
Por um triz Daniel Alves não saiu do Barcelona. Depois de seis anos como titular absoluto, ídolo da torcida catalã e frequente assíduo em criativas propagandas da Adidas, perdeu grande parte da moral. Só não foi como contrapeso para o Paris Saint Germain na troca com Marquinhos porque não houve acerto com o zagueiro. A chegada do novo técnico Luiz Henrique foi fundamental paras que o brasileiro permanecesse. Mas jornalistas espanhóis garantem que ele não emplaca a temporada 2014/2015. Vai sair de qualquer maneira. A contratação de Douglas já é um indício que não deve ser desprezado. Por que o lateral sofreu tanto desprestígio? Por causa da Copa do Mundo. Ele chegou ao país como uma das estrelas de Luiz Felipe Scolari. Fez propagandas, mostrou seu guarda-roupa excêntrico, sua coleção de óculos escuros e tatuagens. Um superstar. Sabia que não deveria ter concorrência. Maicon estava abaixo fisicamente. Deveria ser apenas uma opção que entraria no último caso. Porém o lateral do Barcelona foi titular até o jogo contra o Chile. Depois foi para o banco de reservas e de lá não mais saiu. Assistiu a Seleção ganhar da Colômbia, ser humilhada pela Alemanha e Holanda. Mesmo depois de mais de três meses, a mágoa não passou. Ele ainda não se conforma. Não pelos vexames da Seleção. Mas pela maneira com que foi tratado por Luiz Felipe Scolari. Os dois têm o mesmo assessor de imprensa. Sempre foram muito próximos. Daniel Alves fez vários discursos ufanistas defendendo a Pátria e de reverência a Felipão durante toda a Copa das Confederações e nas partidas da Copa que jogou. Nas que ficou de fora, preferiu quase não se manifestar. Mas a mágoa continua forte. "Não entendo por que eu saí do time. Estava jogando bem. Ninguém me explicou porque eu saí, mas eu respeito. Sou um jogador de grupo. Fui educado para ser importante coletivamente. E não individualmente. (...) Falam que a culpa era minha, mas estava tentando me portar da melhor maneira possível contra as críticas. Mesmo porque se você analisa comentários na Espanha e no Brasil, eles são opostos. No Brasil tinha toda aquela polêmica de que eu tinha de sair. Já aqui na Espanha todos achavam diferente. Eles também não entenderam porque eu deixei o time.

(...)Acho que o problema é que os brasileiros não estão acostumados a ver alguém dando a cara para bater. As pessoas gostam de quem se esconde. E eu não faço isso.(...) Quando vejo que querem enfraquecer o meu grupo, um companheiro, não fico calado. Sou assim, faço as coisas coletivamente, compro brigas e defendo meus companheiros. E de repente, por fazer isso, acabei criando uma polêmica e uma campanha "Fora, Daniel". Acharam que sem a minha presença no time não teria polêmica. E, talvez, tenham conseguido me tirar. (...)Tínhamos jogadores qualificados, mas não nos preparamos para o jogo contra a Alemanha. (...)Aprovo o meu desempenho no Mundial. Fui bem. Só não posso dar uma nota muito alta porque não participei ativamente dos jogos mais importantes. (...)Sonho acordado com a Seleção. Enquanto for atleta, continuo querendo a Seleção. (...) Eu estou à disposição. Não acredito que a minha ausência nessas convocações tenha a ver com o meu desempenho na Copa." Daniel Alves foi muito esperto. Foi até onde quis ir. Mostrou o que o já é muito conhecido: seu ego é tão forte que até lhe cega. Faz de tudo para não admitir o quanto estava jogando mal, principalmente na marcação. Deixando um corredor que adversários mais fracos como a Croácia, México, Camarões e Chile se aproveitaram. Era um calcanhar de Aquiles escancarado. Mas não consegue ainda admitir. Se defende citando as sutilmente os vexames, sem ele, contra a Alemanha e Holanda. Quem viu todos os treinos e jogos sabe que se Daniel continuasse como titular, tudo poderia ser muito pior. Neste depoimento dado ao Lance! escancarou a mágoa com Luiz Felipe Scolari. Não percebe que o técnico o defendeu com unhas e dentes. Foi no seu limite para protegê-lo. Mesmo abaixo fisicamente, Maicon rendia mais em todo treinamento. Era gritante a diferença. Se Felipão realmente tivesse ouvido a imprensa, ele já sairia do time depois da estreia do Brasil contra a Croácia.

Seu discurso é ralo, como quando tentava ser ufanista. Defendia que a imprensa brasileira tinha de ser como a espanhola, proteger sua seleção. Apesar de ter um veterano assessor, não aprendeu que função de jornalista é cobrir, mostrar o que acontece. Não servir de escudo para time algum. E analisando friamente, demonstrando o que está mal feito, errado, contribuiu muito mais. Tive a chance de escancarar a falta de privacidade da Seleção na Granja Comary. Se a Costa Rica fazia treinos secretos, o Brasil tinha de fazer os seus. Não fez por causa do medo de Marin da TV Globo. E pagou caríssimo por isso. Cansei de perguntar isso para todos os atletas, Felipão. Inclusive para Daniel Alves. Na Copa, todos negaram que a exposição atrapalhasse. Agora Daniel fala o que realmente sempre pensou sobre a situação. "A imprensa não permitia a gente trabalhar com tranquilidade. (...) Tinha que ser separado. Não é menosprezar a imprensa brasileira, mas precisávamos ter privacidade. Você vê outros times, são 15 minutos de treino aberto. Isso é criar uma educação para a imprensa. Você não vê igual como no Brasil, 24 horas por dia, mostrando a Seleção. (...) Para mim, esse foi o grande problema da Seleção. Essa superexposição." Nada como um dia após o outro. Daniel Alves sabe que, aos 31 anos, não faz parte dos planos de Dunga. E que seu desempenho foi tão fraco que, mesmo de fora das três últimas partidas do Brasil na Copa, é considerado um dos culpados dos vexames. Em vez de estar tão magoado, deveria é ser agradecido a Felipão. O treinador preservou a amizade até o limite. Se desse bola para os jornalistas, como se engana o lateral, ele já o teria sacado contra o México.

Fica mais uma lição. Quando o jogador da Seleção for perguntado, que tenha coragem de aproveitar todos os microfones voltados para sua boca. Ainda mais quando posa de ufanista. Em nome do sucesso do Brasil varonil na Copa, Daniel Alves deveria ter criticado, pedido privacidade. Não posado para fotos com Mumuzinho em plena concentração, cansado de fazer selfies narcisistas. E mostrado a Felipão que o Brasil não se preparava taticamente para enfrentar grandes seleções. Que o esquema no Mundial era o mesmo da Copa das Confederações. Que não havia plano B para uma eventual saída de Neymar. Apesar de ser um dos mais velhos, mais vividos, não fez nada disso. Agora tenta se enganar e iludir quem não prestou atenção de verdade ao que aconteceu. Na mais vergonhosa participação do Brasil em uma Copa, seu papel foi nulo. Pelo futebol, por seus discursos vazios e pela omissão do que realmente importava. Talvez o ego nunca permita que Daniel Alves entenda o quanto foi deprimente a sua participação na Copa de 2014. Melhor posar para outro self...

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Oct 2014 09:40:46
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