quinta-feira, 9 de abril de 2015

Com o apoio da Fifa, CBF, Federações e clubes se juntaram. Desmoralizaram a proposta de Dilma Rousseff. Se for para tentar acabar com os privilégios dos dirigentes, não querem o financiamento de R$ 4 bilhões. A utopia acabou...

Com o apoio da Fifa, CBF, Federações e clubes se juntaram. Desmoralizaram a proposta de Dilma Rousseff. Se for para tentar acabar com os privilégios dos dirigentes, não querem o financiamento de R$ 4 bilhões. A utopia acabou...




Acabou a utopia. Os ingênuos que acreditavam que a CBF e os clubes aceitariam as imposições da presidente Dilma. Pelo financiamento de R$ 4 bilhões em 20 anos, aceitariam as imposições. De uma hora para outra iriam abrir mão de privilégio de décadas. Foram 16 representantes da Série A até o Rio de Janeiro. Não por acaso, na sede da CBF. E mandaram seu recado. Não vão aceitar as imposições feitas pelo governo. Querem o dinheiro. Mas não aceitam contrapartidas. Usarão o escudo da Fifa para não se democratizarem, não serem obrigados a ter responsabilidade. Aqui os sete itens que, utópicos, sonhavam que os clubes e a CBF aceitariam. 1) Publicação das demonstrações contábeis padronizadas, separadas por atividade econômica e por modalidade esportiva, após terem sido submetidas a auditoria independente. 2) Pagar em dia todas as obrigações tributárias, previdenciárias, trabalhistas e contratuais com atletas e demais funcionários, inclusive quanto ao direito de imagem. 3) Gastar no máximo 70% da receita bruta anual com a folha de pagamentos e direitos de imagem do futebol profissional 4) Manter investimento mínimo nas categorias de base e no futebol feminino (questão que ainda será regulamentada). 5) Não realizar antecipação ou comprometimento de receitas referentes aos próximos mandatos, a não ser em situações específicas como 30% do primeiro ano do mandato seguinte; substituição a passivos onerosos, desde que implique em redução do nível de endividamento. 6) Adotar cronograma progressivo de redução dos déficits que deverão ser completamente zerados a partir de 2021. O sétimo item vale ser detalhado. Publicação na internet de prestações de contas e demonstrações contábeis;
- representação de atletas no âmbito dos órgãos e conselhos técnicos que elaboram os regulamentos;
- autonomia do Conselho Fiscal;
- limitação de mandato de até quatro anos para os dirigentes, com apenas uma reeleição, além da inclusão de atletas nos colegiados e na eleição para os cargos.
A MP prevê ainda que os regulamentos das competições disputadas pelos clubes que aderirem ao refinanciamento tenham punições esportivas para quem descumprir as regras a partir de 2016: Previsão no regulamento geral de competições a exigência de que todos os participantes observem as práticas de transparência e tenham regularidade fiscal atestada por meio de CND.

Previsão, a partir de 2016, no regulamento geral de competições, no mínimo, as seguintes sanções: advertência; proibição de registro de novos atletas; rebaixamento para divisão inferior. Fora o polêmico item que responsabilizaria os dirigentes por gestões irresponsáveis, corruptas. Eles teriam de arcar com seus bens particulares se fosse comprovada a má administração. Fora a criação de um órgão que regulamentaria, acompanharia a vida financeira dos clubes, federações e da própria CBF. Os dirigentes ficaram revoltados, não aceitariam esse controle de jeito algum. Simplificando. O Bom Senso FC convenceu o ex-ministro Aldo Rebelo que o governo deveria parcelar R$ 4 bilhões de dívidas que os clubes têm com o governo. São impostos que as empresas sérias deste país, quando ficam devedoras, podem até fechar. Mas os clubes, não. Tudo sempre foi empurrado com a barriga. Loterias foram criadas tentando facilitar o pagamento. Só que nunca adiantou. Líderes do Bom Senso tentaram ser oportunistas. Acabarem com o vergonhoso calote e atrasos de salários e direitos de imagem, práticas corriqueiras no futebol brasileiro. E também com a perpetuação dos dirigentes nos cargos. Tanto nos clubes, como nas Federações e na CBF. Seria um toma lá, dá cá. Jornalistas famosos, importantes, consagrados se deixaram iludir. Acreditaram que pessoas entronadas no poder iriam abrir mão de reeleições, escancarariam as finanças, trariam transparência às negociações. "Jogariam dinheiro fora", de acordo com essas pessoas, com futebol feminino. E ficariam de joelhos, modernizando a força as categorias de base. Só para posarem de democratas. De jeito algum.

O blog teve acesso a vários dirigentes de clubes brasileiros. Em off, declararam que se fosse assim, não aceitariam o dinheiro. O pressionado governo de Dilma que desse o dinheiro e ponto final. Espertos, sabiam que não há força política e, infelizmente, legalidade para impor essas mudanças, democratizar o futebol. Os dirigentes ontem na sede da CBF, simplesmente riram muito. Principalmente da possibilidade de rebaixamento em caso de não se adequarem às exigências para o empréstimo. Tudo o que esta Medida Provisória utópica conseguiu foi unir dirigentes de clubes, federações e CBF. Eles tomaram a resolução que não vão aceitar imposição alguma. A MP será inteira alterada. Ou Dilma passará pelo maior vexame. Os clubes não aceitarão esses R$ 4 bilhões. A bancada da Bola, formada por deputados, senadores, prefeitos e governadores, ligada aos clubes, federações e CBF já foi acionada faz tempo. Tanto que já houve absurdas 181 sugestões de emendas. Todas convergindo para o mesmo tema: não aceitar controle, contrapartida alguma. A postura é simplista. Se Dilma insistir em tentar controlar os clubes, federações e a própria CBF, ninguém aceita esse parcelamento. Se ela quiser promover uma ação populista, sem contrapartida, tudo certo. Caso contrário, o combinado é boicotar, virar as costas a essa oferta. Simples. Acabou de vez a utopia. O futebol é o último resquício da Ditadura Militar neste país. Os poderosos estão protegidos pela legislação própria que criaram. Com a bênção da Fifa. Aliás essa legislação que impede a intervenção do governo no comando do futebol nasceu graças a um brasileiro. João Havelange, o ex-sogro de Ricardo Teixeira. Ele sempre soube o que fazer quando era presidente da Fifa. Principalmente recompensar quem o apoiava. Blatter já se colocou à disposição de Marin e Marco Polo. A Fifa não aceitará intervenção do governo brasileiro na administração do futebol. Se Marco Polo suportar ficar por 40 anos como presidente da CBF, não é problema de Dilma. Por isso medida provisória alguma, populista oferta de refinanciamento de R$ 4 bilhões não comove nenhum dirigente da CBF, das Federações ou dos clubes. Eles sabem muito bem que o poder que exercem vai muito além dessa proposta de Dilma Rousseff. A presidente não tinha ideia das pessoas com quem resolveu mexer. Os aplausos fáceis e precipitados da sociedade, da imprensa, viraram profundo constrangimento. Talvez Dilma comece agora a entender porque entrou o troféu da Copa do Mundo para a Alemanha...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Apr 2015 11:29:31

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