quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Federação coloca sob suspeita a decisão do Campeonato Paulista. É ilegal e indecente o patrocínio da Crefisa, que banca o Palmeiras, aos árbitros nestes jogos decisivos. Vergonha...

A Federação coloca sob suspeita a decisão do Campeonato Paulista. É ilegal e indecente o patrocínio da Crefisa, que banca o Palmeiras, aos árbitros nestes jogos decisivos. Vergonha...




Uma união inusitada, entre Corinthians e São Paulo. Um patrocínio indecente. Um belo agrado financeiro ao Botafogo de Ribeirão Preto. A Globo continua fazendo o que lhe interessa, tem mais poder que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. E a certeza de que o Palmeiras é o clube que tem melhor relacionamento com a FPF. Este foi o resumo da reunião que definiu as quartas-de-final do Campeonato Paulista de 2015. Os relatos de quem esteve presente são impressionantes. O que esteve por trás das reviravoltas dos quatro jogos do torneio. Tolo de quem acreditar que tudo foi definido na luxuosa sala de reunião da FPF, no milionário repleto de câmeras em cada cômodo. Lembrança do falecido ex-presidente Eduardo José Farah, que Marco Polo soube utilizar como ninguém. Um lápis não cai no prédio da Barra Funda sem que ele fique sabendo. Jornalistas com fontes na FPF souberam a partir de domingo que os jogos deveriam ser: São Paulo e Red Bull no sábado, às 16h20, no Morumbi. O Corinthians enfrentaria a Ponte Preta no Itaquerão, às 11 horas. O Santos jogaria às 18h30, na Vila Belmiro, contra o XV de Piracicaba. E o Palmeiras pegaria o Botafogo no novo Palestra Itália, na segunda-feira às 20h30. A tabela seria um agrado de Marco Polo ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes. Ele estaria preocupado com dois jogos de clubes grandes no mesmo dia na Capital. E também não queria, de jeito algum, o Corinthians atuando às 16 horas do domingo. Ele sabe que uma grande mobilização está marcada contra a presidente Dilma e a corrupção dos políticos em todo o Brasil. Em São Paulo, a utilização do metrô será intensa. Não desejava o encontro entre torcedores e manifestantes. A grande maioria dos corintianos para ir até o Itaquerão usa o metrô.

Mas acontece que a FPF e a Secretaria de Segurança se esqueceram de quem manda no futebol de São Paulo e do Brasil: a Globo. A emissora não queria o Corinthians, seu filho predileto, atuando às 11 horas do domingo, de jeito algum. Os executivos tiveram bom senso. Sabiam que seria um caos colocar o jogo contra a Ponte Preta no mesmo horário do auge da manifestação contra Dilma. Então preferiram antecipar a partida para o sábado. Às 16h20. E ponto final. Só que aí a cúpula do São Paulo reclamou. Não aceitaria jogar às 11 horas do domingo de jeito algum. Assim como o rival, disputará jogo decisivo na Libertadores na quarta-feira. A direção corintiana concordou. Pensando em uma futura reciprocidade, foi a favor da manutenção do jogo do rival tricolor também no sábado. A Globo, via Sportv, também queria dois jogos no sábado. Não teve como Marco Polo agradar o secretário da Segurança Pública. Alexandre de Moraes que arrume policiamento para as duas partidas na capital, no mesmo dia. Com o Santos, ninguém mexeria. Pelo menos no dia. A partida na Baixada Santista contra o XV de Piracicaba foi antecipada para as 16 horas. A Globo precisava de um jogo para separar as duas partes do Faustão, como faz por anos. Já a partida do Palmeiras às 20h30 da segunda-feira foi abortada. A cúpula global vetou. Não quer saber de jogos no horário mais reivindicado pelos torcedores. Há o medo de dar muito certo. Na grade da emissora carioca, o futebol durante a semana, acontece às 22 horas, depois da novela. E ponto final. O jogo entre Palmeiras e Botafogo passou para as 11 horas do domingo, no novo Palestra Itália. Paulo Nobre aceitou de bom grado. Porque ele sabia o quanto seu time foi beneficiado. Pelo regulamento da própria FPF, só os dois times da Capital de melhor campanha atuariam em São Paulo. O Corinthians foi o líder geral. O Santos foi o segundo, mas como é da Baixada, não conta. O segundo melhor da Capital acabou sendo o São Paulo.

O Palmeiras teria de jogar em outro município. Teoricamente essa partida aconteceria em Barueri. Só que um argumento surgiu para convencer a cúpula do Botafogo a fazer de conta que não sabia do regulamento: dinheiro. Os palmeirenses decidiram propor que todos as arrecadações seriam divididas meio a meio. Lógico que, desde sua partida acontecesse na sua nova arena. Correndo o time de Ribeirão Preto aceitou. Seguido dos pequenos XV de Piracicaba, Red Bull. E da média Ponte Preta. O Santos também aceitou. Corinthians e São Paulo não teriam como protestar. O bom relacionamento do Palmeiras com a FPF passou a ser absurdo no final da reunião. Quando foi anunciado que a Crefisa patrocinará os árbitros das quartas até a decisão do Paulista. Uma indecência. A empresa que gasta R$ 43 milhões para mostrar sua marca e a da Faculdade das Américas na camisa verde resolveu inovar. E vai pagar todas as despesas de arbitragem até ser definido o campeão paulista de 2015. Inaceitável. A Federação Paulista de Futebol é a mais rica do país. O faturamento do Campeonato Paulista de 2015 rendeu R$ 130 milhões, entre patrocinadores, tevês, taxas. Impossível que não tenha dinheiro para bancar os juízes nesses jogos finais. A infeliz decisão deixa sob suspeita todos os jogos. Os árbitros serão mais do que nunca pressionados. A começar por Marcelo Rogério, juiz de Palmeiras e Botafogo. Qualquer erro que derrube um time grande pode ser visto como favorável ao time do Palestra Itália. Na prática seria um rival a menos. Flavio Rodrigues de Souza apitará Corinthians e Ponte. Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza comandará São Paulo e Red Bull. E Santos e XV de Piracicaba terá Guilherme Ceretta de Lima.

O patrocínio seguirá nas semifinais e na decisão. Uma vergonha! Lógico que a Fifa proíbe patrocínios que sejam conflitantes, como é o caso. Mas a Federação Paulista de Futebol já avisou. Não voltará atrás. Fará valer o seu direito de organizadora. E a Crefisa estará nos uniformes dos árbitros. Além do dinheiro que sairá dos seus cofres para bancar viagens, hospedagem, alimentação. Um escândalo inacreditável em qualquer lugar do mundo. Menos aqui.

Mas este é o futebol brasileiro. Tudo que a Crefisa e a Federação Paulista conseguiram foi empanar um possível título palmeirense. A lente da suspeita estará em cada jogo até a definição do campeão. Principalmente se for verde, com o logotipo da empresa no peito. Enquanto os árbitros são obrigados a divulgar a mesma empresa nas costas. Indecente sob qualquer aspecto. "Já falei várias vezes. Não tem nada a ver. Isso não importa. Não importa que eles sejam patrocinadores do Palmeiras também. Eu confio nos meus árbitros e isso não vai prejudicar em nada as decisões. Não tem absolutamente nada a ver uma coisa com a outra", diz o coronel Marcos Marinho, militar que comanda a arbitragem em São Paulo. Os dirigentes de futebol desse país já perderam há muito tempo o senso de ridículo. Mas em São Paulo conseguiram ir além...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Apr 2015 17:23:54

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