terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Governos municipal e estadual negam metrô para torcedor comum são paulino. Só corintianos e membros de organizadas terão transporte e segurança garantidos no Itaquerão. Vergonha...

Governos municipal e estadual negam metrô para torcedor comum são paulino. Só corintianos e membros de organizadas terão transporte e segurança garantidos no Itaquerão. Vergonha...




A situação é patética. E mostra como é cada vez mais difícil organizar jogos importantes com o envolvimento de duas torcidas. Corinthians e São Paulo se enfrentarão amanhã, pela primeira vez, na Libertadores da América. A previsão é que 38 mil pessoas estejam no Itaquerão. O estádio, na Zona Leste, fica a 23 quilômetros do centro da capital paulista. Por exigência da TV Globo, a partida começará depois de sua "novela das nove", ou seja, às 22 horas. Deve terminar por volta da meia-noite. Seguindo acordo entre o Corinthians, a prefeitura e o governo estadual, a linha que serve Itaquera até a Barra Funda funcionará até meia-noite e meia. O acordo não previu clássicos. Só houve a preocupação com torcedores corintianos. O que acontecerá amanhã será bizarro. A Polícia Militar segurará no estádio os são paulinos. Por meia hora, no mínimo. Até que todos os corintianos saiam do Itaquerão e embarquem no metrô. Só depois que a estação for fechada, os são paulinos poderão sair. Só que não haverá transporte público na frente do estádio. A saída será andar cerca de 40 minutos até o Tatuapé, de madrugada, e tentar encontrar um ônibus. Será neste bairro, aliás, que as organizadas são paulinas deixarão seus ônibus. Ou seja, o torcedor comum do São Paulo, que depender do transporte público, foi completamente esquecido na organização do importantíssimo clássico. Carlos Miguel Aidar usou seus assessores para vazar para a imprensa: jura que procurou a Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo. Ele buscava a extensão do horário do metrô de Itaquera. Que pelo menos funcionasse até a uma da manhã, já que os são paulinos ficarão presos no estádio até que os corintianos possam ir embora.

A resposta, de acordo com o dirigente, foi absurda. O horário do metrô seria o mesmo de todos os jogos no Itaquerão, até a meia-noite e meia. Ponto final. Se o São Paulo está preocupado com seus torcedores, que alugue, por conta própria, ônibus que os leve até o centro. Ou seja, uma das principais acusações feitas pelo Ministério Público, em relação à violência das organizadas, é o envolvimento dos clubes com os torcedores. Aí vem a Secretaria da Segurança Pública e a Segurança dos Transportes de São Paulo sugerir que a diretoria do São Paulo pague o aluguel de ônibus à torcida. Inacreditável. Aidar garante que não vai alugar. Ou seja, os cerca de dois mil torcedores do São Paulo que irão ao Itaquerão amanhã deverão ser todos de organizadas. Porque só elas têm como chegar e ir embora do estádio. Os membros das faccões deverão ir de ônibus até o Tatuapé e andar a pé até o estádio. E na volta, de madrugada, fazer o mesmo trajeto. Sempre escoltados pela Polícia Militar. O são paulino comum ou vai de carro, se misturando aos 36 mil corintianos espalhados pela arena, ou não vai. Aidar não percebeu o óbvio. A Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria dos Transportes e a PM não querem que o são paulinos tenham acesso ao metrô. Porque se tiverem não há como controlar emboscadas das organizadas corintiana. Policiais sabem que a rivalidade entre as duas torcidas é enorme, violenta. E o metrô é sempre palco de conflitos. Não há como a PM colocar efetivo em todas as estações após o jogo para evitar brigas, depredações. A mensagem é clara. Nos clássicos noturnos no Itaquerão, não há lugares para torcedores adversários comuns. A situação favorece os membros das organizadas. Eles podem se deslocar a pé para o Tatuapé após os jogos. Só duas mil pessoas juntas, e com a escolta de centenas de soldados da Polícia Militar, há segurança para andar 40 minutos de madrugada em São Paulo. Seja na Zona Leste ou em qualquer parte da cidade, dominada pela violência. Infelizmente fica cada vez mais cristalina a situação. As organizadas são as únicas beneficiadas e que têm seu direito garantido nos clássicos em São Paulo. O torcedor comum que deseje acompanhar um jogo no estádio adversário fica exposto à própria sorte. Sem segurança alguma. O Ministério Público paulista insiste. A melhor saída para São Paulo é seguir o caminho dos mineiros. E, enquanto a legislação for frouxa, permissiva, ultrapassada, e não garantir punições severas aos vândalos, os clássicos deveriam ter torcida única. Só com torcedores do time da casa, até as famílias ficariam mais seguras em ir aos estádios. Porque não haveria chance de confrontos. Não só nas arenas, mas nos trajetos de ida e volta. Enquanto isso não acontece, São Paulo festeja sua hipocrisia. No Itaquerão amanhã deverão estar cerca de 38 mil corintianos. Do lado adversário, dois mil torcedores de várias facções organizadas. O são paulino comum estará bem longe de um dos mais importantes clássicos entre os dois clubes. A cidade não oferece dois requisitos básicos: transporte e, principalmente, segurança...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Feb 2015 11:30:33

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