sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Cenas explícitas das novelas das nove da Globo sabotam o futebol brasileiro. Nas quartas-feiras, às 22 horas, a média de público é 25% menor do que no domingo as 16 horas. É o resultado do futebol de joelhos diante de uma emissora...

Cenas explícitas das novelas das nove da Globo sabotam o futebol brasileiro. Nas quartas-feiras, às 22 horas, a média de público é 25% menor do que no domingo as 16 horas. É o resultado do futebol de joelhos diante de uma emissora...




Prostituição, assassinatos, infidelidade, tráfico de drogas, bissexualidade. Esses eram os singelos temas família da novela Duas Caras da TV Globo, em 2007. O Ministério da Justiça resolveu sair do marasmo. E determinou: se quisesse continuar a exibir esse exemplo de vida para o país, a emissora teria de mudar. Por considerá-la imprópria para menores de 14 anos (por que será?) só poderia entrar no ar a partir das 21 horas. A partir daí, na luta para resgatar audiência, as novelas das nove começaram a mostrar beijos homossexuais, mais sexo, mais mortes, mais tráfico de drogas, de pessoas, prostituição, infidelidades. Para o Ministério da Justiça, a população a partir dos 14 anos já está pronta para acompanhar todas essas cenas. A partir das 21 horas vale quase tudo. Pronto! Oficialmente o futebol brasileiro estaria mudado para sempre. Com o monopólio de mais de 40 anos, a Globo exigiu e a CBF prontamente aceitou. Os jogos de quarta-feira aconteciam há décadas após as novelas. Antes elas começavam às 20 horas e as partidas se iniciavam às 21 horas. Mas a partir de 2007, eles se fixariam no horário das nove da noite. Há sete anos oficialmente, o futebol passou para as 22 horas. Executivos da emissora e presidentes da CBF, desde então, fecham os olhos. Fazem de conta que vivem na Suíça. Viram os rostos para a violência dos centros urbanos, ao absurdo que é obrigar os torcedores a deixar os estádios à meia-noite. Tendo de voltar para casa e trabalhar na manhã seguinte. Um sacrifício que não é levado em consideração. Na mentalidade capitalista da Globo, o que importam milhares que vão aos estádios? Nada diante dos milhões que consomem o futebol em casa, pela televisão. Eles sim interessam aos patrocinadores que gastam mais de R$ 1 bilhão para mostrarem suas marcas durante os jogos. Só o que que era impressão está mais do que comprovado. Ainda não vivemos em um país de imbecis suicidas. Não é por acaso que, cada vez está mais difícil as câmeras mostrar pedaços dos estádios cheios de torcedores. Por mais que exista a vontade de maquiar, não dá para mostrar o que não existe. Um simples levantamento pela Folha mostra o óbvio ululante. Os torcedores estão fugindo em massa das partidas às 22 horas nas quartas-feiras. São 25% a menos do que nos jogos aos domingos. A média é de 14.802 contra 19.914 pessoas que vão aos estádios às 16 horas do domingo. A situação fica constrangedora porque graças à Copa do Mundo, o Brasil possui estádios modernos. Com capacidade entre 42 mil torcedores na Arena da Baixada e 78 mil no Maracanã. Não dá para disfarçar. Os vazios são cada vez mais vergonhosos. Ainda mais com os indecentes preços cobrados nos lugares nobres dos estádios. No meio de campo, as transmissões passaram a dar closes nas jogadas, nos rostos dos atletas. Tudo para fugir das arquibancadas vazias.

A cúpula da CBF, os presidentes de clubes, os executivos da Globo sabem muito bem o que está acontecendo. Mas não vão mexer um dedo para mudar a situação. A emissora tem o direito do Brasileiro até 2018. Renovou negociando direto com a CBF, sem concorrência. Os temas de suas novelas continuam cada vez mais pesados. E perdendo audiência. Tevê a cabo e Internet são as grandes vilãs da decadência global. O último capítulo de "Em Família" deu 35 pontos, o mais baixo de toda a história da emissora no encerramento de uma novela. "Senhora do Destino", em 2004, chegou a 51 pontos. "Renascer" em 1993, bateu nos 61 pontos. "Tieta", em 2009 chegou a 64 pontos. Os números fazem executivos chorar de saudade. A saída são cenas de sexo, linguagem chula, assassinatos, mais tráfico de drogas. Ou seja, nunca mais a novela "das nove" voltará a ser "das oito". Isso se não se transformar em "das dez". O que é uma real possibilidade. Com o futebol podendo começar às 23 horas. O pior é que cada vez mais crianças que desejam acompanhar, torcer por seus times precisam ficar esperando até as 22 horas. Muitas vezes acompanhando as cenas pesadas destas novelas. Ninguém do Ministério da Justiça vai fiscalizar se essas crianças têm mesmo mais de 14 anos. "A Globo paga, pode mostrar o jogo no horário que quiser. Ninguém gosta. Mas quem banca é o dono do espetáculo", me diz um vice presidente de grande clube paulista, que pede anonimato. Não quer problema com a emissora.

Tudo fica muito pior quando, a impressão que o decadente nível técnico do futebol brasileiro, se torna realidade. Um pesquisa séria da Pluri Consultoria tinha a intenção de mostrar os elencos mais valorizados do país. Tudo que conseguiu foi alertar para um dado colateral mais do que preocupante. Os 25 maiores clubes do Brasil juntos têm elencos avaliados em 862 milhões de euros, cerca de R$ 2,8 bilhões. O menor valor nos últimos quatro anos. Cada vez mais nossos times possuem jogadores desvalorizados no mercado internacional. Traduzindo de maneira direta: piores. E com atletas mais fracos, os jogos perdem brilho. Com certeza não é por acaso que os atuais campeões da Libertadores e da Copa Sul-Americana são San Lorenzo e River Plate. Clubes importantes, mas com poderio econômico bem abaixo de vários clubes brasileiros. A própria equipe econômica do governo Dilma Rousseff admite. 2015 será um ano difícil, de recessão. A tendência é que os estádios brasileiros fiquem ainda mais vazios. O Campeonato Brasileiro tem apenas a 15ª quinta média de público no mundo, com 14.951 pagantes. Os primeiros: Alemão, 43.173. Inglês, 36.589; Espanhol, 26.867; Italiano, 23.365; Mexicano, 22.939; Francês, 20.693, Argentino, 20.599; Holandês, 19.289; Norte-Americano, 19.743; Chinês, 18.571; Segunda Divisão da Alemanha, 17.491; Japonês, 17.160; Segunda Divisão da Inglaterra, 16.438; Turco, 15.014. A média da Alemanha deve ainda aumentar na próxima temporada. Estes números consolidados são da temporada passada, 2013/2014. Ou seja, antes da conquista da Copa do Mundo no Brasil.

O resumo da situação neste país cabe nas palavras de Paulo André, líder do movimento Bom Senso, logo após o vexame do time de Felipão no Mundial. "A parceria Globo/CBF, numa tática de intimidação, “controla” (financeiramente) seus 47 membros que ditam os rumos do futebol no Brasil – 20 clubes da série A e 27 Federações Estaduais - e joga no melhor estilo chinês, "bárbaros contra bárbaros", ou seja, clubes versus jogadores versus torcedores, fazendo uma cortina de fumaça para desviar o foco da “incompetência” de uma e da real intenção da outra - a manutenção do poder." Com cenas cada vez mais explícitas envolvendo sexo e violência, nunca mais as novelas das nove da Globo voltarão às 20 horas. E o futebol não começará às 21 horas, ou até às 20h30, como jogadores e torcedores desejam. O que interessa são os bilhões pagos pelos patrocinadores de novelas e do futebol. Não contam os apaixonados por seus times que desejam incentivar as equipes nos estádios. Se preciso for, basta seguir o exemplo da Triestina, time da Segunda Divisão da Itália. A televisão reclamava. Não havia torcedores nos seus jogos, principalmente nos lugares mais caros. O clube decidiu colocar painéis com torcedores pintados. Só para dar a impressão de estádio cheio. Pode ser uma saída no futebol do Brasil, dominado pela Globo e CBF. Depois das cenas explícitas nas novelas, painéis simulando torcida às quartas-feiras às 22 horas. É o que está faltando para o futebol deste país, que fica de joelhos diante do dinheiro de uma emissora...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Dec 2014 11:01:43

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