
Um ano e meio de atraso no direito de imagem. R$ 2,1 milhões. Salários de R$ 900 mil mensais. Contrato até julho de 2015. Multa de R$ 30 milhões. De principal ídolo da torcida, estrela do time a responsável pela decadência que pode custar a cabeça do treinador. Organizadas protestando, exigindo sua saída. Pichando os muros do clube. A vida de Fred virou um inferno. Nada do que sonhara antes da Copa do Mundo se realizou. Muito pelo contrário. Tudo regrediu de maneira assustadora. As sempre inimigas direções da Unimed e do Fluminense finalmente concordam. Têm um enorme problema nas mãos. O artilheiro completará 31 anos em outubro. Acabou a ilusão de uma grande transferência a uma potência europeia cheia de euros. Depois da Copa das Confederações ele teve sondagens de clubes importantes. Ele estava muito valorizado. O desejo de Peter Siemsen e de Celso Barros era por uma proposta efetiva de pelo menos R$ 25 milhões. O clube já cultiva uma dívida de R$ 420 milhões. Mas ela não surgiu. A esperança era a Copa do Mundo. Fred voltou a ter lesões musculares. Não ajudou o Fluminense que foi rebaixado no campo no Brasileiro de 2013. Mas foi salvo nos tribunais depois do estranho caso Heverton da Portuguesa. Membros das organizadas tricolores se revoltaram com ele. Diziam que ele se poupava para atuar pelo time de Felipão. Virava as costas para as Laranjeiras. As lágrimas do jogador após o "rebaixamento" não convenceram os torcedores. A relação ficou profundamente estremecida. A compensação para o jogador vinha de Luiz Felipe Scolari. Leal, garantiu que Fred estaria na Copa de qualquer maneira. Morreria abraçado com ele se fosse preciso. Morreram. Mas antes disso, Fred pela primeira vez falava de forma escancarada. Estava disposto a voltar para a Europa depois do Mundial. Como um garoto, se mostrava empolgado com o futuro que imaginava. "A Inter de Milão conversou com o meu irmão (também empresário do jogador) depois da Copa das Confederações. No passado, Lazio, Napoli e Roma também falaram com o Fluminense, mas nunca chegou nenhuma oferta concreta. A Internazionale é um grande clube, acompanho muito a Serie A italiana e gostaria de jogar aí. Vejo os jogos do Napoli e da Juventus, que está muito forte. No Campeonato Italiano há muitas oportunidades para os atacantes." Assumia claramente sua vontade de sair do Fluminense, do Brasil. Fred havia ficado traumatizado pelo que sofreu no Lyon. Ele foi vendido pelo Cruzeiro em 2005 por 15 milhões de euros, cerca de R$ 45 milhões. Seu contrato terminaria em julho de 2009. Mas ele estava em guerra com a diretoria do clube francês desde o meio de 2008 quando perdeu a posição de titular para jovem promissor de nome Benzema.

Acabou se desligando do Lyon quatro meses antes. O acordo foi de não atuar por nenhum clube europeu. Fred acertou com o Fluminense. Virou capitão, principal artilheiro, ídolo. Ganhou dois Campeonatos Brasileiros, 2010 e 2012. Além do Carioca de 2012. Garantiu, na época, que não pretendia voltar ao Velho Continente. Mas seu tempo de Fluminense teria chegado ao fim se houvesse ao menos uma só proposta depois do Mundial. Havia um acordo de a diretoria facilitar sua saída. Mas desde que recebesse como compensação pelo menos R$ 25 milhões. O que todos acreditavam ser uma pechincha. Alexandre Pato custou R$ 43 milhões para o Corinthians. Leandro Damião, R$ 42 milhões ao Santos. Só que Fred foi um desastre na Copa do Mundo. Ele atuou parado, enfiado entre os zagueiros. Sem conseguir se movimentar. Travado. Os adversários dissecaram o esquema de Felipão na Copa. E viram a importância da atuação do atacante como pivô. E estudaram a melhor maneira de encaixotá-lo. Com volantes na frente da área e sempre um zagueiro na sobra. Fred ficava travado entre três adversários. Conseguiu marcar apenas um gol contra a fraca seleção de Camarões e só. Além de cavar um pênalti inexistente contra a Croácia, que só prejudicou a imagem do Brasil na Copa. E do próprio jogador, que acabou sendo sinônimo de atleta simulador, que tenta burlar a lei, enganar o árbitro. Isso os europeus detestam. Sem saber o que fazer e fiel aos pedidos de Felipão, Fred disputou toda a Copa parado como um cone. Sem importância alguma ao time. Era como se a Seleção tivesse apenas dez jogadores.

Os empresários de todo o mundo viram muito bem a Copa do Mundo. E os poucos que observavam o atacante trintão sumiram. A cúpula do Fluminense não tem outra saída. A não ser cumprir o seu contrato até o meio do próximo ano. São mais R$ 10,6 milhões a pagar ao jogador até julho de 2015. O número pode parecer chocante. Mas seria muito maior se o clube aceitasse um pedido de Fred. No início de 2013, ele queria renovar seu contrato até 2018. Pedia R$ 1,2 milhão por mês. E se o Brasil ganhasse a Copa, como bônus passaria a ganhar R$ 1,7 milhão. Com a negativa ficou acertada a saída depois do Mundial, desde que houvesse, lógico, interessados. Não há. E pior. O retorno de Fred ao time coincide com a decadência do Fluminense no Brasileiro. Cristóvão estava utilizando, com muito sucesso, Rafael Sóbis como falso centroavante. Sem posição fixa, o ataque da equipe carioca lembrava no início do Brasileiro, a movimentação da seleção alemã, clara referência do técnico. Mas o ídolo teve de voltar à equipe. E outra vez parado como um cone, esperando a bola chegar no seu pé para concluir, Fred está atrapalhando. A sensação de o Fluminense atuar com dez jogadores fica cada vez mais nítida. Como na derrota no clássico contra o Botafogo. As organizadas já o xingam constantemente depois de desentendimento e rompimento entre os dois em abril. Picharam os muros das Laranjeiras exigindo sua saída. Os dirigentes bem que gostariam, se tivessem uma grande compensação financeira. Desgastado, Fred também não tem mais paciência para tanta cobrança. Ele sofre pelo fato de jogar no Brasil. Está sempre à mão dos jornalistas nacionais que não esquecem a Copa. É disparado o pior momento de Fred no Fluminense. O esgotamento da relação é mais do que nítido. Mas não há interessados no Exterior para resolver a questão. Pode haver um entendimento no final do ano para um rompimento pacífico, sem traumas. No Brasil há ainda um clube que sempre deixou as portas escancaradas ao jogador. Sonha com isso há anos até. O Cruzeiro. Ninguém estranhe se Fred começar 2015 em Belo Horizonte, na sua amada Toca da Raposa, onde chegou dez anos atrás. E atendia, feliz da vida, sem frescura, por Frederico...

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Aug 2014 09:05:47
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