quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Polícia Militar e a Arena Minas serviram como bode expiatórios. O STJD fez um carinho no Cruzeiro e no Atlético. A selvageria de suas organizadas no Mineirão custou apenas um jogo de suspensão. A sentença só incentiva violência nos estádios...

A Polícia Militar e a Arena Minas serviram como bode expiatórios. O STJD fez um carinho no Cruzeiro e no Atlético. A selvageria de suas organizadas no Mineirão custou apenas um jogo de suspensão. A sentença só incentiva violência nos estádios...




As diretorias do Cruzeiro e do Atlético Mineiro têm mesmo motivo para comemorar. O STJD foi brando demais pela selvageria das suas organizadas no clássico do dia 21 de setembro. Diante da troca de disparos de rojão, roubo, tentativa de invasão do setor adversário, cenas de vandalismo em lanchonete, a punição foi um carinho. Pena de apenas perda de um jogo de mando e multa de R$ 50 mil. A Polícia Militar mineira e a Minas Arena foram os bodes expiatórios perfeitos. Os advogados dos dois clubes seguiram o mesmo caminho. Acusaram a polícia de soltar bombas. E a Minas Arena pela absurda revista que permitiu a entrada de rojões, sinalizadores e até soco inglês. Foram firmes. Contaram com depoimentos contundentes de dois rivais históricos. Gilvan Tavares e Alexandre Kalil se uniram para atacar as suas próprias organizadas. Além do trabalho da PM e da administradora do estádio. Fizeram um ótimo trabalho, livrando seus clubes.

"Torcida organizada, hoje, pelos bandidos que se infiltram nela, virou caso de polícia. Eles só estão ali pelas receitas que ela gera. Por isso mandamos parar de usar símbolos do Cruzeiro. Mais que isso não dá para fazer. Estamos fazendo o máximo para que as organizadas não atrapalhem o espetáculo." Gilvan Tavares reafirmou que o seu Cruzeiro não tem e não quer mais o mínimo contato com seus torcedores. Disse que cortou qualquer auxílio financeiro como aluguel de ônibus e distribuição de ingressos. E até proibiu judicialmente que usem camisas com os símbolos cruzeirenses. O rompimento definitivo aconteceu quando brigas e arrastões que começaram nas organizadas impediram a festa de comemoração do Brasileiro de 2014. "Eles não soltam só bomba não, fumam maconha, usam crack. Mas é crianças que são impedidas de entrar com jogadores. As organizadas continuam lá, isso é que eu não entendo." Alexandre Kalil foi direto. Acusou o uso de drogas por torcedores. E já avisou que o Atlético Mineiro abrirá mão dos 10% de ingressos que teria direito nos próximos clássicos com o Cruzeiro. Advogados e dirigentes dos dois clubes seguiram pelo mesmo caminho. Não negaram por um instante sequer a confusão durante o jogo. Com direito até ao técnico Levir Culpi deixar o banco de reserva atleticano. E implorar para os torcedores do seu clube não jogarem mais rojões nas organizadas cruzeirenses.

A punição tinha de ser mais pesada. Está bem claro pela legislação que, no futebol brasileiro, os clubes pagam por atos de suas torcidas. O que aconteceu no Mineirão foi deprimente. Barbárie pura que começou tiros atingindo quatro torcedores atleticanos que estavam parados em um ponto de ônibus. Por pura sorte nenhum deles foi morto. A polícia mineira prendeu um integrante da Máfia Azul, torcida organizada cruzeirense como um dos autores dos disparos. Chegou até ele pelas câmeras de segurança, que filmaram o seu Gol vermelho. A notícia se espalhou. Chegou aos torcedores organizados que estavam no Mineirão. E aí foi a briga, o ódio entre os dois lados. E um trabalho bizarro, amador. Tanto dos seguranças da Minas Arena, omissos. E com a PM jogando bombas de efeitos moral para conter os torcedores. Essas bombas serviram como tábua de salvação para Cruzeiro e Atlético Mineiro. Serviram para os advogados desmoralizarem a súmula do árbitro Marcelo de Lima Henrique, claríssima sobre o que aconteceu. "Interrompi a partida aos 41 minutos do primeiro tempo, após ouvir estouros de artefatos explosivos que vinham da divisa das duas torcidas. Solicitei a administração do estádio e ao policiamento encarregado, que tomassem as devidas providências para o prosseguimento da mesma. (...) Ao final da partida fui informado pelo sargento PM Bárcaro, comandante do policiamento interno do estádio, que os artefatos explosivos foram lançados pelas torcidas Galoucura do Clube Atlético Mineiro e Pavilhão Independente do Cruzeiro Esporte Clube, uma contra a outra, não sabendo precisar quem iniciou o citado confronto." Como a PM assumiu ter jogado bombas contra os torcedores, foi aceito que pelo STJD que foram elas que foram ouvidas. Foi desprezado o fato de a PM ter apreendido vários rojões com as organizadas. Havia ainda sinalizador e soco inglês, de ferro.

Mesmo diante de tantas evidências, o Cruzeiro enfrentará o Palmeiras mais de cem quilômetros longe do Mineirão. E o Atlético jogará com o São Paulo também longe do Independência. E vida que segue. A promotoria do STJD não se conformou com a sentença tão branda e promete recorrer. Mas normalmente as sentenças não são mudadas. Tudo deve ficar como está. O Ministério Público de Minas Gerais baniu por seis meses as organizadas Máfia Azul, Pavilhão Independente (do Cruzeiro) e Galoucura do Atlético Mineiro. Seus membros poderão entrar nos estádios. Mas sem camisetas, faixas ou nada que representem as torcidas. As organizadas prometem recorrer na justiça contra a decisão do MP. Talvez, se seus advogados colocarem a culpa na PM e na Minas Arena, consigam reverter a sentença. E possam respirar aliviadas como as diretorias do Cruzeiro e Atlético fazem agora, agraciadas com uma punição branda demais. O julgamento deveria ser exemplar. Servir como alerta para as torcidas de todo o país. A chance de travar os vândalos nos estádios brasileiros foi jogada na lata do lixo pelo complacente STJD...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 01 Oct 2014 17:59:48
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