segunda-feira, 7 de julho de 2014

Neymar descobriu que psicólogo não é só para loucos. Compreendeu que não vai morrer se o Brasil perder a Copa. Felipão percebeu que só seus abraços não resolveriam. Santa Regina Brandão...

Neymar descobriu que psicólogo não é só para loucos. Compreendeu que não vai morrer se o Brasil perder a Copa. Felipão percebeu que só seus abraços não resolveriam. Santa Regina Brandão...


Teresópolis...

"Não preciso de psicólogo. Não sou louco."

Essa sempre foi a resposta de Neymar. Mas o tempo passou. Chegou a Copa do Mundo no Brasil. A pressão de conquistar o título. Ser o símbolo e melhor jogador do Brasil. E as seguidas crises de choro nos hinos e nas vitórias contra adversários até sem tradição, como o Chile.

Felipão percebeu o óbvio. Não sabia lidar com algo tão profundo. Ele é um motivador nato. Um técnico que faz do seu time uma família comprometida. Mas esse comprometimento que impôs ao time com 17 atletas que nunca disputaram uma Copa transbordou. Principalmente para Neymar.

Regina Brandão foi chamada às pressas. E ontem fez terapia intensiva com alguns jogadores. O capitão Thiago Silva teve a sua atenção. Como Neymar. O garoto de 22 anos acaba de demonstrar o quanto fez bem a sua consulta com ela. Aprendeu que não precisa ser louco para ser analisado.

Ganhou uma boa dose de confiança. E principalmente começou a enxergar melhor a situação. Esperta, Regina transformou a responsabilidade de disputar uma Copa em casa. Virou uma mera pelada com amigos, como as tantas que Neymar já jogou descalço, nas areias de Santos, Praia Grande, Suarão.

"A Copa tem de ser vista como um jogo no seu quintal contra um amigo. A gente se esforça tanto para ganhar para não ser zoado. Como se eu perdesse para o Chile, o Alex (Sánchez) iria me zoar (no Barcelona). Agora serei eu quem o irá zoar...”

"Sei que tenho de estar feliz por ter a chance de jogar uma Copa do Mundo perto dos meus  parentes, dos meus amigos, da minha  torcida. Isso é um privilégio, não um peso...”

"Tenho de me divertir, aproveitar. Estou fazendo o que tanto gosto que é jogar futebol. Não posso ficar pensando que se perder a Copa estou morto. Não vou estar.”

"Não posso reclamar de estar em uma Copa se era o meu maior sonho de menino. Não parava de falar para a minha família que era tudo o que eu queria. Disputar um Mundial e ser campeão como o Ronaldo foi. Estou tendo essa oportunidade. Tenho é de estar feliz, não reclamar de nada.”

"Além da diversão há a responsabilidade. O que é muito diferente da pressão. Meu pai me ensinou desde menino que treino é jogo. E jogo é guerra."

A entrevista da principal arma do Brasil na Copa trouxe alívio. O próprio Felipão havia dito aos seus seis jornalistas de confiança em Teresópolis que estava preocupado com Neymar. Ele era um dos seus dois principais alicerces do time. O outro era Thiago Silva. Os dois teriam se deixado levar pela pressão, pela obrigação de vencer a Copa.

Neymar aprendeu com seu choro incontrolável contra o Chile o quanto precisava de apoio, de força psicológica. E não estava louco. Só inseguro quanto qualquer ser humano. Era só elogios ao trabalho de Regina Brandão.

"Eu nunca havia feito e estou gostando bastante. Não somos só nós, do futebol, envolvidos com emoção todos os dias, que temos de fazer psicologia. Aconselho vocês a fazerem porque faz bem para a vida do ser humano, torna mais leve e tranquilo. A relação com a Regina Brandão é muito boa, é uma grande pessoa. Estou aprendendo muito e espero continuar fazendo".

A postura firme de Neymar deixou o ambiente na Seleção Brasileira mais seguro. O time é absolutamente dependente do talento do atacante. Sua ótima reação ao tratamento intensivo de Regina é um alívio.

Depois de se revelar mais forte e entendendo que responsabilidade não é sentença de morte, ele falou sobre outros aspectos fundamentais.

"Não sinto mais dores. Estou bem, pronto para jogar contra a Colômbia".

"O problema com o Fred é que os times estão marcando bem demais. A bola não está chegando nele. Temos de nos esforçar para deixá-lo 50 vezes na cara do gol. E ele irá marcar 51 gols."

Neymar não quis comprar a tese de que o time pode ficar melhor sem um atacante fixo. Sem Fred. O atacante do Fluminense tem uma ascensão sobre o time impressionante. Perguntado sobre o melhor rendimento do time nos poucos momentos de treino sem Fred, Neymar foi liso. Não defendeu a tese que a entrada de Willian foi melhor para o ataque.

"Eu me adapto a qualquer esquema. Só depende do que o nosso excelente técnico escolher".

No mais, fugiu do óbvio duelo que muitos quiseram criar com James Rodríguez da Colômbia. Destaque da Copa do Mundo, artilheiro e melhor jogador do adversário se sexta-feira. E também com apenas 22 anos.

"Ele é um grande jogador. Mas não me preocupo com ele. Mas sim com o time colombiano que é muito bom. O que me importa é o Brasil sair vencedor. Não com a minha atuação. Espero que o ciclo dele acabe agora e a seleção brasileira continue, com todo respeito, é claro".

Depois de 33 de coletiva, Neymar levantou mais leve. Estava mais do que transparente o que a sessão de análise tinha feito para o melhor jogador do Brasil. Foi uma lição para o retrógrado e preconceituoso futebol deste país. Análise é importantíssima em uma competição esportiva.

Neymar descobriu que não 'é coisa para louco'.

Já Felipão assumiu que seu número 10 não é uma máquina. E precisa sim de apoio psicológico. Mas profissional. Não só paternalismo. Santa Regina Brandão...


creator: cosmermoli
Publicado em: Wed, 02 Jul 2014 14:55:39 -0300
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