terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Foi o último e cruel confronto entre Corinthians e Palmeiras de 2014. A euforia de Tite ao voltar ao Parque São Jorge contra a desconfiança de Oswaldo de Oliveira ao pisar no Palestra Itália...

Foi o último e cruel confronto entre Corinthians e Palmeiras de 2014. A euforia de Tite ao voltar ao Parque São Jorge contra a desconfiança de Oswaldo de Oliveira ao pisar no Palestra Itália...




Foi um confronto. E partiu da direção do Corinthians. A coletiva de Oswaldo de Oliveira no Palmeiras já estava marcada desde domingo. Seria hoje, ao meio-dia. O que fez a cúpula do clube do Parque São Jorge? Marcou ontem a entrevista de apresentação de Tite também hoje, no mesmo horário. Foi covardia. Com 272 jogos, campeão paulista, brasileiro, da Libertadores e Mundial, o técnico corintiano tinha muito mais para dizer. Oswaldo chegou hoje ao Palestra Itália. Tite falou por uma hora e teria muito mais assunto. Oliveira se esgotou na metade desse tempo. Ficou claro. Um terá três anos para resgatar passagens vitoriosas, históricas na vida do Corinthians. Ainda exatamente no dia em conquistou o Mundial no Japão, contra o Chelsea, há dois anos. O outro desembarcou no oitavo clube grande que dirigiu no eixo Rio-São Paulo. Sem a menor identificação com a história palmeirense, a não ser atuando como adversário. Do lado verde, o presidente Paulo Nobre cumpriu seu ritual. Ele adora distribuir camisas do Palmeiras a quem passe por perto dele. Aproveitou e deu um livro do centenário do clube. Obra simbólica, para que Oswaldo conheça o clube que assumiu por um ano. Do lado branco e preto, a ausência estudada do presidente Mario Gobbi. Um recado de quem teve de engolir Tite, já que defendia publicamente a permanência de Mano Menezes. Na roupa de Oswaldo de Oliveira, dois discretíssimos pingentes do Palmeiras enfiados no seu blazer. Tite sabe muito bem o que vem pela frente nesses três anos. E com o Corinthians rachado politicamente. Tratou de colocar dois crucifixos. E os deixou de fora da camisa negra, para que todos pudessem ver. E exorcizar os maus espíritos que já pudessem estar tramando contra ele. Os objetivos, díspares. Oswaldo tem um trabalho teoricamente mais fácil. Basta não dar o vexame que foi esse centenário para o Palmeiras. Montar equipe competitiva para brigar não por títulos. No primeiro momento, a classificação à Libertadores de 2016 é a meta. Para Tite, não. Ele terá logo de cara superar o trauma da Pré-Libertadores de 2011, quando caiu diante do Tolima. Vencer um clube colombiano. E dar a vida para tentar o bicampeonato da Libertadores. O clube precisa de uma excepcional campanha na competição. Seus caixas estão vazios para pagar o Itaquerão. Essa confiança na reedição do seu trabalho de 2012 que pesou no retorno. As declarações foram muito diferentes. Tite, eufórico, sabia que havia dado a volta por cima. Fez o presidente que o mandou embora implorar a sua volta. Já Oswaldo, contido. Feliz por ter a certeza que, pelo menos, os salários serão pagos em dia. Ao contrário do que viveu no Botafogo e Santos.

O corintiano ressaltou que, a princípio, vai dar uma nova oportunidade a Sheik. O que pode ser seu primeiro embate com os dirigentes. E com quem manda de verdade no clube. "Acredito que acabou de Emerson acabou no Corinthians", disse Andrés Sanchez na rádio Bandeirantes, na semana passada. Mas o treinador que tanto exaltou o atacante em 2012, não pensa assim. Quer ter a sua primeira conversa "olho no olho" com o problemático atacante. E estender a mão pela última vez ao atleta. Já Oswaldo de Oliveira jurou que não cairá na mesma armadilha que prendeu os treinadores palmeirenses nos últimos quatro anos. Não ficará de joelhos, dependendo de Valdivia. "Não quero fazer o time em volta de um jogador só. A Copa do Mundo dá um exemplo bastante claro disso. Senão Argentina e Portugal seriam campeões. Vamos preparando a equipe para que haja revezamento ocasionais. Não vou fazer isso." O entusiasmo de Tite resumido em uma frase que a confiança que reassume o lugar que considera seu. "Intensidade é pau dentro." A desconfiança de Oswaldo de Oliveira será de verdade um time forte, digno das academias palmeirenses. "Oto Gloria já falou. Sem ovos não há como fazer omeletes. Preciso de bons jogadores para ter uma equipe vitoriosa."

Aqui, alguns trechos que marcam ainda mais as diferenças de expectativas e personalidade. "Era muito fácil não aceitar o convite do Corinthians. Falar que voltaria uma outra hora. Diria: lembrem-se sempre de mim. Vocês nunca me viram procurar vocês oportunamente. Isso me deixa feliz. Mas tenho coragem também, de ver a oportunidade que estou recebendo. Vou ser cobrado, claro. Sair da minha zona de conforto, como vocês falam. É uma torcida extraordinária. Ganhamos merecendo. Eu voltei por gratidão. Uma garotinha me deu uma correntinha e falou que estava me esperando. Eu só quero errar menos." (Tite, explicando seu retorno) "Realizo um sonho hoje trabalhar nesse clube com tanta tradição, tanta herança positiva para ao futebol brasileiro e é realmente uma emoção muito grande, muito inspirada, acima de tudo. Vamos buscar ao longo desse ano conseguir restaurar os grandes momentos do Palmeiras. Quero também agradecer ao meu colega Dorival Júnior, a quem estou sucedendo, pelo trabalho desenvolvido e pela sucessão na Série A. Vou buscar corresponder e dar continuidade àquilo que ele estava desenvolvendo." (Oswaldo, agradecendo a Dorival ter salvo o clube da Segunda Divisão) "É a quebra de um paradigma brasileiro. Eu queria que a classe tivesse no mínimo de um ano. Estou sendo um privilegiado. O bom é ver que o Corinthians acredita nisso. Que uma sequência profissional dá frutos. E eu vejo que as ideias permanecem mesmo com pessoas diferentes. Que isso sirva de exemplo para outros clubes." (Tite orgulhoso com os três anos de contrato) "Se for resultado do nosso trabalho, do nosso planejamento, pode ter certeza que não, mas isso é uma coisa muito difícil de aferir. Vamos disputar uma competição mais difícil dos associados da Fifa. Em nenhum outro país, você inicia o campeonato com 10, 12 clubes com chances ou que foram campeões. Quando você inicia e olha, é muito difícil de escalar as principais e favoritas, em que pese o Cruzeiro tenha mudado um pouquinho essa história. Mas nós vamos trabalhar muito para isso, para que haja essa conjunção do trabalho." (Oswaldo, falando sobre a possibilidade de brigar para escapar do rebaixamento em 2015)

"Guerrero é do clube, tem vínculo com o clube, tem contrato até julho. Ele tá conosco. Comigo ele tem todo simbolismo, momento importante, como Liedson teve. Cada um tem a sua história." (Tite deixando claro que não obriga a diretoria a se sujeitar a uma possível chantagem econômica do atacante) "Muito pouco dois jogos. Aliás, na verdade, o estádio ele era neutro porque nem a equipe do Palmeiras estava acostumado com o estádio e esse amadurecimento vai acontecer com os jogos. É fundamentar jogar em casa, não só por interferência da torcida, mas por você se ambientar, o futebol tem muito isso, o fundo, o gramado. Quanto mais você repete jogos, passa confiança, transfere para a torcida e chega ao time em campo. E isso vai acontecer aqui na medida em que os jogos forem se repetindo." (Oswaldo, detalhando o medo do Palmeiras em atuar no seu novo estádio, pela proximidade dos torcedores, pela pressão) "Me bombardeou de emoção agora. Eu lembro eu entrando e ouvindo aquela musiquinha. Eu não podia olhar para mais nada. Eu tinha de entrar e olhar pro campo. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Cara... Foi demais. O Tolima, por outro lado, ferrou todo meu plano. A primeira derrota ser assim? Eu imaginava ter uma sequência de trabalho. Aquele conflito interno. Eu ficava pensando se tinha terminado, se não tinha. O Andres entrou lá e me deu uma injeção de ânimo. Foi difícil." (Tite, lembrando quando foi campeão mundial e quando foi eliminado da Pré-Libertadores pelo Tolima) "Conversando com o presidente ele me passou a ideia de uma reformulação no elenco, e uma condição de estabilidade no trabalho que não encontrei nos últimos dois clubes que passei. Tive problemas financeiros com elenco no Botafogo e Santos. Acredito no projeto que o presidente me falou, procurarmos fazer um Palmeiras forte e reeditar mais um ciclo vitorioso como vimos tanto, desde a década de 60. A ideia é ter um pico de virtude nessa temporada, e quem sabe em outras temporadas." (Oswaldo, explicando de forma genérica o seu projeto. Deixando transparecer a incerteza sobre o que acontecerá depois de dezembro de 2015, já que tem apenas um ano de contrato...)





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Dec 2014 14:09:29

Nenhum comentário:

Postar um comentário