quarta-feira, 2 de março de 2016

O Comitê Organizador da Olimpíada no Rio resolve faturar com a dengue, zica e chikungunya. E coloca à venda o 'repelente olímpico'. Aproveita a incompetência das autoridades brasileiras. Deprimente...

O Comitê Organizador da Olimpíada no Rio resolve faturar com a dengue, zica e chikungunya. E coloca à venda o 'repelente olímpico'. Aproveita a incompetência das autoridades brasileiras. Deprimente...




Parece provocação. Mas é a triste verdade. O Brasil resolveu assumir para o mundo sua incompetência para combater a Dengue, Zika e Chikungunya. E da pior maneira possível, tentando ganhar dinheiro. Colocou entre os centenas de itens oficiais da Olimpíada 2016, um repelente para insetos. Ao custo de R$ 35,00. Nunca na história da Olimpíada houve nada parecido. O repelente é para tentar preservar o público e os competidores do mosquito Aedes Aegipty. Há uma enorme preocupação mundial com a epidemia que o Brasil enfrenta. São cerca de 170 mil casos de dengue. Zika, 4.017 casos. E 17 mil de Chikungunya. "Quem tem mil olhos? A população. E ela também pode nos ajudar para que a gente, enquanto não temos a vacina, enquanto não podemos fazer um combate mais agressivo a ele [vírus], que a gente tire as condições de reprodução do mosquito", discurso a presidente Dilma Rousseff, tentando passar para a população a responsabilidade do fracasso governamental no controle do Aedes Aegipty. O presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos, explica. É chocante. Deixa claro o quanto o governo tem responsabilidade na epidemia. "No Brasil, 50% da população não conta com coleta de esgoto. O Brasil achou que o importante era só levar água encanada e esqueceu do esgoto. Esse esgoto, que corre a céu aberto e se acumula em poças, mistura-se à água de chuva e vira mais criadouros para o mosquito." No Brasil, 80% da população tem água encanada. Por falta de competência no planejamento do governo, em relação à falta de água, a situação ficou caótica.

Com a irregularidade no abastecimento, as pessoas aproveitam quando há a água para guardá-la em reservatórios que viram criadouros. Isso aconteceu no ano passado no Estado de São Paulo, que viveu sua pior epidemia de dengue, com 649 mil casos. Diante da crise hídrica, muitos cidadãos passaram a armazenar água para os períodos em que as torneiras secavam. O governo nunca fiscalizou, educou e puniu com regularidade os que permitem o surgimento de criadouros de mosquito em seus imóveis. Fracasso que cabe ao governador Geraldo Alckmin. A colaboração do prefeito do Rio, Eduardo Paes, é comovente. Lembrar que mais gente morre de gripe do que dengue. E torcer para agosto ser seco e frio. "O período das Olimpíadas é o período que o mosquito transmissor não está procriando, não está no ambiente. O mês de agosto e o mês de julho são meses mais secos. São meses menos quentes, então você tem menos incidência do mosquito transmissor. Cabe a gente tomar as precauções devidas, mostrar que a gente está fazendo de tudo para evitar o perigo de qualquer atleta ou visitante que venha ao Rio tenha esse problema com o vírus da zika. Eu acho um certo exagero. Morre muito mais gente de gripe todo ano do que por dengue."

Eduardo Paes foi além. E em uma coletiva teve a coragem de declarar, perguntado sobre a dengue. "Temos que tratar do problema, mas não podemos transformar em um tema olímpico. Não é um tema olímpico. Isso é um tema nosso, de nós brasileiros e da cidade do Rio de Janeiro." Tanto não é que as delegações do mundo inteiro foram alertadas sobre a epidemia. E da necessidade de os atletas olímpicos usarem repelentes. Mas o medo é latente. "Se eu tivesse que fazer uma escolha hoje, eu não iria para as Olimpíadas. Eu nunca correria o risco de ter uma criança sem saúde. Eu não sei quando esse momento chegará para mim e Jerramy (namorado), mas eu pessoalmente reservo meu direito de ter um bebê saudável. Nenhum atleta competindo no Rio deveria encarar esse problema. Atletas mulheres já enfrentam tantas considerações diferentes e têm que fazer escolhas que atletas homens profissionais não precisam." O medo da microencefalia por conta do vírus da zika incentivou o contrabando de pílulas abortivas no país. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de junho a novembro de 2015, mês em que foi declarada emergência nacional de saúde, foram confiscados 36 pacotes da pílula Misoprostol, conhecida no Brasil como Cytotec. Já de dezembro a fevereiro desde ano, foram 57 remessas.

Diante de tudo isso, por que não faturar? A organização dos jogos do Rio está vendendo seu repelente. E se a pessoa quiser, pode ainda comprar um kit. Ele vem com protetor solar, não é bom? Por R$ 75,00. A pessoa respira tranquila sem dengue, zika e chikungunya. E ainda se bronzeia. A organização dos Jogos Olímpicos está animada. Espera faturar R$ 1 bilhão com os produtos licenciados. O repelente deverá ser um dos campeões de venda. Para vergonha das autoridades deste país...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Mar 2016 16:39:54

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