quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Massacre da Record, com Gugu e Suzane Richthofen, diante do São Paulo na Libertadores, não é exceção. A Globo vulgarizou o calendário. Está matando o interesse sobre o futebol brasileiro. Por isso sua audiência despenca ano após ano...

Massacre da Record, com Gugu e Suzane Richthofen, diante do São Paulo na Libertadores, não é exceção. A Globo vulgarizou o calendário. Está matando o interesse sobre o futebol brasileiro. Por isso sua audiência despenca ano após ano...




Altos executivos da televisão brasileira aprenderam ao longo dos anos. Evitar, de todas as maneiras, levar grandes atrações ao ar quando a concorrente mostrasse futebol. Por décadas foi assim. Afinal, o esporte é o predileto do país. As conquistas, os grandes talentos, as vitórias costumavam prender a família por 90 minutos diante da televisão. Havia a certeza que na manhã seguinte, o jogo seria o assunto principal. Porém as decepções com a Seleção Brasileira, o estúpido calendário que vulgarizou os jogos dos clubes, a debandada dos craques, o horário cruel das 22 horas, os canais a cabo, os péssimos espetáculos. Esses elementos se juntaram para sabotar o interesse pelo futebol neste país. Dados demonstram o quanto despencou a audiência da Globo. A dona do monopólio do futebol perdeu cerca de 10 pontos na última década. E o interesse continua caindo. São dados assustadores. Que refletem. Menos patrocínios milionários nas camisas dos clubes, dificuldade de novas arenas como as do Corinthians, Grêmio e Internacional, Atlético Paranaense conseguirem empresas para pagar pelo naming rights. Não há interesse. Por isso houve tanta festa na Globo quando Corinthians e São Paulo, na semana passada, chegaram a 32 pontos de audiência. A partida, inédita pela Libertadores, bateu a final da Copa do Mundo de 2014. Alemanha e Argentina chegaram apenas a 29 pontos. O que deveria ser um desestímulo para a concorrência. Por exemplo para a TV Record. A emissora paulista resolveu colocar outra vez no ar, o apresentador Gugu e seu show de variedades. O acerto é que o programa será mostrado às terças, quartas e quinta-feiras. Como é de praxe, uma atração assim tão cara costuma ter um grande trunfo na sua estreia. E ele tinha. Uma entrevista exclusiva com Suzane von Richthofen. Ele arquitetou o assassinato do pai e da mãe pelo namorado e seu irmão, Daniel e Christian Cravinhos. Na noite do dia 31 de outubro de 2002, o engenheiro Manfred e a psquiatra Marisia von Richthofen dormiam. Foram mortos a pauladas. Depois de matá-los, o trio tentou forçar uma cena de assalto no quarto do casal. Suzane pretendia ficar com a herança dos pais, cerca de R$ 11 milhões. A trama, cometida no bairro nobre paulistano do Brooklin, foi desmascarada e depois de um dos julgamentos mais comentados na história do Brasil, veio a sentença. 39 anos para Suzane e Daniel. Cristian pegou 38 anos. O que levou uma jovem loira bonita, dona de uma vida de mordomias a arquitetar o cruel assassinato dos seus pais? A sua versão, depois da condenação, nunca veio a público. A curiosidade aumentou quando ela resolveu se casar com uma detenta Sandra Regina Ruiz Gomes. Condenada a 27 anos por sequestro e morte de um adolescente. Sandra trocou Elise Matsunaga, por Suzane. Elise está presa por ter matado e esquartejado o marido Marcos Matsunaga.

O caso é trágico, terrível. E desperta a atenção do brasileiro desde 2002. Qualquer dia que a entrevista exclusiva de Suzane, com direito à participação de Sandra, teria audiência. Se Gugu tem às terças, quartas e quintas para levar ao ar o depoimento, o manual básico da televisão não recomendaria justamente a quarta-feira. Dia no qual a maior concorrente da Record, a Globo estaria mostrando um jogo importantíssimo da Libertadores para a capital paulista. São Paulo e Danubio do Uruguai. Depois da derrota para o Corinthians, o clube tricampeão mundial não poderia sequer empatar o jogo. O interesse deveria ser enorme. Mas não houve esta preocupação. O futebol não assusta. Pelo contrário. Com a decadência na audiência, o que aconteceu na semana passada foi exceção. E a emissora paulista fez Gugu estrear sem medo. Bater de frente com São Paulo e Danúbio. A grande atração, a entrevista exclusiva de Susane ficaria guardada para a última hora. Enquanto a partida estivesse acontecendo. O resultado foi marcante. A Globo marcava 22 pontos com o início do jogo. Mas a audiência começou a despencar quando Gugu entrou no ar. Depois de uma hora, o programa já tinha 17,3 pontos contra 15,5 do futebol. E as pessoas não paravam de mudar de canal. Quando veio a entrevista, foi um massacre. A Record tinha 14,5 pontos contra 7,7 pontos da TV Globo. Os números do Ibope são preliminares. Há a tendência que a diferença seja ainda maior para a Record. O caso é marcante. A entrevista de Suzane despertaria a atenção do brasileiro em qualquer dia, qualquer horário. Mas quando se opta por enfrentar, sem medo, um jogo fundamental da Libertadores, há algo errado. Os patrocinadores que gastam mais de um bilhão de reais com o futebol na Globo precisam repensar. Cobrar uma atitude. Já que os executivos da Globo, que têm à sua disposição o calendário da CBF e da Conmebol, vulgarizam seus produtos. A influência de um bilhão de reais, nesta recessão, tem ressonância. A diretoria do São Paulo implora por um patrocinador master para sua camisa. Qual o interesse de uma empresa, assolada pela recessão, de colocar R$ 25 milhões por ano no clube? Quando nem pela Libertadores, em jogo importantíssimo, é capaz sequer de liderar a audiência no país? O que aconteceu ontem foi significativo para a Record, para o Programa do Gugu. Mas a parte esportiva, o futebol outra vez mostrou toda a sua fragilidade. O falta de cuidado do calendários, o número excessivo de jogos. Torneios decadentes que o tempo matou, como os estaduais vão além da perda de tempo. Viraram veneno para a audiência. Times grandes colocam equipes mistas reservas para enfrentar adversários insignificantes, de aluguel, montadas por empresários e prefeitos para divulgarem sua cidade.

O torcedor não é idiota. Não perde tempo com jogos que sabem não valer nada. Muito menos se dispõe a pagar para ver de perto equipes fracas, sem talento. Se for à noite, pior ainda, se expor à violência dos centros urbanos brasileiros. Expor esposa e filhos para ver um jogo ruim e ter de voltar para casa depois da meia-noite, para trabalhar no dia seguinte? A falência dos grandes clubes, por incompetência, irresponsabilidade e, muitas vezes, corrupção dos dirigentes. A debandada dos jogadores talentosos para a Europa, Oriente e até Estados Unidos. A certeza dos que ficaram por aqui não tem potencial para ir ou voltaram por não servir mais à elite do futebol mundial. O que já é ruim fica muito pior com o vulgar calendário que reserva horários nobres para partidas insignificantes. O que aconteceu ontem com o programa de Gugu não é um caso raro. Muito pelo contrário. O brasileiro comum está se cansando do futebol. Quatro arenas construídas para a Copa do Mundo não foram usadas nos estaduais de 2015. Não vale a pena, pelo custo, abrir o Castelão, a arena da Amazônia, o Mané Garrincha e a Fonte Nove. Elas seguem fechadas para os insignificantes torneios. Esperam pelo Brasileiro, pela Copa do Brasil. Mesmo no Morumbi, ontem, no jogo importantíssimo, o público foi de pouco mais de 16 mil torcedores. Os dirigentes são paulinos sonhavam com 35 mil pagantes. Uma decepção que está longe de ser exceção. Repare nas cadeiras vazias, atrás de Pato, nas fotos, enquanto ele comemora seus gols. Deprimente... As emissoras não temem mais o poder do futebol neste país. A Globo, que monopoliza o esporte, desde os tempos da Ditadura, conseguiu. Está matando sua galinha de ovos de ouro. Com a cumplicidade da CBF. E a covarde omissão dos dirigentes dos grandes clubes brasileiros...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Feb 2015 12:46:06

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