quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Presidente confiante, jogadores alegres, Dorival descontraído. De onde vem a estranha convicção de que o fraco Palmeiras não será rebaixado? Essa certeza sem nexo, ninguém explica...

Presidente confiante, jogadores alegres, Dorival descontraído. De onde vem a estranha convicção de que o fraco Palmeiras não será rebaixado? Essa certeza sem nexo, ninguém explica...



Muito estranho o clima no Palmeiras. Mesmo com o time seriamente ameaçado pelo terceiro rebaixamento em 12 anos, a tranquilidade impera. Os treinamentos estão marcados por sorrisos, brincadeiras, confiança. O presidente Paulo Nobre acalma conselheiros e membros da direção. Age com total confiança de que o clube não cairá. Tanto que já busca pessoalmente patrocinador para a camisa com a promessa de grande equipe em 2015. Na Série A do Brasileiro, lógico. De onde vem essa certeza? O time acumula 20 derrotas no Brasileiro. Tem a pior defesa, tomou 58 gols em 37 partidas. Mais do que o lanterna Criciúma. E soma 25 gols de saldo negativo. Ocupa a 16ª posição na tabela. E vai enfrentar no domingo, o Atlético Paranaense, oitavo colocado. As atitudes da diretoria não combinam. Mesmo com o time precisando desesperadamente dos três pontos, a promoção de ingressos é ridícula. Mesmo com a equipe precisando da nova arena lotada, nada de ingressos a preços realmente populares: R$ 1,00, R$ 3,00, R$ 5,00 ou R$ 10,00. Não. O ingresso mais barato é de R$ 60,00. O mais caro, R$ 350,00. Difícil de compreender, usando apenas a lógica. A preocupação é em arrecadar mais dinheiro do que buscar apoio. Ao contrário do que acontece no acordo entre Corinthians e Itaquerão, a bilheteria dos jogos fica para o Palmeiras na nova arena. Depois de acionar informalmente Marco Polo del Nero para tirar o jogo do novo estádio, com medo de depredação em caso de rebaixamento, a diretoria mudou absurdamente sua postura. Aplaudiu de pé a confirmação do jogo contra o Atlético no estádio novinho que a WTorre construiu. A diretoria atleticana abriu mão dos 10% dos ingressos que teria direito na partida de amanhã. Sem criar qualquer problema. Aceitaram só a presença de palmeirenses, em nome da segurança. As torcidas paranaenses ficaram revoltadas. Haviam organizado caravanas para o jogo. Mas foram impedidas de ir para São Paulo. Paulo Nobre comemora junto a companheiros de diretoria o fato de a TV Globo transmitir o jogo para a capital paulista. Está absolutamente confiante de que mostrará a vitória que garantirá o clube na Série A. Quem acompanha de perto o dirigente sabe que confiança não é necessariamente a sua melhor qualidade. Ainda mais antes de jogos decisivos. Se o Palmeiras perder e Vitória ou Bahia vencer, novo vexame na história do clube paulista. Mas o dirigente age como se não existisse essa chance. De onde vem tamanha certeza de vitória?

Dorival Júnior também também, de repente, perdeu os vincos na testa. Descruzou os braços. As frases ásperas sumiram. De uma maneira milagrosa, tendo um adversário competitivo, vibrante e muito mais eficiente, o treinador ganhou a convicção dos três pontos. Os repórteres que frequentam diariamente o Centro de Treinamento da Barra Funda também estão perplexos. É como se o Palmeiras já estivesse salvo. Até chefes das famosas organizadas palmeirenses se mostram mais tranquilos, serenos. Não há clima para pressão, ameaças, promessas de retaliação em caso de volta à Segunda Divisão. De repente é como se esta possibilidade não existisse. O motivo, ninguém diz claramente. O time palmeirense terá de volta Valdivia. Isso é fundamental ao time. Mas só hoje prometia treinar normalmente. Sua lesão na coxa esquerda, sofrida no amistoso entre Chile e Venezuela, o tirou da partida contra o Sport. O fez atuar meio tempo contra o Coritiba. E não o deixou atuar diante do Internacional. A sua volta foi apressada pelos médicos e fisiologistas. Quem acompanha futebol sabe que quando um jogador importante volta de contusão, a recepção adversária não costuma ser fraterna. Como aconteceu no Paraná. O próprio Valdivia sofreu um rodízio de entradas fortes, contra o Coritiba. O que infelizmente é normal, sempre acontece. O chileno não teve condições de continuar no jogo. É uma manobra permitida no futebol. Poderia acontecer novamente no domingo, contra o Atlético, mas ninguém no Palestra sequer aventa essa possibilidade. Embora em uma posição para lá de delicada, de repente, todos no Palmeiras vivem como em um conto de fadas. Contam de verdade com esses três pontos. Mesmo os jogadores limitados, fracos que Brunoro levou ao clube se mostram firmes. Justo eles que tanto sentiram psicologicamente, emocionalmente partidas muito menos importantes, nesta estão convictos do resultado. O que aconteceu, qual o segredo? O Atlético Paranaense teve dois dias de folga após a vitória diante do Goiás. O time vai mesmo poupar vários titulares. Claudinei Oliveira renovou seu contrato antecipadamente até o final de 2015. O assunto mais importante nas últimas horas no clube é a saída do atacante Marcelo. Ele tem proposta de vários clubes do Exterior e mesmo do Brasil. A briga da diretoria em relação à cobertura da Arena da Baixada também é bem mais importante do que o confronto de domingo.

A CBF divulgou antecipadamente os árbitros da última rodada do Brasileiro. Leandro Vuaden foi o escolhido para trabalhar na nova arena. O nome trouxe ainda maior tranquilidade pelos lados palmeirenses. O gaúcho parece dar sorte ao clube de Paulo Nobre. Ele trabalhou em quatro partidas da equipe paulista neste Brasileiro. E, por coincidência, em nenhuma delas o Palmeiras perdeu. Com Vuaden, vitória diante do Vitória em Salvador por 1 a 0. Empate contra o próprio Atlético Paranaense, em Curitiba. Mais três pontos, no Pacaembu, 4 a 2 na Chapecoense. Novo triunfo, de novo em Salvador, desta vez contra o Bahia: 1 a 0. Nesta partida, os baianos reclamaram demais dos critérios que o juiz utilizou, se queixaram violentamente de terem sido prejudicados. Não há como levantar suspeitas sobre a honestidade do árbitro. Por pura coincidência, com ele apitando, os palmeirenses não sabem o que é perder. Em 2002 e de 2012, o clima de tensão, medo e até desespero marcaram as rodadas que poderiam levar o clube à Segunda Divisão. Desta vez, não. É incrível como tudo está leve, alegre, confiante. Todos no Palmeiras, do porteiro ao presidente, agem como se esta possibilidade fosse impossível. De uma hora para outra, tudo se transformou. Mesmo no vergonhoso centenário, acumulando fracassos em cima de fracassos, vexames em cima de vexames, e com uma campanha pífia no Brasileiro, todos agem em uma sintonia absurda. "O Palmeiras não vai cair", garante Paulo Nobre. De onde vem essa convicção absurda, sem nexo? Ninguém responde...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Dec 2014 11:36:53

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