Em abril, há exatos seis meses, as rádios de Belo Horizonte garantiram. Jô já estava vendido para um clube da Alemanha. A transferência seria por 15 milhões de euros, cerca de R$ 45 milhões. Setoristas de jornais do Atlético Mineiro deixavam escapar. A negociação seria com o Borussia Dortmund. No início do treinamento do Brasil para a Copa, Jô estava feliz. Se dizia no melhor momento da sua carreira. E que devia tudo ao Atlético Mineiro. Dizia que só sairia se fosse bem para o clube. Ele sabia que das dificuldades financeiras, com o dinheiro da venda de Bernard retido pela Fazenda. Era um eufemismo óbvio que estava disposto a sair. Felipão garantia ao atacante que ele faria muito sucesso na Alemanha. Voltaria à Europa mais maduro, "pronto". A diretoria do Atlético Mineiro sentia a euforia pela chegada da Copa. O clima de vitória levou dirigentes experientes a tentar ganhar mais com Jô. Por que 15 milhões de euros e não 20 milhões?, sonhavam conselheiros mais animados. O Borussia desistiu de tentar o brasileiro. Fechou com o italiano Mobille, artilheiro do Campeonato Italiano de 2013. Por 19,4 milhões de euros, cerca de R$ 58,8 milhões. A notícia não abalou a Cidade do Galo. Afinal, haveria outras propostas. Com toda certeza, Felipão utilizaria Jô. E se tudo desse certo, o preço de um campeão do mundo dispararia. Só que acabou a ficção. Veio a realidade. A Seleção Brasileira foi um fiasco. E a participação de Jô, fraquíssima. Lógico que os empresários sumiram. Se esqueceram do atacante brasileiro reserva da Seleção Brasileira, que perdeu em casa por 7 a 1. Os reflexos da Copa atingiram em cheio a Jô. O jogador perdeu a motivação. Voltar ao Atlético Mineiro era algo que não esperava. Os treinamentos, as atuações eram decepcionantes. Sem entusiasmo, comprometimento. E havia mais. O técnico não era o compreensivo Cuca. Mas Levir Culpi. Ele foi contratado por Alexandre Kalil para acabar com a indisciplina, com a acomodação atleticana. O dirigente percebia algo parecido com o que havia acontecido no Corinthians, depois da conquista da Libertadores e do Mundial. 2013 foi um ano péssimo no Parque São Jorge. Kalil exige ao menos a classificação para a Libertadores de 2015. Levir percebeu que era hora de enfrentar o inevitável. O primeiro alvo foi Ronaldinho Gaúcho. O treinador se reuniu com o presidente do clube. E foi direto. O meia não estava rendendo. Seria melhor antecipar sua saída. E enquanto fosse algo amigável. O vivido jogador já percebia que não era mais peça fundamental na organização tática atleticana. E começava a criar problemas. Como quando foi liberado para atuar na despedida de Deco. Afirmou que perdeu o voo para Portugal. Mas não se reapresentou no clube, não treinou. Era chegada a hora. E foi feita a rescisão de contrato. Jô se sentiu sem seu grande parceiro. Ficou ainda mais fechado, incomodado.
Foi quando faltou a um treinamento em agosto. Kalil mandou avisar que estava multado em 40% dos seus salários. Recebe R$ 200 mil a cada 30 dias. Muito embora membros de sindicatos de atletas do país garantem que as multas dadas pelos clubes só podem chegar a 10%. Depois da punição, o jogador pediu desculpas. E prometeu que iria mudar. Realmente mudou. Seu futebol nunca esteve pior. Levir passou a deixar de considerá-lo fundamental à equipe. Sem movimentação, força, disposição nas partidas. Os gols sumiram. Há 22 jogos que Jô não consegue fazer um único tento a favor do Atlético. Seis meses. O treinador começou a não levá-lo para vários jogos. Não bastasse isso. Na semana passada, o atacante procurou a diretoria alegando estar com problemas particulares. Não treinou na sexta, no sábado. Não jogou contra o São Paulo no domingo. Mas veio a madrugada da segunda-feira. E onde ele estava? Na quadra da escola de samba Tradição, no Rio de Janeiro. Que tipo de problema particular é esse que o impede de jogar. Mas não de sambar pela madrugada? As fotos do jogador ao lado de fãs irritou demais os dirigentes. Afinal, amanhã o clube decide sua vida na Copa do Brasil no Independência.
O Atlético perdeu a primeira partida das quartas contra o Corinthians por 2 a 0. Levir Culpi queria força total. As fotos de Jô desviaram o foco do treinador por pouco tempo. Logo ontem, segunda de folga, já havia decidido que não o colocaria no jogo. Não queria perder o comando do time. Na manhã de hoje, Jô procurou o diretor de futebol, Eduardo Maluf. A conversa foi rápida. Quem define é Alexandre Kalil. O encontro talvez acontecesse hoje à tarde. Mas foi adiado. Provavelmente para quinta-feira. Jô soube hoje que Levir não o quer na partida de amanhã. Nem como reserva. Não o quis nem junto com os demais jogadores, concentrados. Não é segredo para ninguém que, se dependesse do técnico, Jô teria o seu contrato rescindido. Mas acontece que o Atlético gastou 1,5 milhão de euros, cerca de R$ 4,5 milhões por 50% dos direitos do jogador. O recuperou depois de ter sido dispensado por indisciplina do Internacional. E agora tem nas mãos um atacante sem ânimo, depressivo e indisciplinado. Seu contrato deveria terminar em 2015. A tendência é que seja dispensado. Deixou de ser fundamental há muito tempo na Cidade do Galo. Sua concentração no futebol foi embora com a Copa. Se sente contaminado pelo fracasso do time de Felipão. Tanto que o interesse de clubes europeus no seu futebol desapareceu. Ele está exatamente como no Internacional em maio de 2012. A história se repete. Perdeu muito de sua credibilidade na Cidade do Galo. Sambar na Tradição, em plena madrugada de segunda-feira, não foi exatamente uma bela atitude a tomar. Não com o clube tendo um jogo eliminatório dificílimo contra o Corinthians. Foi sumariamente cortado do grupo que irá se concentrar. Está muito perto de ter seu contrato rescindido. Se não for agora, não ficará no clube em 2015. Jô brincou com a sorte. Perdeu novamente. 2014 está sendo um ano inesquecível na sua carreira. Mas não como imaginava...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Oct 2014 17:58:13
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