sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Vitória da decência no pleno do STJD. Grêmio fora da Copa do Brasil. Como os racistas prejudicaram o clube, dirigentes gremistas querem punição às equipes de torcedores homofóbicos. Negro não é macaco. E nem gaúcho é sinônimo de homossexual...

Vitória da decência no pleno do STJD. Grêmio fora da Copa do Brasil. Como os racistas prejudicaram o clube, dirigentes gremistas querem punição às equipes de torcedores homofóbicos. Negro não é macaco. E nem gaúcho é sinônimo de homossexual...




Quando um torcedor racista sentir vontade de gritar "macaco" ou "preto fedido" para um jogador negro pensará duas vezes. Os gritos de alguns fizeram com que o Grêmio fosse eliminado da Copa do Brasil. Os auditores do pleno do STJD minimizaram. Trocaram a palavra excluído pela expressão perda de três pontos. O que significa exatamente a mesma coisa, já que os gremistas perderam o primeiro jogo por 2 a 0. O clube gaúcho está fora de uma competição nacional por racismo de seus torcedores. A história foi feita no tribunal. Há agora oficialmente o precedente que faltava contra os racistas de plantão. Por mais que o STJD tenha tentado amenizar. Seus auditores disfarçarem. Enquanto falavam que não haveria "precedente", puniam o clube. Ou seja: falavam uma coisa e fazia outra. A CBF se apressou a divulgar que não haveria novo jogo, já que os gremistas tinham perdido seis pontos. E em um novo jogo contra o Santos só poderia chegar a três. Fim da Copa do Brasil para o clube gaúcho. Não adianta buscar o termo jurídico injúria racial para se esconder. Pessoas que comparam um negro a um macaco serão punidas. E punirão também os clubes que juram amar. Como é o caso de Patricia Moreira da Silva. Ela pode participar dos encontros públicos com negros onde quiser. Mas a imagem dela gritando, com raiva e nojo, "macaco" em direção ao negro goleiro santista Aranha ficará para sempre. Ela contribuiu muito para a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. Manchou a imagem do clube no país e no Exterior. A punição é mais do que justa. A decisão foi unânime. Por sete a zero. Foi por terra a esperança difundida por conselheiros gremistas na imprensa gaúcha. A certeza de uma reviravolta, com o clube perdendo apenas o mando de duas partidas. E ainda na Copa do Brasil de 2015. A notícia foi divulgada como certeza absoluta. A imagem do presidente Fábio Koff sorrindo chegando ao tribunal pareceu uma mensagem. A certeza de que tudo melhoraria para o seu clube. Ledo engano.

Os auditores foram fiéis ao comportamento inaceitável de alguns membros da torcida gremista. As imitações de macaco e os gritos racistas eram claros demais. Embora os discursos dos auditores não fossem taxativos como no primeiro julgamento, no STJD, o pleno condenou. Mostrou ser insuficiente a campanha do clube contra a discriminação dos negros. Racistas ainda frequentavam a sua arena e usando camisas, cachecóis tricolores. A figura de Patricia Moreira da Silva foi citada várias vezes. Depois do veredicto, Fabio Koff sabia. A perda é enorme ao clube que preside. E vai além da Copa do Brasil. A imagem fica desgastada demais. Ficará muito, muito mais difícil a venda do naming rights da arena. Que empresa quer colocar seu nome em um estádio frequentado por racistas? Mesmo que seja uma parcela ínfima da torcida gremista, os que ofenderam Aranha era adeptos do time gaúcho. O fato de Luiz Felipe Scolari ser o treinador do clube ajuda a difundir a sentença histórica no mundo todo. É comum ler nos portais internacionais: "clube de Felipão punido por racismo". O prejuízo para a imagem do Grêmio é gigantesco. Quando o Banrisul, banco do Estado do Rio Grande do Sul, decidir tirar seu patrocínio na camisa, não deverá ser fácil encontrar outro tão cedo. Fabio Koff se rendia à sentença. Mas avisava que ira cobrar o STJD em relação a qualquer outro ato de racismo. "Em primeiro lugar, houve uma decisão unânime no Tribunal. Temos que respeitar. Se é justa ou não, do ponto de vista da consciência popular e do senso comum, vamos aguardar outros inquéritos que estão aí de discriminações previstas na lei, se serão jugados com o rigor que o Grêmio foi julgado. Porque o Grêmio teve pena preventiva, não houve inquérito, e foi punido rigorosamente. Se isso indica que os outros expedientes que aguardam julgamento de outros clubes vão merecer o mesmo tratamento. Veremos. Se não houver, vou dizer que foi injusta. Até lá não vou me manifestar sobre a decisão."

Os advogados gremistas avisavam que daqui para a frente vão notificar qualquer ofensa que o clube receber. Principalmente os ligados à homofobia. "É uma pena pesada, um precedente perigoso. Temos que analisar se os demais casos serão analisados assim. Homofobia é igual ao racismo. Se há este tipo de caso, precisa ter o mesmo rigor", disse o advogado Gabriel Vieira. Já devia ter cobrado há mais tempo. E não esperado seu clube ser punido por atitudes racistas de alguns de seus torcedores. Gabriel tem razão. O coro de "gaúcho viado" infelizmente costuma acompanhar os jogos do Grêmio. E também do Inter. Gritado pelas torcidas adversárias. Dirigentes e jogadores gremistas e colorados precisam pressionar os árbitros a relatarem na súmula quando esse coro surgir novamente. Estádio de futebol não é um paraíso para a escória da sociedade. Onde tudo é permitido. O julgamento do pleno do STJD mostra isso. Jogador negro não pode ser comparado a macaco. E nem gaúcho é sinônimo de homossexual. O Brasil caminha lentamente em direção à modernidade. Torcidas organizadas ainda matam a pedradas, usam vasos sanitários como armas letais, sinalizadores. Tribunais esportivos precisam que as autoridades também façam seu papel. Tirem da sociedade os criminosos. Mas o dia é de comemoração. Não contra o Grêmio, um dos clubes mais importantes do País. Mas contra a discriminação, a intolerância racial. Quem decidir frequentar estádio de futebol no Brasil é preciso ter algo em mente. Não é porque um negro está atuando numa equipe adversária pode ser chamado de "macaco", "preto fedido". Caso contrário corre o risco de ser processado pela justiça, como Patricia Moreira da Silva será. E ainda prejudicará profundamente o seu próprio clube. Vitória da decência no pleno do STJD...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Sep 2014 14:06:21
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