sábado, 28 de fevereiro de 2015

Aos 25 anos, Alexandre Pato acordou. Percebeu que não é um príncipe. E sim um jogador que tinha muito futuro. Mas está totalmente desacreditado. Ou acorda para a vida ou aceita o fracasso...

Aos 25 anos, Alexandre Pato acordou. Percebeu que não é um príncipe. E sim um jogador que tinha muito futuro. Mas está totalmente desacreditado. Ou acorda para a vida ou aceita o fracasso...




"Se ele continuar a jogar como está fazendo, fica. Se não, sai do time. Comigo é simples. Não tem frescura." Esse é o resumo de Muricy Ramalho em relação a Alexandre Pato. O treinador se cansou. Não quer mais saber de teorias sobre as 14 lesões musculares que teve no Milan. No pouco tempo que o Internacional trabalhou seus fundamentos básicos, como cabeceio e chute. Como a sua personalidade instável, sua sensibilidade, falta de reação no maus momentos de um jogo, quando é bem marcado. E menos ainda sua mania de trocar de namoradas como troca de roupa. O treinador do São Paulo não deseja dribles exuberantes, lançamentos fantásticos, pose para bater lateral. Beijinhos para as tribunas, agora frequentadas por Fiorella Mattheis. Só agora, aos 25 anos, Alexandre Pato entendeu. A fórmula para voltar a ser respeitado é simples: marcar gols. Mesmo o empresário do jogador, Gilmar Veloz, sabe. Até hoje Pato sofre com a precipitação generalizada. Foi rotulado como craque cedo demais. Nas categorias de base do Internacional, surgiu de maneira avassaladora. Com tanto potencial ofensivo que, com 16 anos, disputou e ganhou o Brasileiro sub-20, contra adversários quatro anos mais velhos. Foi o artilheiro da competição. Foi escondido pela direção do clube gaúcho até que assinasse seu primeiro contrato como profissional. Na estreia, contra um pobre Palmeiras, em novembro de 2006. Com 17 anos marcou logo com um minuto de jogo, tabelando com Fernandão. Deu três assistências para gols e ainda acertou a trave do desesperado Marcos. Acabou inscrito com o número 11 no Campeonato Mundial. E quebrou o recorde de Pelé, como mais jovem atleta a marcar um gol em competição oficial da Fifa. Na semifinal da competição, ao abrir o placar contra o Al-Ahly. Tinha nada além do que 17 anos e cento e dois dias. A partir daí sua vida virou um pandemônio. Campeão mundial, foi vendido no ano seguinte por 24 milhões de euros, cerca de R$ 76 milhões. Na época, a segunda maior transação da história do futebol brasileiro. Só perdia para Denílson, que o São Paulo vendeu para o Bétis por 31,5 milhões de euros. Foi tratado a princípio com uma grande estrela na Itália. Chegou casado com a atriz global, Stheffani Britto. O casamento durou nove meses. A imprensa italiana alegou que ela não suportou as farras do marido com Ronaldinho Gaúcho. Pato logo sofreu uma sequência inacreditável de lesões musculares. Foram 14 em quatro anos e meio. Perdeu confiança. Ganhou a filha do bilionário dono do Milan e ex-primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, Barbara. Com a namorada, sua vida de glamour ofuscava a decepção nos gramados. Virou reserva de luxo no Milan. Na Seleção, não conseguiu convencer Dunga que mereceria disputar a Copa de 2010. Embora houvesse um enorme lobby da Nike por sua convocação. Chegou até a desfilar em Londres, mostrando o uniforme que o Brasil usaria na África. Mas foi deixado de lado. No Milan, os dirigentes haviam desistido dele. Por mais que fosse namorado do filha do dono do clube, não era mais útil. Surgiu a oportunidade da Nike o colocar no clube que havia acabado de ser campeão do mundo. O Corinthians. Seria uma excepcional oportunidade de marketing, já a equipe também tinha a fabricante de material esportivo como patrocinadora. Seria uma estratégia "excelente". Com certeza, acreditavam os gestores da carreira de Pato, o atacante se imporia no fraco futebol brasileiro. Marcaria gols e mais gols. A pressão popular obrigaria o técnico que estivesse comandando a Seleção a chamá-lo para a Copa de 2014. Seria muito mais fácil do que ficando na reserva na Itália.

Só que Tite não pediu e não queria a chegada dessa "estrela" que a Nike assegurava faltar no time campeão mundial. Pato chegou com salários de R$ 800 mil mais 40 mil de auxílio-moradia. Acabou rejeito pelo técnico, pelos jogadores, pelos torcedores. Na fatídica invasão das organizadas no ano passado, alguns vândalos cantavam em coro que iriam quebrar suas duas pernas, pelo péssimo futebol que mostrava no Corinthians. Pato ouviu trancado nos vestiários, tendo bancos de maneira colados à porta, para evitar que as organizadas o encontrasse. Sua passagem foi deprimente. Virou reserva, marcador de lateral esquerdo. Apesar disso foi convocado por Felipão. Teve a chance de se recuperar da péssima Olimpíadas que disputou em Londres. Ainda assim, fracassou. Perdeu a oportunidade de disputar mais uma Copa do Mundo. A do Brasil. Ao chegar ao São Paulo, Pato contou todas essas histórias. E mesmo pertencendo ao Corinthians até dezembro de 2016, ele jurou que para o Parque São Jorge não volta. Muricy e Rogério Ceni deram todo o apoio na troca. Só que outra vez, se mostrou inseguro. Não se firmou e ainda perdeu espaço depois que o clube contratou Alan Kardec. E Luís Fabiano parou de se contundir e colecionar infantis cartões amarelos e vermelhos. Alexandre Pato começou o ano desacreditado. Um pobre garoto milionário. Embolsando R$ 840 mil mensais. Mas esquecido. Clube algum da Europa tentou pagar 15 milhões de euros, cerca de R$ 47 milhões, que valia até dezembro do ano passado. Hoje, já vale, por contrato, um terço a menos: 10 milhões de euros, R$ 30 milhões. Nem assim. Sequer houve sondagens. A diretoria do São Paulo já poderia exercer o direito da compra. Mas vai decidir apenas em dezembro. Aos 25 anos, Pato finalmente percebeu que conto de fadas está se desfazendo. Gilmar Veloz, Muricy e Fiorella se juntaram. E trataram de encurralá-lo na parede. Ou a reação viria agora, ou que se conformasse com a mediocridade que conseguiu transformar sua carreira.

"Eu nem entendo tanto de futebol, mas a gente conversa bastante, tento ajudar ele no que eu posso fora de campo. Tem o lado psicológico, estou do lado dele, tenho que dar força. Enfim, tento participar um pouco", disse a atriz após a partida contra o Danubio, quando Pato marcou dois belos gols. Alexandre Pato é paparicado, sempre foi. Talentoso, chegou com uma grande descoberta ao Internacional. Tinha 11 anos quando deixou Pato Branco, pequena cidade paranaense onde nasceu. Protegido por técnicos, dirigentes, preparadores físicos, todos sabiam que ele valeria muito dinheiro. Só pensaram nisso. Deixaram de lado o aspecto psicológico. Por isso tanta dificuldade na hora de ser firmar como jogador. O ego e a insegurança o sabotaram. Pato está tentando resgatar o tempo perdido. Nos treinamentos está muito mais dedicado, concentrado, focado. Suas deficiências nas finalizações, sua precipitação, a afobação começam a ser dominadas. A aceitação pelo grupo de jogadores do São Paulo e por Muricy têm um peso enorme.

Por enquanto, Carlos Miguel Aidar não cogita comprar Pato. Tem até o final do ano para decidir se gasta ou não R$ 30 milhões com o atacante. O Corinthians já avisou que aceita parcelar. Os dirigentes no Parque São Jorge, principalmente, Andrés Sanchez, não enxergam a possibilidade de uma volta. A rejeição da torcida já era enorme. Ficou insuportável depois de tanto carinho que ele dedica ao São Paulo. O sucesso neste início de temporada de Pato parece repentino. Mas não é. Foi moldado a muita frustração, lágrimas de arrependimento, sacrifício do próprio ego. Apoio de Muricy, de Fiorella, de Gilmar Veloz. E, principalmente, fim do deslumbramento. Alexandre Pato olhou no espelho como homem e não mais como menino deslumbrado. Não viu um príncipe. E sim um jogador de futebol que tinha muito futuro e está completamente desacreditado. Precisa dar a vida para mudar essa certeza. Ou aceitar o fracasso...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 Feb 2015 12:26:09

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