atleta da elite do esporte mundial ter seu nome relacionado à cocaína é algo terrível. Para o UFC foi pior. Jon Jones é o melhor peso por peso de toda a história. Foi escolhido pelo presidente Dana White como o embaixador de seu evento. Eu estava no Rio de Janeiro, em janeiro de 2012, cobrindo para o R7 as lutas de José Aldo contra Chad Mendes e Vitor Belfort diante de Anthony Johnson. Na pesagem, Jon Jones apareceu e roubou a cena. Ele havia massacrado Lyoto Machida, uma das maiores estrelas do MMA brasileiro, 30 dias antes. Mas parecia um herói nacional. Foi cercado por fãs. Deu autógrafos, recebeu beijos, apalpadas das mulheres, fez centenas, sim centenas, de selfies. Sorriu muito. Cantou, dançou. Depois foi se divertir em um baile funk. Antes da luta foi desfilar no Rio Fashion, depois foi direto para o combate de José Aldo. Apareceu com a camisa da Seleção Brasileira. Era o representante dos sonhos do UFC. Até porque no octógono, suas performances sempre foram impressionantes. Fez da categoria meio pesados o seu reino. Misturando agressividade, versatilidade e golpes contundentes, foi acumulando vitórias. Virou recordista de defesas de cinturão, derrotou oito desafiantes. Só perdeu uma vez, nas 22 lutas que fez, desclassificado por ter dado cotoveladas ilegais em Matt Hamill. Nas 21 restantes, só vitórias. Se tornou o maior ídolo do UFC. Seus rivais Anderson Silva e George Saint-Pierre naufragaram. Nike, Reebok, Gatorade o disputaram a tapas. Aos 27 anos já havia chegado ao patamar de embolsar um milhão de dólares por luta, cerca de R$ 2,6 milhões. O homem que desejava ser policial está milionário. Com patrimônio que passa dos R$ 50 milhões.

Religioso, ele fez questão de tatuar no peito um salmo da Bíblia. O capítulo 4, versículo 13 do livro Filipenses: "Tudo posso Naquele que me fortalece". Melhor imagem para o embaixador do UFC, impossível. Só que tudo começou a ruir em maio de 2012. Ele destruiu seu Bentley de R$ 1 milhão. Estava completamente bêbado. Foi preso pela polícia de Nova York. Só saiu depois de pagar fiança. Solteiro e irmão de dois jogadores de futebol americano, Jones passou a misturar vitórias incríveis com festas intermináveis. Seus excessos já preocupavam Dana White há tempos. Só que a personalidade forte de Jones impedia censuras públicas. Até porque, o presidente do UFC tinha planos ousados. Pretendia ganhar muito dinheiro com o lutador subindo de categoria em 2016. O combinado extraoficialmente era promover três lutas como meio pesado neste ano. E a partir do próximo, Jones lutaria nos pesados. Ambicioso, Jones havia aceitado o desafio. Acreditava que sua versatilidade o faria impor diante dos brutamontes. Esperto, ele já criava uma rivalidade com o campeão Cain Velasquez. Daniel Cormier se preparou para o combate de sábado passado com Velasquez. Após a vitória, Jones apontou para o lutador norte-americano de origem mexicana. Esta luta já havia virado o sonho de qualquer fã de MMA. Só que surgiu ontem a revelação da cocaína no seu exame antidoping. Foi um direto no queixo do UFC. Dana White e os Fertitta Brothers estavam animados. Conseguiam driblar a vergonha que passaram com o Ultimate Fighter Brasil 3. Vanderlei Silva e Chael Sonnen, os capitães, professores, mestres dos lutadores brasileiros não puderam se enfrentar. Vanderlei se recusou a fazer exame antidoping e foi banido do UFC. Chael foi flagrado pela quarta vez dopado. Encerrou a sua carreira de lutador. Vexame inesquecível e pouco comentado. A desistência de George Saint-Pierre de continuar lutando, devido à estafa foi péssimo. O canadense era um dos maiores ídolos da história do UFC. Garantia de multidões nos ginásios e milhões e milhões nos pay-per-view.

A maré só piorou com o carismático Anderson Silva quebrando a perna na luta contra Chris Weidman. Em pleno octógono. Com milhões de pessoas acompanhando o combate, em mais de 170 países. O chute rompeu a fíbula esquerda ao atingir a perna do norte-americano. O ângulo da fratura foi uma enorme infelicidade. Pela centésima vez, o UFC não conseguiu fazer um evento em Nova York. Lá o evento é proibido desde 1997. A alegação é que o MMA é violento demais. Para Dana e os Ferttita tudo não passa de uma pressão do Culinary Union, sindicato dos trabalhadores em hotéis e cassinos. Os sindicalistas fariam pressão sobre os membros dos Partidos Democrata e Republicano. Seria uma vingança pelos Fertitta não contratarem trabalhadores sindicalizados nos seus hotéis/cassinos. Além do boicote de políticos que seriam apoiados pelo boxe. Seja como for, a campanha sofre um baque popular com a cocaína no sangue de Jones. A melhor medida possível foi a internação imediata em um centro de reabilitação. Para a opinião pública fica a imagem de que ele está doente. E não apenas usava a droga de maneira festiva. Já não haveria punição ou perda do cinturão por causa da cocaína. Os patrocinadores, a começar pela Reebok, garantiram apoio incondicional. O que evita uma onda de descrédito nas empresas que colocam dezenas de milhões de dólares no torneio. Não há outra saída para Dana White e os Ferttita Brothers. Jon Jones é o maior lutador de MMA que já pisou em um octógono. Virar as costas para ele neste momento é prejudicar o esporte. Neste momento, sem campeões carismáticos, Jon Jones é imprescindível ao UFC. Que no centro de reabilitação, encare no espelho sua tatuagem no peito. E entenda o verdadeiro significado do salmo que eternizou na própria pele. "Tudo posso Naquele que me fortalece." Essas palavras vão muito além de apenas vencer seus adversários no octógono. Significam superar a arrogância, a prepotência, a sensação de superioridade que dominavam o ego do melhor lutador do UFC de todos os tempos...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 07 Jan 2015 11:40:03

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