quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O confronto que o Brasil não queria ver. O técnico do 7 a 1 enfrenta o das nove demissões seguidas. Felipão e Luxemburgo se criticam, se ironizam. E não deixam a menor saudade no futebol brasileiro...

O confronto que o Brasil não queria ver. O técnico do 7 a 1 enfrenta o das nove demissões seguidas. Felipão e Luxemburgo se criticam, se ironizam. E não deixam a menor saudade no futebol brasileiro...




Jornalismo declaratório. Muito questionado, execrado, cultuado, reverenciado. O que é? Publicar exatamente o que o entrevistado fala. Entregar sua verborragia para o leitor. Virar as costas e ir buscar outra pauta. O que está acontecendo entre Vanderlei Luxemburgo e Felipão é um prato cheio. Um voltou demitido da China acusando de que os campeonatos na segunda maior economia do mundo são armados. O outro, campeão chinês, da Copa da China e da Champions League asiática não deixa por menos. E rebate dizendo que tudo não passou de desculpa de quem fracassou no país. Pronto, pagina virada? Não, nada disso. É preciso entender o que está realmente por trás nesta situação constrangedora entre dois ex-treinadores da Seleção Brasileira e que deixaram suas marcas no futebol deste país. Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari nunca se entenderam ou se gostaram. Ambos são contemporâneos. O carioca tem 64 anos. O gaúcho, 67. Cada um defendia com unhas e dentes seu estilo. Luxemburgo cansou de repetir que tudo se decide na estratégia. Já Felipão é um adepto da motivação de ganhar com raiva, sem prisão em relação à tática.

Os dois estão absolutamente com as portas da Seleção Brasileira fechada. E a de inúmeros clubes onde trabalharam, foram ídolos, também. Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro, Corinthians. Do outro lado, Grêmio e Palmeiras. Os dois fizeram por onde o rótulo de ultrapassados. Luxemburgo foi seu grande sabotador. Ao deixar que seu ego e bajuladores sanguessugas o cercassem. Eles foram a claque perfeita para que se considerasse um enviado dos céus. O melhor treinador que jamais nasceu neste planeta. Balela desmentida pelo fracasso acumulado, mesmo no auge, na disputa de títulos internacionais. Foram sete Libertadores disputadas, sete projetos e nenhuma conquista. Vem de nove demissões seguidas. Tinha de falar alguma coisa para a opinião pública depois de conseguir ser demitido do Tianjin Songjiang, time da Segunda Divisão chinesa. Só que na explicação que estava dando no programa de seu parceiro Galvão Bueno, no programa Bem, Amigos, ele escorregou. Além de classificar os campeonatos chineses como manipulados, o que já ofendia Felipão, que faz sucesso por lá, ele tocou no real calo de Scolari. O que fechou a possibilidade de realizar o sonho de sua carreira, treinar a Itália. E também o afastou definitivamente dos grandes clubes europeus. Ao ouvir a palavra ultrapassado, Vanderlei Luxemburgo devolveu. "Nós estamos carregando a pecha do 7 a 1. O técnico brasileiro carrega o 7 a 1 como se todos os técnicos brasileiros estivessem jogando aquele jogo. Quem perdeu de 7 a 1 foi o Felipão. O que aconteceu depois do 7 a 1? Os técnicos brasileiros passaram a não prestar, todos, por causa do 7 a 1. "Tem que ter mais técnicos de fora para cá porque o Brasil perdeu de 7 a 1". A seleção brasileira perdeu, não foram os técnicos brasileiros. O Felipão era o técnico do Brasil, mas todos nós passamos a carregar isso."

Sim, é preciso entender o real motivo que fez Felipão falar à ESPN/Brasil. Como não escondeu, o treinador queria falar e desmoralizar Luxemburgo. O caminho foi facilitado por seu assessor de imprensa. E o desancou por atacar a China. Mas o amargor de sua voz por conta dos 7 a 1. A derrota para a Alemanha é algo que carrega como uma cicatriz na testa. As pessoas fingem não enxergar. Nem tocam no assunto. Mas Luxemburgo para tentar salvar sua pele, entregou, com prazer a cabeça de Felipão em uma bandeja de prata. Tomou o troco. "Totalmente absurdas as palavras do Vanderlei, totalmente infundadas. Estamos há um ano e meio trabalhando aqui e podemos dizer que conhecemos algumas situações e nunca se ouviu se falar nestes detalhes além do normal. É uma situação um pouco estranha, absurda, todos no clube estão chateadíssimos. "Ele pode ter tido algum problema de relacionamento no seu clube, mas não se transfere essa situação que o Vanderlei possa ter vivido há coisas que podem ter acontecido há 40, 50 anos. Neste momento é impossível de se viver isso. A federação cuida do campeonato. Na minha opinião, é uma justificativa muito falha para justificar o que não foi conseguido. "(Os chineses) Começam a ter certo preconceito com os brasileiros. Por comentários infundados, são portas que se fecham. (Foram acusações) totalmente absurdas, achamos ridículas. Foi uma situação que ficou muito ruim para todo mundo", disse o treinador, que acha que as declarações de Vanderlei vão causar estragos na relação do futebol chinês com os brasileiros.

"Vai causar um estrago sim. Os nossos tradutores já estão colocando para a gente que comentaristas de futebol daqui estão falando que o brasileiro vem com o intuito de ganhar dinheiro aqui, quando na semana passada a conotação que davam é que nunca tiveram jogadores como Paulinho e Goulart, principalmente o Paulinho pela forma de jogar." É uma porta que se fecha a jogadores treinadores, que não precisaria. O Cuca mesmo ganhou dois títulos aqui, outros saíram bem. É uma situação que não se conhece, não é verdadeira pelo que conversamos com os nossos dirigentes. Temos que abrir as portas, não fechar." É assim que está o lastimável embate, empatado em 1 a 1. O treinador carioca das nove demissões seguidas. Sem títulos significativos desde 2004. Do outro, o gaúcho dos 7 a 1 para a Alemanha. O duelo é deprimente. Mas não por acaso. A questão vai muito além da China. Somando o tempo que trabalham como treinadores se chega a 65 anos. Scolari tem 33 anos e Vanderlei, 32. Estão longe do auge de suas carreiras. Luxemburgo outra vez desempregado. Scolari fazendo sucesso no semiamador futebol chinês. Voltaram às manchetes da maneira mais constrangedora. É fácil entender porque estão longe dos clubes grandes. E não deixaram a menor saudade... (Luxemburgo sentindo a péssima repercussão e possibilidade de dezenas de processos internacionais, recuou. Escreveu na sua página do facebook que não disse o que disse. "Queria deixar bem claro que não quis generalizar quando falei do futebol na China. Fui muito bem tratado no Tianjin, pelo presidente e pela diretoria, que cumpriram com todos os compromissos acordados. O meu problema foi com uma pessoa específica, ligada ao clube, e dei nome (Li Weifeng). E citei um caso que presenciei com um jogador da minha equipe, num jogo da segunda divisão. Havia um boicote, realmente.

"Falei também sobre casos que ocorreram por lá, que o governo já vem se esforçando para dar fim, o que é público. Basta procurar na internet. Respeito as declarações do Felipão, mas não foi a minha intenção prejudicar os profissionais brasileiros que lá trabalham e, muito menos, fechar as portas de lá para eles. Quanto ao país, eu mesmo disse que voltaria a trabalhar na China, que é um lugar maravilhoso. Assim que fui desligado, ainda fiquei mais 15 dias viajando por lá com a minha esposa."

Cada vez mais constrangedor...)


   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Oct 2016 16:10:34

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