sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Mario Gobbi fez o que pôde por Mano Menezes. Mas não conseguiu garantir o técnico em 2015 no Corinthians. Os candidatos à presidência, tanto da situação como oposição, querem Tite. Gobbi descobriu a sua força política: nenhuma...

Mario Gobbi fez o que pôde por Mano Menezes. Mas não conseguiu garantir o técnico em 2015 no Corinthians. Os candidatos à presidência, tanto da situação como oposição, querem Tite. Gobbi descobriu a sua força política: nenhuma...




Mario Gobbi finalmente entendeu. Nenhum dos candidatos a presidente do Corinthians quer Mano Menezes. Gobbi tentou de qualquer maneira prorrogar a permanência do técnico. Fora a competência que ele vê no treinador, até por consideração ao seu grande amigo, Carlos Leite. O empresário de Mano já chegou até a emprestar dinheiro do próprio bolso ao clube, quando estava na Segunda Divisão. Gobbi era o vice de futebol. E aceitou embevecido a ajuda. Não se ateve ao fato de que Leite emprestou dinheiro para que fossem contratados jogadores seus: Welington Saci e Eduardo Ramos. O candidato da situação, Roberto de Andrade, o da oposição Paulo Garcia e até o independente Ilmar Schiavenato querem Tite. A sombra da conquista da Libertadores, de forma invicta, e do Mundial de clubes foi grande demais para Mano Menezes. E Gobbi foi insistente. Tentou convencer Andrade e Garcia do talento do atual técnico. "Eu não pensaria duas vezes em renovar seu contrato. É um dos melhores do Brasil. Ele fez uma reformulação no elenco. Teria todas as condições de colher os resultados no próximo ano", repete a cada entrevista o presidente. Esta estranha obsessão por Mano tem razão de ser. Gobbi foi responsável pela dispensa de Tite. O mesmo treinador que conquistou os títulos que o dirigente se vangloria, acabou sendo tratado sem consideração. Não houve perdão pela temporada titubeante de 2013. O presidente negou de pés juntos, só que conselheiros, membros da diretoria, e principalmente, o próprio Tite acreditam. Os contatos com Mano foram feitos antes da demissão do campeão da Libertadores e do Mundial. Do homem que possibilitou a Gobbi ironizar Blatter e Platini depois da vitória diante do poderoso Chelsea no Japão. "Eu batia no ombro do Blatter e perguntava. "O que aconteceu? O mundo está preto e branco. E para o Platini eu disse que se ele reencarnasse milhares de vezes ele nunca veria de novo a cena. Um time do Brasil levar 50 mil pessoas para um estádio no Japão. O cerimonial pedia para eu ficar na tribuna após o jogo. Mas avisei para sair da minha frente. E fui comemorar com os jogadores. Foi uma festa", relembrou o presidente à ESPN.

Mas ele comemorou muito também com Tite. Abraçou, beijou, pulou junto como uma criança junto ao treinador. Falou no seu ouvido que era o "melhor do mundo". Além disso ouviu o apelo de Gobbi quando Mano Menezes foi mandado embora da Seleção Brasileira. Havia no Parque São Jorge a certeza que Tite seria o convidado por Marin. O presidente conversou com o técnico e pediu para que ele seguisse no clube, que o Corinthians precisava dele. Tite se lembra muito bem dessas passagens. Por isso não perdoa a maneira descuidada que Gobbi mandou avisar que não renovaria seu contrato. Fiel, não abriu a boca para reclamar. Mas ficou abalado, sofreu muito com seus familiares. Gobbi apresentou, com toda a alegria do mundo, a volta de Mano. Ele tem mais intimidade com o atual treinador corintiano. Foi ele quem o ajudou a compreender o que acontecia ao redor de Mario. Sua chegada à vice-presidência do Corinthians foi uma mera compensação de Andrés Sanchez. Gobbi queria de verdade era ser presidente do Conselho Deliberativo. Andrés o apoiou. Mas não houve como conseguir a sua eleição. A saída foi lhe dar o cargo. "Eu já aviso logo que não entendo nada de futebol", confessou Mario. E se agarrou a Mano, Carlos Leite e a Andrés. Os três o ensinaram como tudo funciona. Pelo menos, na visão do trio. A vida seguiu. Gobbi se indispôs com Andrés. O delegado acreditou que o ex-presidente estava querendo mandar demais no clube. Mesmo "mestre de obra do Itaquerão, como Carlos Miguel Aidar se refere a Andrés, o mentor não permitia que o seu pupilo andasse com as próprias pernas. Foi quando Gobbi deu um basta. Não queria conviver com os amigos mais chegados de Andrés. E passou a não receber palpites de Manuel Evangelista, o Mané da Carne (o apelido nasceu por ser dono de açougues) e André Negão, ex-bicheiro. Também minimizou a importância do vice de futebol Roberto de Andrade e do adjunto Duílio Monteiro Alves. Tanto que os dois pediram demissão.

Gobbi ficou isolado. Buscou novos parceiros. Transformou o secretário-geral do clube, Ronaldo Ximenez, no homem do futebol. Mas quem passou a tomar as decisões importantes foi o próprio presidente. Aprendeu a ser centralizador com Andrés. Tenta agora se reaproximar de Mané da Carne, lhe convidar para viajar com o time. Mas a aliança é artificial. Não foi preciso ser um gênio para Mario perceber que as organizadas querem Mano Menezes longe do clube. Foram protestos e vários pedidos na sua própria sala. Sim, o delegado recebe as organizadas no Corinthians. Mano é considerado arrogante pelos chefes das principais facções. Embora também não se submeta a explicar suas decisões aos torcedores, Tite sempre foi muito mais afável. Com os péssimos resultados no Paulista e na Copa do Brasil e a certeza de que o Corinthians nãos será campeão brasileiro, Mano virou alvo fácil demais. O técnico entendeu de vez que não há saída. Terá de procurar outro lugar para trabalhar, como o blog vem avisando desde o meio do ano. Não há uma liderança no Parque São Jorge, com exceção de Gobbi, que tolere o atual treinador. É algo impressionante. Tudo piorou com levantamentos mostrando que ele é o treinador mais bem pago do país. Os valores oscilam. O meu amigo Ricardo Perrone jura que é R$ 633 mil. Eu, como a Pluri consultoria, ouço de pessoas que acompanham bem de perto a finança corintiana, que ele recebe R$ 500 mil. Ganha o mesmo que Muricy e Abel Braga. É muito provável que Mano arrume as suas coisas logo após o Brasileiro. Não há lógica ficar até o dia 31 de dezembro. Tite no seu quase assegurado retorno não seguirá as determinações de Mano. Muito menos usará os jogadores que ele escolher. Gobbi acreditava que existiriam dois meses de transição, com o time nas mãos do auxiliar Silvinho. Mas ele está entendendo que será um tiro no pé. Pode comprometer toda a próxima temporada. Uma maneira e burlar a decisão do Conselho Deliberativo, que exigiu que a eleição ocorra em fevereiro, será se Mano for embora assim que acabar o Brasileiro. E confirmar com Andrade e Garcia se Tite é mesmo unanimidade. E acertar um contrato com o técnico. Seria melhor para o Corinthians. O único obstáculo está no salário de dezembro. Mano não quer virar as costas para R$ 500 mil. Se aceitar pagar integralmente, tudo resolvido. Se não, quase três semanas de desperdício. Com Mano vagando pelo Parque São Jorge. "walking dead". Alguém cujas decisões não interessam ao novo presidente corintiano. Seja ele qual for. Gobbi é tão execrado por pagar a metade dos salários de Pato e Emerson Sheik que tem receio de bancar dezembro integralmente a Mano. Por ele, o técnico fica até o dia 31 de janeiro. A partir daí, o problema passa a ser dos candidatos à sua sucessão. O atual presidente já jurou que irá se afastar da vida política do Corinthians após eleição de um sucessor. Só que a verdade completa não é bem essa. Não há espaço para Mario Gobbi em qualquer ala do clube. Ele conseguiu se queimar com a situação. E a oposição o quer longe. Não é ele que não quer o Parque São Jorge. É o Parque São Jorge que não o deseja mais. Ele que aproveite bem as fotos beijando as taças da Libertadores e a do Mundial. Sempre abraçado a Tite, o treinador a quem virou as costas. Para quem ainda duvida, vale a pena lembrar as frases que Gobbi disse ao Diário de São Paulo e foram publicadas no dia 18 de julho de 2013. Perguntado se Tite sairia em dezembro do ano passado. "Pode escrever uma coisa: o Tite vai ficar comigo aqui até o fim do meu mandato, em dezembro do ano que vem. Eu não abro mão dele. O Tite só sai sobre o meu cadáver." Tite foi embora em dezembro de 2013. E Gobbi não virou cadáver...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 31 Oct 2014 04:45:02
Ler mais aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário