terça-feira, 8 de julho de 2014

Sem Neymar, Felipão virou o principal personagem da semifinal contra a fria e flamenguista Alemanha de Low. O jogo será uma guerra. Scolari decidirá se o Brasil entrará com um exército poderoso ou não...

Sem Neymar, Felipão virou o principal personagem da semifinal contra a fria e flamenguista Alemanha de Low. O jogo será uma guerra. Scolari decidirá se o Brasil entrará com um exército poderoso ou não...


Teresópolis...

O cenário está como Felipão aprendeu a crescer como treinador. Foi assim no Criciúma quando foi campeão da Copa do Brasil. No Grêmio, campeão da Libertadores. No Palmeiras, ao reconquistar a América. E na própria Seleção, que fez campeã do mundo em 2002.

O covarde golpe de joelho de Zúñiga em Neymar revolucionou a semifinal da Copa amanhã. A razão aponta para o favoritismo da Alemanha de Joachim Low. Os frios germânicos prepararam essa geração com o objetivo de ser campeã do mundo aqui no Brasil.

Low levou seus atletas para a Copa da Alemanha para ganhar experiência. Schweinsteiger tinha 25 anos, Thomas Muller, 20 anos, Özil, 21 anos, Lahm, 26, Kroos, 20 anos. Mesmo com o time jovem, os alemães foram terceiros colocados.

O trabalho foi muito elogiado. E ficou a certeza de que, quatro anos mais tarde, essa equipe estaria pronta para a consagração. O time fez uma ótima Eurocopa em 2012, mas caiu na semifinal diante da Itália por 2 a 1.

A pressão na Alemanha é para que o resultado venha aqui, com o título. Para isso é necessário vencer o Brasil. Havia uma preocupação imensa com o improviso de Neymar. Ele seria capaz de romper com o futebol pragmático, muitas vezes até mecânico mostrado nesta Copa.

A filosofia é simples de Low. Seu time busca vencer sem correr riscos desnecessários. Sem se preocupar com o espetáculo. Marcou 4 a 0 contra Portugal graças ao desespero do rival que entrou em paranoia após tomar o segundo gol. A equipe de Cristiano Ronaldo, que já era fraca, se escancarou taticamente. Foi um convite para a goleada.

No restante da Copa, empatou com Gana em 2 a 2. Depois vitórias por apenas um gol de vantagem. 1 a 0 contra os Estados Unidos. 2 a 1 em uma batalha épica contra a Argélia. E outro 1 a 0 frio, calculista contra a França.

O máximo que Low se permite quando o adversário está em momentos mais fracos é colocar seu time no 4-3-3. Durante quase todo a Copa, ele segue o esquema consagrado neste mundial e que tem igualado as partidas; 4-2-3-1.

Com o obsessivo preenchimento de espaço. Buscando evitar o desgaste com o clima quente. Os jogadores estão sentindo o desgaste do final de temporadas massacrantes na Europa. Por tudo isso, a Alemanha é o time mais consistente e frio dessa Copa do Mundo.

Encara a Copa com a mesma missão de um operário especializado que veio construir um carro. Sabendo da sua eficiência e não se deixando envolver emocionalmente com os jogos.

Neuer, Lahm, Boateng, Hummels e Howedes; Schweinsteiger e Khedira; Kroos , Ozil e Muller; Kloze. Esse a provável equipe de Low amanhã.

Ele precisa ganhar a Copa ou deverá ser demitido. Acumula bons trabalhos. Foi vice da Euro de 2008. Terceiro na Copa da África. E terceiro também na Euro de 2012. Os alemães exigem a conquista do Mundial. Já está na fila desde 1990, há 24 anos...

Em uma grande estupidez dos seus dirigentes, eles também cometem imbecilidades, a Alemanha usará a camisa inspirada no Flamengo. Rubro negra. O time carioca é dos mais odiados em Belo Horizonte. A rivalidade de atleticanos é histórica. Isso só dará mais força para os torcedores vibrarem pela Seleção nas arquibancadas.

Felipão é o técnico certo, perfeito nessas horas dramática. Ele sabe utilizar os recursos como um diretor de teatro. Sem o seu principal jogador, o treinador vai utilizar o fator emocional para provocar uma catarse. Fazer o time doar a alma para dar a Copa do Mundo pelo querido camisa 10, covardemente tirado dos jogos finais.

Como desestabilizar os nervos de aço alemães? Com uma estratégia que os incomode. Os tire da zona de conforto. Há como montar o time para o confronto. Comprar a guerra. Escalar o talentoso porém tímido William no lugar de Neymar. Colocar Dante na vaga do suspenso Thiago Silva. E não mexer na estrutura do time.

Júlio César, Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho; Hulk, Oscar e Willian; Fred.

Essa seria o time mais ofensivo. Mas também o mais exposto. É pior taticamente e mais inexperiente em todos os setores. Seria a de menor pegada. Sofreu contra os mexicanos e chilenos mesmo com Neymar.

O time mais indicado e que teria mais o espírito guerreiro é outro. A 'cara de Felipão' seria colocar três volantes firmes, cimentar a intermediária brasileira. Luiz Gustavo, Fernandinho e o renascido Paulinho. Não deixar jogadores talentosos como Kroos, Özil e Müller respirarem. Além de cobrirem as descidas de Marcelo e do racional Maicon, menos anárquico que Daniel Alves.

Na frente, Felipão teria de encarar a realidade. Parar de ficar pensando em roteiros de filmes para adolescentes. Fred não está em uma Sessão da Tarde, onde o final feliz é garantido. O Brasil disputa uma Copa e o seu definidor está mal demais. Fez apenas um gol em cinco partidas. Não tem mobilidade, nada acrescenta ao time.

Se Fred é mesmo o líder que todos apregoam, deveria colaborar. E não só aceitar passivamente ir para a reserva. Mas até propor a situação, o que nunca ocorrerá.

Para atacar a firme defesa alemã, o ideal seria o improviso. Oscar articulando pelo meio para Hulk pela direita e Willian pela esquerda. Com essa formação, Paulinho poderia voltar a ser o homem surpresa na área germânica. E Fernandinho teria espaço para chutar de fora da área.

Se Felipão fizer a mescla, três volantes, Oscar no meio e Hulk e Fred na frente, o caminho do contragolpe mais lento. Mais previsível. Mas ao menos, o time teria consistência do meio para trás.

Tudo isso poderia estar muito bem treinado. Mas o Brasil apostou na sorte. Não levou a sério a possibilidade de ficar sem Neymar. E agora o destino está batendo à porta. Ele está deitado com dores terríveis nas costas na sua mansão no Guarujá.

Em linha reta são exatamente 513 quilômetros que separam Neymar do Mineirão. O Guarujá de Belo Horizonte. Não adianta sonhar com infiltrações, pajelança, novenas. O principal talento do futebol brasileiro não vai jogar.

O principal personagem e que irá dar o tom nesta partida será o senhor Luiz Felipe Scolari. Que ele irá transformar o confronto em uma guerra não há a menor dúvida. Resta saber se ele escolherá seu exército mais forte, o mais competitivo. Ou o mais vulnerável por ligações sentimentais.

Contra a pragmática e poderosa Alemanha, o Brasil está nas mãos desse treinador de 65 anos. Seu segredo acabará daqui 24 horas. E terá consequências para a história do futebol mundial...

(Acaba o treinamento que seria decisivo para o jogo amanhã. Dante será o substituto de Thiago Silva. David Luiz passou a jogar pela direita. Essa troca era esperada. O insólito foi a volta de Daniel Alves entre os titulares. Maicon foi muito mais seguro contra a Colômbia...

Na granja Comary, sem privacidade alguma, ele usou várias formações táticas. Começou com três volantes, depois tirou Paulinho e colocou Willian no time. Depois Bernard na vaga de Oscar. E finalmente Jô na de Fred. Cada uma delas por dez minutos.

Por não ter um CT fechado, o Brasil vai entrar amanhã com uma escalação que treinou por dez minutos. Triste programação para uma partida que vale a chegada à final de uma Copa do Mundo...)


creator: cosmermoli
Publicado em: Mon, 07 Jul 2014 11:32:38 -0300
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