sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A selvageria das organizadas também se impõe em Santa Catarina. A morte de João Augusto Grah, apedrejado, não foi por acaso. A impunidade estimula vândalos e criminosos há muito tempo...

A selvageria das organizadas também se impõe em Santa Catarina. A morte de João Augusto Grah, apedrejado, não foi por acaso. A impunidade estimula vândalos e criminosos há muito tempo...



"2005 - Após uma partida entre Marcílio Dias e Joinville, pelo Campeonato Estadual, no Estádio Hercilío Luz, em Itajaí, Rafael Cesar Bueno, torcedor do JEC, levou um tiro na cabeça, em confronto com torcedores da Fúria Marcilista. Bueno perdeu a visão do olho direito. 2006 - Júlio César Ganzer da Cruz, torcedor do Joinville de 17 anos, morreu ao ser atingido, dentro do ônibus, por uma pedrada na BR-101, em Biguaçu. Ele voltava de um jogo entre JEC e Avaí. 2008 - Bomba atirada por torcedor do Avaí em direção à torcida do Criciúma, no Estádio Heriberto Hülse, atingiu o torcedor Ivo Costa. Na ocasião, seu Ivo, que já é falecido, perdeu a mão.
2008 - Torcida organizada do Coritiba ataca a sede de torcida organizada do Figueirense, em Florianópolis. 300 torcedores foram detidos pela PM por vandalismo. 2011 - Casa de presidente de torcida organizada do Figueirense é atingida por 13 tiros, disparados por um grupo de motociclistas.
2011 - Torcida organizada do Avaí entra em confronto com torcida organizada do Joinville nos arredores da Arena Joinville. 10 pessoas ficaram feridas e um sargento da PM teve traumatismo craniano. 2012 - Torcidas organizadas do Avaí e da Chapecoense se envolvem em confronto na sede de um dos grupos, em Chapecó. Três torcedores foram hospitalizados, um deles com um tiro de raspão no braço. 2013 - Briga entre torcedores do Atlético-PR e do Vasco na Arena Joinville, na última rodada do Brasileiro, repercutem no país inteiro. Quatro ficaram feridos, 40 envolvidos foram identificados pela Polícia Civil e três torcedores do Vasco foram presos. 2014 - Presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim de Pádua Peixoto Filho leva um soco de um torcedor no estacionamento do estádio Orlando Scarpelli, após jogo entre Marcílio Dias e Atlético de Ibirama. O carro dele também foi apedrejado.
2014 - Membros da organizada do Avaí são atacados na BR-101. Um torcedor é internado com escoriações graves. Membros da organizada do JEC postaram imagens comemorando o fato. Na Arena, houve também confusão, com dois torcedores feridos e carros depredados.
2014 - Torcedores do Sport brigam entre si no Scarpelli, em jogo contra o Figueirense, foram detidos e retirados do estádio."

Esse é um apanhado do jornal Diário Catarinense da crescente violência relacionada ao futebol em Santa Catarina. Fora do eixo Rio-São Paulo, as notícias não ganharam muita repercussão na mídia nacional. Só esporadicamente. Mas, infelizmente, desde quarta-feira, os catarinense voltaram a ganhar manchetes. De uma forma assustadora. O torcedor João Augusto Grah foi morto no Balneário Camburiú. Ele estava em um micro-ônibus no quilômetro 136 da rodovia BR 101. Voltava do Paraná, onde havia ido acompanhar a partida do seu time, Avaí, contra o Paraná Clube. Estava empolgado com a ótima campanha, segundo na classificação geral da Série B. A equipe havia empatado fora de casa, 1 a 1. A animação dos torcedores era grande. João estava em pé, conversando com o motorista. A janela estava aberta. O veículo estava perto do viaduto da rodovia Interpraias. Não poderiam imaginar que encima havia um pelotão de fuzilamento improvisado. Um carro havia parado e vários membros da torcida organizada Fúria Marcilista desceram carregando pedras com cerca de 30 centímetros. Esperavam por torcedores do Avaí. E assim que avistaram o micro-ônibus jogaram as pedras para baixo. Com raiva. Três delas acertaram o alvo. Uma delas atravessou o para-brisas e atingiu em cheio a cabeça de João. Desesperado, o motorista tentou salvá-lo. O levou para o hospital Ruth Cardoso, mas ele não resistiu e chegou morto. João tinha 27 anos. Trabalhava em uma empresa de informática em Florianópolis. E tudo que queria era acompanhar a caminhada do Avaí na volta para a Série A. Morava com a namorada Karina Assunção. Tentou convencer o primo e o tio para irem até Curitiba. Não conseguiu, foi sozinho. Após a partida, pediu para Karina ir buscá-lo no Terminal Cidade, ponto final do micro-ônibus. Havia escrito no whatsapp, entre Itajaí e Camburiú, que desejava chegar logo em casa. Não chegou.

As imagens do apedrejamento são chocantes. Mostram a banalidade com que a vida humana é tratada. A intenção por esses membros da organizada Fúria Marcilista era se vingar. A Polícia Civil catarinense descobriu que um carro de um torcedor desta torcida teria sido apedrejado por avaianos. Aquela seria a vingança. A Polícia Civil conseguiu deter dez suspeitos de terem jogados as pedras. Todos ligados à torcida Fúria Marcilista. Entre eles, um menor de 16 anos. A Federação Catarinense promete impedir o acesso da organizadas nos estádios. As empresas de ônibus não querem mais aceitar levar torcedores para jogos fora de Santa Catarina. Por medo da violência das organizadas. Santa Catarina é mais um estado vítima da impunidade, da falta de ação das autoridades. Há vândalos e criminosos infiltrados em suas organizadas. Como em todo o Brasil. Enquanto não houver uma ação dura, firme, tudo continuará como está. Também está na hora de dar um fim às estatísticas frias, que acalmam o coração. Não fazem perceber a gravidade, a selvageria do que acontece no país. João Augusto Grah tinha identidade, família, trabalhava e só queria ter o direito de torcer, acompanhar os jogos do clube que amava. Foi morto por isso. Com uma pedra que estourou sua cabeça. Atirada por alguém que não o conhecia. E nem queria conhecer. Era um inimigo. No facebook de João ele mostrava que, se dependesse dele, tudo seria diferente. A rivalidade acabaria no gramado. Para entender quem João era, vale ler a mensagem que escreveu no Facebook. No dia 4 de novembro de 2013, após a vitória por 4 a 0 do Figueirense contra o seu adorado Avaí. Não mostrava ressentimento. Desejo de vingança, ódio diante do rival. Entendia a graça da competição, mesmo na derrota. Queria celebrar o futebol. Reafirmar o orgulho de seu clube mesmo após tomar uma goleada. Não desejava mal a ningúem. Não imaginava que iria se tornar mais uma vítima fatal nesse país sem lei, paraíso da impunidade, que tanto incentiva vândalos e criminosos. Santa Catarina também está infectada pela violência gratuita, estúpida das organizadas como todo o Brasil "Hoje é dia de vestir o manto Avaiano. Porque viver de vitória, viver de título é muito fácil. É na hora difícil, na derrota que o verdadeiro torcedor tem que aparecer e abraçar o time. (...) Futebol da capital sempre foi assim, os dois alternando bons e maus momentos. (...) Ontem foi o dia do Figueirense. Apesar de não concordar com a atitude de alguns, acho que esse clima de festa e gozação é valido, faz parte do futebol. Mas aqui é Avaí Futebol Clube, como e aonde estiver! Abraço para os meus amigos alvinegros e avaianos..."




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Sep 2014 08:38:45
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