quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O dilema de Claudinei. Perder para o Palmeiras colocaria o Vitória, inimigo do presidente do Atlético, na Segunda Divisão. Só que sua carreira ficaria marcada para sempre...

O dilema de Claudinei. Perder para o Palmeiras colocaria o Vitória, inimigo do presidente do Atlético, na Segunda Divisão. Só que sua carreira ficaria marcada para sempre...




Na Vila Belmiro, Claudinei Oliveira era conhecido como muito ambicioso. Desde os tempos em que trabalhava na base não escondia de ninguém que desejava fazer carreira no profissional. Aplicado, trabalhador e muito ousado taticamente, ficava claro aos dirigentes que teria futuro. Em 2009 assumiu o sub-15. Em 2010, o sub-17. Em 2011, o sub-20. O sucesso de seu trabalho empolgava os dirigentes santistas. Mais do que os títulos paulistas e da disputada Copa São Paulo, a postura firme, decidida, ofensiva do treinador chamava a atenção. Tanto que logo se tornou uma sombra para Muricy Ramalho. O Comitê Gestor santista acreditava ser um desperdício continuar pagando R$ 700 mil ao treinador principal com o time indo cada vez pior. A troca foi feita sem piedade. Só que Claudinei não se submeteu aos desejos da diretoria. Tinha suas convicções. Não se dobrava a pedidos, a sugestões de escalações de jogadores consagrados ou de maior salário. Isso foi irritando a cúpula santista. Pouco importando que o time estava muito enfraquecido e com uma saudade aguda de Neymar. Até porque o plano original era mantê-lo interino até a contratação de Marcelo Bielsa. Ele seria auxiliar do argentino. Mas Marcelo não aceitou o convite para trabalhar no Santos. E Claudinei foi efetivado. Sua postura rebelde não agradou o então presidente Laor. E ele estava demitido já na reta final do Brasileiro. Mesmo assim conseguiu levar o time à sétima colocação. Foi dispensado. Assinou contrato com o Goiás. Levou o time à decisão do estadual. Perdeu do Atlético Goianiense e acabou demitido. Não pela campanha. Mas também por não se submeter aos caprichos dos dirigentes. "A postura do Claudinei sempre foi independente demais. Age como se fosse um técnico consagrado, sem ainda ser. Isso choca os dirigentes que costumam dar mais palpites nos times do que parece", me diz um empresário consagrado. Dois dias depois de sua saída do Goiás, acertou com o Paraná Clube. Estava fazendo um bom trabalho de reestruturação. Até quem chegou a proposta do Atlético Paranaense. Claudinei não teve dúvidas em romper o contrato. Aproveito a oportunidade, de uma maneira ambiciosa. O time de Mario Celso Petraglia estava nas últimas posições do Brasileiro. Equipe frágil, limitada. Com jeito de rebaixada. O trabalho de Claudinei foi muito bom. Conseguiu compactar o time, o deixar mais seguro atrás e veloz na frente. Trocou os jogadores que desejou. E conseguiu reverter o processo. O clube escapou, não tem mais nenhuma chance de ser rebaixado. Agora chegou a última partida do Brasileiro. Contra o Palmeiras. Todos os holofotes desta derradeira partida do campeonato estarão no novo Palestra. Uma vitória do time de Claudinei pode levar o consagrado cube paulista à Segunda Divisão, no ano de seu centenário, da sua nova arena. Resultado que faria muito bem à carreira do treinador de 45 anos. E que deseja se firmar no cenário nacional. Só que o destino não o está ajudando. A derrota do Palmeiras pode ajudar o Vitória, que enfrenta o Santos em Salvador. Se conseguir os três pontos, os baianos podem escapar da Segunda Divisão. Petraglia não esconde de ninguém que detesta a cúpula do Vitória. Se diz enganado nas transações envolvendo Léo e Dinei. A relação entre os dois clubes é péssima. Daí a conclusão na imprensa paranaense que, se o Atlético Paranaense perder, Petraglia não ficaria exatamente desapontado. O presidente do Atlético é conhecido como um dos dirigentes que mais impõe suas vontades junto às Comissões Técnicas que trabalham em Curitiba. O trabalho de Claudinei o agradou. A ponto de renovar antecipadamente seu contrato até o final de 2015. O técnico havia avisado antes de estar definido o quadro: colocaria reservas na última partida do Atlético, contra o Palmeiras. Testaria jogadores que podem continuar ou não no próximo ano sob sua direção. Não existia pressão alguma para vencer. Ou perder.

Agora há. Caso sua equipe seja derrotada, será um troco nos baianos, que agradaria a Petraglia. Mas a partida ficaria marcada na carreira de Claudinei. Até o fim dos tempos a suspeita de que o Palmeiras sobreviveu na Série A ficaria nos seus ombros. O que seria péssimo para quem sonha em uma carreira muito maior. Voltar a trabalhar em centros maiores do que o Paraná. Já os três desnecessários pontos, além de rebaixar os paulistas, ajudariam os baianos, detestados por Petraglia. Não custaria nada ao dirigente cortar a cabeça de quem não faz suas vontades no Atlético, clube que trata como seu. O quadro é este, Claudinei está em um dilema profissional terrível. E que marcará sua carreira. Vencer ou não o Palmeiras. Seu destino mudará depois dessa partida. Se o técnico ambicioso, teimoso que surgiu na Vila Belmiro ainda vive. Ou o treinador que se submete aos caprichos de um presidente, que ficaria feliz com o rebaixamento de um rival que odeia. Que rumo vai tomar Claudinei Oliveira? A resposta, domingo...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Dec 2014 07:22:02

Nenhum comentário:

Postar um comentário