terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O contrato de três anos convenceu Tite. O sonho é repetir no Brasil o que fizeram Bianchi e Ancelotti. Por isso virou as costas ao dinheiro do Internacional. E voltou para sua casa. O Corinthians...

O contrato de três anos convenceu Tite. O sonho é repetir no Brasil o que fizeram Bianchi e Ancelotti. Por isso virou as costas ao dinheiro do Internacional. E voltou para sua casa. O Corinthians...




"Eu vou ficar com você até o último dia do meu mandato. O contrato não será de um, mas de três anos." Essa foi a promessa de Roberto de Andrade, candidato mais que favorito na eleição presidencial, que mudou o rumo do duelo entre Corinthians e Internacional. Mesmo com Vittorio Piffero disposto a pagar R$ 700 mil, Tite aceitou os R$ 500 mil vindos do Parque São Jorge. Ter o comando do futebol do Corinthians por três temporadas foi algo importantíssimo. No ano sabático que passou longe do Parque São Jorge, Tite ficou plenamente convencido da importância de um projeto longo. De amadurecimento e aprimoramento de uma equipe. Conversou muito com Carlos Bianchi e Carlo Ancelotti. Notou que no sucesso da dupla há sempre um começo, meio e fim nos times que encantaram o planeta. O Boca Juniors com suas três Libertadores e dois mundiais. O Milan que venceu duas vezes a Champions e um Mundial. E o atual Real Madrid, campeão da Champions e favorito para Ancelotti obter novo Mundial. Tite fez questão de aproveitar cada dia que não estava trabalhando para adquirir conhecimento. Viajou pela Europa, descobriu novos esquemas como o 3-3-1-3. Bebeu na melhor fonte sobre a versatilidade, da intensidade do jogo. Entendeu completamente o 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil. Mas não compreendeu, perdeu o rumo quando não foi chamado para substituir Felipão. Viu Dunga ter nova chance. Apesar de ter a força da mídia paulista, dos títulos da Libertadores e do Mundial, da popularidade do Corinthians. Nada disso foi suficiente. O ódio que Marco Polo del Nero nutre por Andrés Sanchez, e tudo relacionado a ele, é muito maior. A ligação do treinador com o ex-presidente corintiano tirou Tite da CBF. A saída para fugir da depressão foi imergir no futebol. Cada viagem sua para a Europa, cada conversa com uma pessoa importante do esporte acabou pública, em ótimo trabalho de assessoria de imprensa. Tite continuou no noticiário durante todo o ano que não trabalhou. Sem o ônus da derrota, comentou até a final Champions League. Sua foto foi parar nos pontos de ônibus em São Paulo, como atração da ESPN.

O ano sabático o expurgou de 2013. Seu Corinthians campeão da Libertadores e Mundial fracassou. Ele de novo, como no Grêmio, em 2002. Pagou por manter, por gratidão, o grupo que conquistou títulos fundamentais na sua carreira. Se ele volta hoje como ao Parque São Jorge como o filho pródigo, foi o mesmo Mario Gobbi no ano passado que não quis renovar seu contrato. Não servia para o Corinthians no final de 2013, agora é fundamental. Tite aprendeu com Bianchi e Ancelotti e sua consciência. Não pode nunca mais virar refém sentimental dos times que monta. Assim como também não aceitará contratações vindas do marketing. As duas que tiveram a participação de Luiz Paulo Rosenberg. Foram desastrosas. Zizao, péssimo jogador que deveria aproximar o clube da China, virou piada. E Alexandre Pato, imposto também pela patrocinadora, serviu para sabotar o bom ambiente no elenco campeão mundial. Não teve chances dignas e acabou no São Paulo, com o clube pagando metade de seu salário, R$ 400 mil, para defender o rival. Nas conversas com Roberto de Andrade, Tite promete estar mais amadurecido. Mais profissional. Menos emotivo. Vai tratar o elenco e o Corinthians como foi tratado. Aproveitar sua proximidade com a torcida, com a mídia que cobre diariamente o clube mais popular de São Paulo. Sabe que não terá tarefa fácil. Pelo contrário. O Corinthians tem graves problemas financeiros por causa de seu estádio. Não há dinheiro para grandes investimentos. Mano Menezes reformulou o elenco vitorioso de 2012. Fez o "trabalho sujo". Deixou um elenco competitivo. Mas com sérios problemas na zona de criação. E com uma grande indefinição: a continuidade ou não de Paolo Guerrero. O treinador sabe da importância do peruano. O quer no time. Mas já avisou. Se ele não aceitar renovar e o Corinthians o vender, exige outro atacante importante no lugar. Se tiver qualquer tendência à síndrome de Pânico, é bom buscar ajuda. Sua primeira missão no ano que vem será superar a Pré-Libertadores. Ele comandou o único time brasileiro nos nove anos de disputa que foi eliminado antes de começar a fase de grupos, em fevereiro de 2011. O Corinthians caiu diante do Tolima. A derrota obrigou Ronaldo a encerrar sua carreira em Ibagué. E Roberto Carlos ir embora. Os dois estavam sendo ameaçados de morte pelas torcidas organizadas.

Para implantar tudo o que aprendeu nestes 12 meses de observação, Tite terá a companhia de Cléber Xavier, como auxiliar. E o preparador físico Fábio Mahseredjian. Todos parceiros na conquista da Libertadores e do Mundial. Tite queria ter como outro auxiliar, seu filho Matheus. Roberto de Andrade e Mario Gobbi o convenceram que seria um prato cheio para a oposição na eleição. Para preservar Matheus, de 25 anos, a ideia foi adiada. O técnico ficou muito chateado. Não gostou de ver divulgado a primeira pedida para treinar o Corinthians. Pessoas ligadas aos candidatos da oposição juravam que havia sido R$ 800 mil. Na reunião de ontem, seu empresário Gilmar Veloz pediu R$ 600 mil. O Corinthians ofereceu R$ 400 mil. O acordo foi fechado em R$ 500 mil. Ele voltará ao Parque São Jorge recebendo menos do que quando saiu. Em 2013, recebia R$ 600 mil. O novo presidente do Internacional, Vitorio Piffero, ofereceu R$ 700 mil. Mais dinheiro. Só não contava com a oferta de um contrato de três anos por parte do Corinthians. Tite sabia que havia quebrado um protocolo no Parque São Jorge. O compromisso do técnico costuma ser de um ano, quando é avaliado. Se for bem, continua. Se for mal, sai. Com Roberto de Andrade, não será assim. O candidato lhe deu a palavra de honra que serão três anos. A multa é baixa para os dois lados. Se o trabalho for pífio, o clube poderá mandá-lo embora. Ou se ele tiver uma proposta milionária e quiser sair, também. Os comentários é que chegaria "apenas" a dois salários.


Mas Tite sonha em ficar os três anos. Se tornar o homem que mais comandou o Corinthians. Ele é o segundo da história, tem 272 jogos contra o primeiro, Osvaldo Brandão, 439 partidas. Em 2018, ano da Copa na Rússia, fazer um balanço de sua carreira. Ele não esqueceu sua fixação pela Seleção Brasileira. Antes ele quer fazer as pazes com o passado. Justo hoje, no dia em que se completam dois anos da conquista do título mundial do Corinthians no Japão, o retorno ao Parque São Jorge. Mario Gobbi que o despachou sem dó para trazer Mano Menezes, o apresentará como novo contratado. Sua coletiva da terceira passagem como treinador corintiano deverá ser marcada pela emoção. E ofuscará, com certeza, a de Oswaldo de Oliveira, no rival Palmeiras. O título mundial de Oswaldo foi há 14 anos. O de Tite, há apenas dois anos. Em compensação, a cobrança será muito maior no Parque São Jorge. Por irônico que possa parecer, ele mereceu ser mandado embora em 2013. E agora merece voltar. Graças à sombra de 2012. Mas Tite não é ingênuo. Sabe que assim que pisar de novo no CT do Corinthians não haverá meio termo, contrato europeu ou qualquer garantia. Ele precisa montar um time poderoso. Capaz não só de conquistar títulos, como lotar estádio, ajudar a pagar o Itaquerão. Sabe que será mais cobrado do que seria até na Seleção Brasileira. Tite quer passar os próximos três anos de sua vida no lugar que escolheu para trabalhar. Privilégio raro. E mostrar que aprendeu as lições de Bianchi e Ancelotti. Onde já se foi feliz há como ser muito mais. Nenhum treinador conhece o atual Corinthians como ele, Adenor Leonardo Bachi. Ele voltou para sua casa...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Dec 2014 01:22:08

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