quarta-feira, 25 de março de 2015

O vexame na apresentação de Drubscky no Fluminense. O clube contratou um técnico de R$ 100 mil. A torcida protestou queria Abel, R$ 600 mil mais caro. Só que acabou a farra com a Unimed. Restou a realidade e R$ 400 milhões em dívidas...

O vexame na apresentação de Drubscky no Fluminense. O clube contratou um técnico de R$ 100 mil. A torcida protestou queria Abel, R$ 600 mil mais caro. Só que acabou a farra com a Unimed. Restou a realidade e R$ 400 milhões em dívidas...




Foi algo descabido, vexatório. A diretoria do Fluminense não teve coragem de barrar membros de suas principais organizadas ontem nas Laranjeiras. Os dirigentes passaram vergonha porque quiseram. Sem o menor constrangimento, esses "torcedores" humilharam a diretoria, jogadores e o novo treinador, Ricardo Drubscky, substituto de Cristóvão Borges. Sem a menor cerimônia, invadiram a sala do vice de futebol Mario Bittencourt. O ameaçaram, xingaram e avisaram que não concordavam com a escolha de Drubscky. Exigiam o time nas finais do Carioca e reforços para o Brasileiro, para o time não correr risco de rebaixamento. Tudo isso aos gritos, que nem um office boy mereceria ouvir. Bittencourt reagiu a altura e aconteceu uma indigna troca de berros. Pouco antes, os membros das organizadas cercaram Walter. E trataram de "enquadrá-lo", como gostam de dizer. O avisaram que deveria perder peso de qualquer maneira. Deixaram claro que ele seria vigiado pelo Rio de Janeiro. E que seria bom nenhum torcedor do Fluminense encontrá-lo em restaurantes ou lanchonetes se perdendo em cheese saladas. Enquanto cobravam Walter, não se aproximavam de Fred. O capitão e principal jogador da equipe é rompido com as organizadas. Já foi ameaçado, xingado e reagiu à altura. Em nota em abril do ano passado, comparou os torcedores que o tentaram intimidar a "um bando de marginais desocupados". "Bandidos" não tinham o direito de xingar, ameaçar jogadores. E nem mesmo reclamar, já que "nem ingressos eles pagam".

Desde então, Fred passou a ter segurança redobrada ao chegar e ir embora dos treinamentos. Não será nada surpreendente se ele, apesar de ter renovado contrato, for embora na próxima janela. Clubes chineses e árabes se mostram interessados no artilheiro. Esses membros de organizadas passaram a protestar contra a escolha de Ricardo Drubscky. Logo no primeiro treinamento, ele foi xingado, ameaçado, cobrado. O ódio dos torcedores era facilmente explicável. Esperavam a contratação de um técnico consagrado nacionalmente. Sonhavam com a volta de Abel Braga. Só que havia uma diferença de R$ 600 mil entre os dois. Abel não voltaria às Laranjeiras por menos de R$ 700 mil. Já Drubscky aceitou trabalhar por R$ 100 mil mensais. Salário mais baixo entre todos os clubes grandes de Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, a elite do futebol do país. O novo treinador também não se ajudou. Não se impôs. Deveria ter parado o treinamento e exigido a retirada desses "torcedores". Enfrentando a passividade da diretoria. Mas se calou. Quando falou, se complicou mais ainda. Mostrou uma humildade que não combina com o cargo de líder, comandante de um time tão importante quanto o Fluminense. "O torcedor do Fluminense tem de me ajudar a virar um treinador conhecido nacional e internacionalmente. Aí todo mundo vai saber pronunciar o meu nome corretamente." Se era para ser piada, acabou sendo uma confissão de fraqueza. Técnico não precisa pedir ajuda de torcedor para se tornar conhecido, para que saibam falar seu sobrenome. Isso é patético. Tanto quanto vice presidente de futebol ter sua sala invadida, ouvir gritos, ameaças e não chamar seguranças, polícia. Essa permissividade é que fortalece os membros das organizadas que se sentem donos dos clubes.

O que está acontecendo é simples. 15 anos do dinheiro fácil da Unimed não bastaram para o Fluminense. Diretorias passaram pelo clube e não aproveitaram a chance. O clube não se estruturou. Foram mais de R$ 300 milhões que circularam ao longo dessa década e meia. Vieram três Campeonatos Cariocas, 2002, 2005 e 2012. A Copa do Brasil em 2007. E dois Campeonatos Brasileiros da Série A, 2010 e 2012. Passaram Dodô, Roger, Carlos Alberto, Sheik, Thiago Neves, Edmundo, Ramon, Conca, Deco, Romário, Fred, Rafael Sóbis e tantos outros jogadores importantes. E o que restou? O clube não tem sequer um Centro de Treinamento para os jogadores profissionais. Só houve essa preocupação em 2013, quando a Prefeitura do Rio cedeu uma área em abril de 2013. As primeiras previsões davam conta que ele estaria pronto no final de 2014 e custaria R$ 13 milhões. A realidade: o prazo passou para 2016 e não sairá por menos de R$ 45 milhões! Enquanto isso, o clube vive a ressaca de ter perdido a Unimed. Com o Brasil mergulhado na recessão, não havia mais cabimento a empresa, com dificuldades, investir em futebol. Ao louco desses 15 anos, se calcula, por baixo que, entre contratações e pagamentos, foram torrados R$ 300 milhões. Algo impensável para o que restou.

O trato era simples. As grandes estrelas e 80% dos salários e direitos de imagem ficariam por conta de Celso de Barros. Inclusive os treinadores. Quando houvesse vendas, além de ter usado os atletas, caberia ao Fluminense uma parcela do lucro. Ao clube bastaria se estruturar, pagar 20% dos ídolos, bancar os jogadores mais simples e cuidar dos garotos nascidos no simples CT de Xerém. A incompetência e irresponsabilidade das várias diretorias que passaram pelo clube sabotaram várias vezes o time. Impediram mais conquistas. O motivo? Atrasos nos salários dos jogadores. Os ídolos recebiam em dia por parte da Unimed. E os demais, que deveriam ganhar do Fluminense, não. O ambiente era de constante rancor. Agora, não. Celso de Barros foi embora. Levou consigo o dinheiro da Unimed. No seu lugar, patrocinadores interessados apenas em ficar estampados na camisa tricolor. A folha de pagamento do time que, nos anos áureos da antiga parceria, já bateu nos R$ 9 milhões, atualmente é de cerca de R$ 2,5 milhões. E a diretoria quer ainda redução. O máximo possível. O nível técnico do time, com jogadores mais baratos, despencou. As dívidas do Fluminense chegam a R$ 400 milhões. Elas foram tratadas com desdém enquanto o dinheiro da Unimed jorrava. Os credores fazem fila, pressionam os dirigentes. O clube tem débitos trabalhistas, com o Refis e com a Timemania. Diante dessa situação caótica, o time continua treinando no ultrapassado estádio das Laranjeiras. Onde Muricy disse que já ouviu ratos correndo nos telhados. Um mês depois de sua queixa, um roedor caiu do teto, diante dos jornalistas e foi morto por um funcionário envergonhado. Com essa realidade, o Fluminense teve de pensar primeiro no dinheiro e depois no profissional ao contratar seu treinador. Ricardo Drubscky tem 55 anos, 19 anos como técnico. E um só título: ganhou o Campeonato Paraibano de 2002, com o Botafogo da Paraíba. Por isso seu salário tão baixo para treinador de futebol neste país.

Não adianta os torcedores pressionaram, xingarem, ameaçarem. O Fluminense colhe o que não plantou. Mostra o peso do desperdício, da falta de comprometimento dos seus dirigentes. Foram 15 anos se divertindo com o bolso alheio. E lógico, o clube das Laranjeiras, está na fila. Quer sua parcela dos R$ 4 bilhões de dinheiro público que o governo brasileiro quer destinar aos clubes endividados. Deseja desfrutar de 20 anos para pagar. É este tipo de administradores que o país tem de premiar? Tratar com paternalismo e populismo, enquanto faculdades e hospitais privados são fechados por falta de dinheiro para pagar os mesmos impostos e dívidas trabalhistas?




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Mar 2015 11:24:10

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