quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Romário resume a superação do brasileiro. De bebê subnutrido, favelado a ídolo mundial. Senador da República, presidente do América. E já favorito a prefeito do Rio de Janeiro...

Romário resume a superação do brasileiro. De bebê subnutrido, favelado a ídolo mundial. Senador da República, presidente do América. E já favorito a prefeito do Rio de Janeiro...




"Não temos líderes na política brasileira. Depois que o presidente Lula terminou o seu segundo mandato, ficamos sem. A presidente Dilma está ainda tentando, aprendendo a exercer a liderança. Eu sempre tive essa minha personalidade forte, firme. Estou usando a minha experiência de vida na política brasileira e está dando certo." Essa afirmação é de Romário. Foi feita para mim, no México, no Pan de Guadalajara. Lá ele já começava a perceber que o caminho da política estava aberto. Havia muito espaço vago para uma pessoa com sua personalidade, seu carisma, seu poder de mobilização. E a coragem de dizer sempre o que quis, do alto dos seus alegados 1m67. Fiz outra entrevista longa com ele para a revista Vip. Foi no final da década de 90. Ele me disse de maneira espantosa. "Nasci em um favela aqui do Rio, a Jacarezinho. Meus pais não tinham dinheiro para comprar um carrinho. Sai do hospital dentro de uma caixa de sapatos. Era pequeno, do tamanho de um rato. Desde menino entendia o sacrifício dos meus país. Fizeram de tudo para me preparar para a vida. Eu sabia que seria algo importante." Romário aprendeu a sempre correr atrás do que desejava. Com paixão, paixão, volúpia para o buscar melhor. Inclusive quando o assunto é mulher. Ele me disse, desta vez falando para o Jornal da Tarde, de maneira direta o quando gosta do sexo oposto. Perguntei porque tantos casamentos. "Só vou responder se você colocar do jeito que eu disser. Sem amenizar", disse provocativo. Tive de aceitar. "Os meus relacionamentos são simples. Enquanto tiver paixão, eu continuo. Por que eu gosto de f... Dentro do carro, na praia, onde for. Se for para dar beijo na bochecha, vou dar na minha mãe." Ele era o principal jogador do Vasco e não um senador da República. Sem querer causei um enorme problema para ele na sua carreira. Quando ele foi convocado para um amistoso contra a Alemanha em Porto Alegre por Parreira, foi colocado como reserva. Era dezembro de 1992. Parreira escalou a equipe. No ataque, como centroavante na época, Careca. Perguntei, lógico, após o treinamento. "Como é que você se sente, vindo da Holanda até o Rio Grande do Sul. Só para ficar na reserva?" Pronto, acendi o pavio. "Se fosse para ficar na reserva, não deveriam nem ter me chamado."

Foi o caos, Parreira ficou irritadíssimo. E tratou de deixar Romário de fora de quase todas as eliminatórias. Elas foram sofridas. O Brasil precisava desesperadamente vencer o Uruguai. Ou poderia ficar de fora da Copa de 1994. A pressão foi enorme para a volta do atacante, um dos melhores do mundo no Barcelona. Foi convocado e teve uma atuação fantástica. Decidiu a partida para a Seleção. Naquela época, repórteres de jornal podiam entrar no gramado após o jogo. Eu estava lá quando Romário correu para o vestiário. Fui no seu encalço. Guardas me seguraram, impediram que continuasse a perseguir o atacante. Foi a única vez na minha vida que tive de agradecer a Ricardo Teixeira. O presidente da CBF me viu e como tinha imposto a Parreira a convocação de Romário, queria que suas palavras fossem estampadas no jornal. Ele pediu aos guardas para me soltarem e e autorizou o atacante a desabafar. "Sabia que iria ajudar o Brasil. Vim aqui para isso. E vou fazer mais na Copa." Falou e suas declarações foram proféticas. Em 1998, Romário chorou muito com o corte. O futevôlei sabotou sua panturrilha. E não pôde disputar a Copa da França. Suas lágrimas incendiaram a concentração. Cansamos de perguntar a Zico e a Zagallo se eles haviam prometido que esperariam pela recuperação do atacante durante o Mundial. E a negativa foi sempre veemente. Romário se vingou. Pediu a um desenhista fazer a caricatura da dupla em portas de uma boate que ele era sócio. Romário era muito ligado ao seu pai Edevair. Ele era torcedor de verdade do América do Rio. O pedido que atuasse como jogador do clube foi atendido. Mas apenas em 2009. No ano anterior, o pai havia falecido. Ele nunca se contentou em apenas aquela homenagem. Foi quando surgiu a chance de virar nada menos do que presidente do tradicional, mas combalido clube carioca. Romário disse que aceitaria disputar o cargo. Desde que não houvesse concorrentes e tivesse de fazer campanha. Foi aceito. A eleição aconteceu ontem. Teve 194 votos e cinco nulo. Oficialmente o cargo será dele em novembro, quando será aclamado pelo Conselho Deliberativo. O time está na Série B do Carioca. A presença do ex-jogador é vista como um atrativo para patrocinadores. O sonho de Romário é fazer a equipe disputar as principais séries do Campeonato Carioca e Brasileiro.

Ao ser eleito deputado federal, Romário tinha um sonho. Ser prefeito do Rio de Janeiro. Ele acreditava que precisava revolucionar sua cidade. Só que a eleição acontecerá apenas em 2016. Foi quando surgiu a possibilidade de sair candidato ao Senado. Tinha de enfrentar César Maia, três vezes prefeito carioca. Uma raposa política. O total de votos foi de 4 milhões e seiscentos mil votos. 63% contra 20% de Maia. "Com 4 milhões e 683 mil e 572 votos. Sou o senador mais bem votado da história do Estado do Rio de Janeiro. Meus pais, nem no melhor dos cenários, imaginariam que aquele menino que saiu da maternidade numa caixa de sapatos, ocuparia um dos cargos mais altos da República. Driblei a pobreza jogando futebol e, apesar de muitos torcerem o nariz, eu me orgulho muito disso. O futebol ainda é um esporte criminalizado, muitos nem consideram jogador de futebol um atleta, mas eu estou aqui para vencer barreiras e quebrar paradigmas. Só tenho a agradecer as pessoas que me confiaram o voto. Este cenário eleitoral comprova que a população cansou de votar em bem nascidos e querem ver o seu espelho no Congresso. Hoje, entra para história um ex-favelado que virou senador da República. Obrigado." Romário agradeceu na sua página da Internet. Virou um dos maiores fenômenos da última eleição. Com problemas com PSB é assediado por vários partidos. Todos o querem como representante na luta pela prefeitura carioca. Inclusive já é favorito nessa nova corrida eleitoral. Aos 48 anos ele tem tudo para ter um futuro enorme na política. Se Marina Silva fosse eleita presidente, o queria no Ministério dos Esportes.

Como deputado federal, ele já massacrava a CBF, Marin, Marco Polo del Nero, Gilmar Rinaldi. Agora senador, os ataques irão até se intensificar. Não se conforma por ter sido enganado pela CBF e Fifa. Os 32 mil ingressos reservados para a Copa a pessoas deficientes nunca viraram realidade. "Essa dupla, Marin e Del Nero, não entende nada de futebol brasileiro e não quer fazer o bem ao nosso esporte", disse ao SBT. Senador da República e presidente do América, Romário quer e pode muito mais. Ocupa exatamente a lacuna que deixou claro existir no cenário político. Faltam líderes. O bebê que, subnutrido, saiu do hospital dentro de uma caixa de sapatos chegou onde jamais poderiam supor Lita e Edevanir. Ele é o retrato do poder de superação do brasileiro...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Oct 2014 13:31:40
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