quinta-feira, 9 de abril de 2015

Federação Paulista pisa no próprio regulamento e privilegia o Palmeiras. Corinthians pode jogar às 11 horas. A cada ano, os estaduais vão perdendo público, audiência e credibilidade...

Federação Paulista pisa no próprio regulamento e privilegia o Palmeiras. Corinthians pode jogar às 11 horas. A cada ano, os estaduais vão perdendo público, audiência e credibilidade...




"Caso para a fase de quartas de final classifiquem-se mais de 02 (dois) Clubes da cidade de São Paulo, aplicando-se critérios técnicos, somente os 02 (dois) Clubes que tiverem obtido as melhores campanhas, na primeira fase da competição, terão o direito de jogar em seus estádios. Os demais devem jogar fora do município, visando atender as normas de segurança das partidas." Este é o segundo parágrafo do Artigo 6º do regulamento do Campeonato Paulista. Mais cristalino do que água mineral francesa. Se Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Portuguesa se classificassem para as quartas, só as duas equipes mais bem classificadas teriam direito de jogar para suas torcidas. A terceira e quarta teriam de sair do município. Estava tudo certo, antes do torneio começar. Mas ontem acabou a fase de classificação. E a Federação Paulista de Futebol pisa no regulamento, sem dó. O Corinthians fez a melhor campanha entre os paulistanos. O São Paulo, a segunda. Garantiram o direito de atuar no Itaquerão contra a Ponte Preta e no Morumbi, contra o Red Bull, respectivamente. A Portuguesa não dará mais trabalho. Não só não se classificou. Foi vergonhosamente rebaixada para a Segunda Divisão. A terceira queda consecutiva depois do escândalo envolvendo Heverton no Brasileiro de 2013. Mas o Palmeiras se classificou. E enfrentará o Botafogo de Ribeirão. Onde deveria ser a partida? Em um município longe de São Paulo. Mas onde ela acontecerá? Na nova arena palmeirense, no bairro da Água Branca. É só mais um absurdo que mostra a falta de seriedade com que são conduzidos os estaduais neste país. Porém a situação é decepcionante. Afinal, São Paulo é o estado mais desenvolvido do país. Não poderia dar este exemplo de manipulação. A FPF se defende. Afirma que não está defendendo o Palmeiras e prejudicando o Botafogo. É uma violação ao Estatuto do Torcedor, que defende que o regulamento de um torneio neste país não seja alterado depois tenha sido divulgado.

"Alterar o regulamentos seria mudar forma de disputa, número de classificados, etc. Não vejo problema em ter os três clubes jogando na Capital", diz o coronel Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista. Esta decisão de proteger os grandes, fazer com que atuassem nos seus domínios nas quartas de final, já estava decidido há muito tempo. A mudança indecente na regra não foi feita para ajudar especificamente ao Palmeiras. Aliás, quando foi aprovada, ajudaria o São Paulo que fazia pior campanha que o rival. A FPF desobedecerá seu próprio regulamento porque cedeu à pressão dos grandes. As diretorias de Corinthians, São Paulo e Palmeiras acreditavam que estas quartas seria uma ótima chance de oportunidade dinheiro. A chance é enorme de estádios cheios nestes confrontos com times interioranos. Partidas onde será possível levar a família, sem tanto medo de confrontos. Apesar do decepcionante empate com o Ituano, ontem à noite, a direção palmeirense está feliz. Com a proteção da FPF, há a certeza de muito dinheiro nos cofres. O clube é o primeiro colocado disparado em arrecadação neste Paulista. São mais de R$ 16,6 milhões atuando em casa. É mais do que Corinthians (R$ 10,2 milhões), São Paulo (R$ 2,3 milhões) e Santos (R$ 1,9 milhão) juntos. Não bastasse esse absurdo, as quartas reservam outra situação vexatória. O Secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, quer que a FPF antecipe o jogo entre Corinthians e Ponte Preta. Em vez das 16 horas, ele deseja a partida às 11 horas. O motivo é a manifestação marcada contra a presidente Dilma, às 14 horas do domingo. O temor do secretário é o encontro dos torcedores corintianos e os manifestantes nas estações do metrô. Sua confissão: não há como organizar policiamento para evitar conflitos. O melhor seria antecipar em cinco horas o jogo. A Federação se mostra propensa a aceitar.

Tite ficou possesso com essa possibilidade. Ele reclamava muito nesta madrugada, após o empate com o XV, em Piracicaba. Não queria esse jogo eliminatório contra a Ponte Preta logo na manhã do domingo. "Vamos ter bom senso. Não dá, não dá. Não dá para ninguém. Não sei a solução, mas 11 horas não dá. Nível de concentração mais baixo, tem que mudar hábitos, alimentação. Se tiver (partida às 11 horas), vamos jogar, mas não é o ideal." Haverá uma reunião nesta manhã para a definição dos jogos deste final de semana. Há a possibilidade do Palmeiras jogar na segunda-feira à noite. O São Paulo atuaria às 18h30 do domingo. E Santos e XV de Piracicaba definiriam vaga para a semifinal no domingo às 16 horas, na Vila Belmiro. E vale a homenagem ao XV de Piracicaba. Neste esdrúxulo e desrespeitado regulamento do Campeonato Paulista, o time interiorano fez apenas a 11ª campanha. Audax, São Bento, Mogi Mirim e Ituano fizeram mais pontos e não se classificaram. A cada ano, tudo fica mais difícil disfarçar. Os estaduais não levam a nada. São competições ultrapassadas, insignificantes. Atrapalham os clubes grandes. Não são a salvação dos pequenos. Só existem para agradar os presidentes de federações, eleitores fundamentais nos pleitos da CBF...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Apr 2015 03:14:02

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