
"O torcedor do Palmeiras não pode ficar tranquilo em relação ao rebaixamento, não. Infelizmente tudo está acontecendo de errado com a gente." O desabafo é do jovem goleiro Fábio. Ele foi figura fundamental na derrota do Palmeiras no clássico contra o São Paulo por 2 a 1. Falhou infantilmente no primeiro gol. E teve toda falta de sorte no segundo, com a bola cabeceada por Alan Kardec, aos 43 minutos do segundo tempo. O resultado jogou o time na zona do rebaixamento. Não é por acaso que Ricardo Gareca avisou após mais uma grande decepção que tem limites. Está claro que já começa a pensar se vai continuar ou não no Palmeiras. Caso o time perca para o Sport, quarta, no Recife, ele pode sim pedir demissão e deixar o clube. O São Paulo de Muricy se recuperou da estranha desclassificação na Copa do Brasil. E segue brigando entre os primeiros do Brasileiro: é o quinto. Já o Palmeiras do argentino Gareca estagnou. São nove partidas sem o sabor de uma vitória no campeonato. Estagnado com 14 pontos, chegou à temida zona do rebaixamento. O time venceu apenas quatro vezes, empatou duas. E perdeu já nove jogos. De nada adiantou o bilionário Paulo Nobre prometer premiação especial para o Palmeiras não ser rebaixado. O futebol que o time mostrou hoje, jogando "em casa" no Pacaembu foi horrível. Gareca queria apenas não perder para o São Paulo. Organizou seu time no 4-3-2-1. A mentalidade pequena palmeirense era impressionante. Um empate já seria motivo para salva de fogos. A falta de confiança do seu time era inacreditável. O São Paulo de Muricy Ramalho também não era um exemplo de coragem. A equipe foi montada para aproveitar o desespero do rival. No pouco tempo que trabalhou no Palmeiras foi suficiente para Muricy. O treinador viu o título brasileiro mais fácil que teve na vida escorregar pelos dedos. Graças às brigas internas. Com dirigentes não conseguindo dominar a briga de egos entre Vagner Love e Diego Souza. Há décadas os dirigentes palmeirenses concorrem para provar quem envergonha mais a torcida por sua incompetência. Brunoro tem lugar de honra nessa disputa. Ele conseguiu fazer com que Barcos, Henrique e Alan Kardec, deixassem o clube. O atacante com grande ajuda de Paulo Nobre. O dono do futebol palmeirense resolveu impor a filosofia de produtividade. E quis posar de moderno explorando a miséria dos clubes sul-americanos. Montou uma legião estrangeira no Palestra Itália. Trouxe vários jogadores, alguns com potencial mais do que duvidoso. Não é por acaso rejeitado pelos conselheiros e por torcedores. Seu trabalho é fraquíssimo. O inexperiente Paulo Nobre colocou todo o futebol nas suas ultrapassadas mãos. Inclusive o marketing. Há um ano e três meses, o clube não tem patrocínio master. Pouco importa estar no ano do seu centenário. Tudo isso reflete em campo. Valdivia é o jogador que mais humilhou o Palmeiras. Mas depois de sumir na Disney depois de uma negociação fracassada com o mundo árabe, ele era a principal esperança do time. Só que ela durou exatos 14 minutos. O chileno teve um choque com Kaká. Ficou com o olho esquerdo inchado. Reclamava de dores musculares generalizadas. Mas o departamento médico palmeirense resumiu: tontura depois do choque.

Foi um enorme prejuízo. Ele era o articulador do time de Gareca pelo lado esquerdo. Estava complicando o frouxo sistema de marcação são paulino. Até que Kaká acabou com a festa. Felipe Menezes entrou e o nível técnico caiu de maneira absurda. Foi pior para o jogo. No primeiro tempo, houve muita disputa de bola e pouquíssimo futebol. O São Paulo desprezava Ganso. Vivia à base de chutões em direção a Pato e Alan Kardec. Desperdício. Atacantes técnicos não conseguiam se impor, brigando com a fechada intermediária palmeirense. O São Paulo era uma equipe compacta do meio para trás. E com jogadores atuando distante demais do meio para a frente. Os laterais das duas equipes eram fracos demais. O primeiro tempo terminou sonolento, no justo 0 a 0. Já na segunda etapa houve uma mudança importantíssima. "Muricy pediu para o time colocar a bola no chão. Parar de dar tanto chutão. Por isso melhoramos e ganhamos a partida." O resumo é do grande beneficiado na mudança de postura do São Paulo: Paulo Henrique Ganso. Mais adiantado e melhor colocado, ele conseguiu escapar dos volantes palmeirenses. Mas ele contou com grande auxílio de Fábio. O jovem goleiro se preparava para dar um chutão quando errou. A bola saiu rasteira na direção do meia. Muito inteligente e de raciocínio ágil, deixou livre Alexandre Pato. O atacante entrou com a bola dominada e estufou as redes do Palmeiras aos oito minutos. São Paulo 1 a 0.

O gol foi um banho de água fria no Pacaembu recheado de palmeirenses. A torcida exigia a reação do seu limitado time. Gareca adiantou a equipe, dominando a intermediária. E a pressão foi na base da força, da vontade. Técnica faltava. E muito. Mas o acaso ainda ajudou. Felipe Menezes deu um chute forte da entrada da área. A bola bateu no braço de Edson Silva. Não foi pênalti. Mas o árbitro Péricles Bassols deve ter ficado com pena do esforçado time de verde. Marcou a penalidade. Henrique cobrou e marcou. 1 a 1, aos 15 minutos. A partir daí, o clássico ficou ainda mais brigado, disputado. Kaká outra vez se mostra fora de ritmo, perdido. Sem encontrar seu lugar no meio de campo. Ganso foi muito melhor utilizado. O São Paulo trocava muito bem a bola. O Palmeiras procurava na correria, a virada. E quase conseguiu. A fraca zaga são paulina ofereceu o segundo gol aos 41 minutos do segundo tempo. Leandro invadiu a área como quis. Bateu forte, Rogério Ceni fez excelente defesa. A bola sobrou para o próprio Leandro. Ele deixou Henrique livre, sem goleiro. Mas o atacante teve a coragem de chutar chora. O castigo não demorou. Álvaro Pereira cruzou de longe. Ela viajou e caiu entre Alan Kardec e Victor Luis. Na hora da cabeçada do atacante, o bilionário Paulo Nobre lamentou ter tentado diminuir R$ 20 mil do salário do ex-palmeirense. A testada foi seca, Fábio espalmou, a bola tocou na trave e nas suas costas. Entrou. São Paulo 2 a 1, aos 43 minutos do segundo tempo. Com a vitória, Muricy terá um pouco mais de paz para tentar organizar seu time, que continua instável. Sem convencer.

A culpa do fraquíssimo elenco tão pressionado neste ano de centenário não é do treinador. Mas os resultados não estão vindo. Conselheiros e torcedores já cansaram de implorar a saída de Brunoro. Começam a se voltar para Gareca. O medo é enorme de uma terceira visita à Segunda Divisão. Cair no ano que deveria ser de grandes festas. "Estou cada vez menos com crédito. Não sei o que pensar. Tenho os meus limites", desabafa Gareca. Ele já percebeu que não pode fazer milagres com o time que lhe deram. Os argentinos que trouxe ainda precisam se adaptar ao país, ao Brasileiro. Estão pressionados, perdidos. Depois de mais uma derrota, a ordem da competente diretoria de futebol comandada por Brunoro. Os jogadores deveriam sair do Pacaembu sem nenhuma peça do uniforme verde. Por medo de agressão dos torcedores. Pobre Palmeiras...

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Aug 2014 20:22:17
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