terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O Palmeiras deu seu grito de independência de Valdivia. Contratou Zé Roberto. Foi a melhor notícia no sofrido ano do centenário. Oswaldo ganhou seu novo Seedorf...

O Palmeiras deu seu grito de independência de Valdivia. Contratou Zé Roberto. Foi a melhor notícia no sofrido ano do centenário. Oswaldo ganhou seu novo Seedorf...




Foi Vanderlei Luxemburgo quem convenceu os dirigentes gremistas. Ele tinha o meia esquerda que resolveria os problemas de criação do time. Versátil, habilidoso, inteligente, canhoto, vivido. Cobiçado por Santos, São Paulo, Flamengo. Seu currículo era carregado. Bicampeão da Copa América, bicampeão da Copa das Confederações e vice da Copa do Mundo de 1998. Disputou ainda a Copa de 2006. Campeão espanhol com o Real Madrid, tetracampeão alemão com o Bayern de Munique. De lambuja venceu a Copa do Emir, com o Al Gharafa, no Catar. Mas Luxemburgo havia conseguido a prioridade. O jogador estava livre, não haveria gastos com outros clubes. Ele seria o líder que o grupo precisava para vencer a Libertadores de 2013. O então presidente Paulo Odone aceitou na hora. Bancou os R$ 600 mil, entre salários e luvas. Não se importou com a certidão de nascimento apontando 38 anos. Zé Roberto era do Grêmio. Contrato até o final de 2013. Para acabar com a desconfiança da ferrenha imprensa gaúcha, uma cena teatral. Zé Roberto não colocou a camisa gremista por cima de sua camiseta. Fez questão de tirá-la e mostrar os músculos atléticos. Pronto, a desconfiança passou. Os sonhos de Luxemburgo deram em nada. O problemático treinador acumulou vexames na competição que nunca venceu. E acabou demitido por Fabio Koff. Mas Zé Roberto tinha contrato a cumprir. A primeira providência de Renato Gaúcho ao assumir o lugar de Luxemburgo foi afastar o camisa 10 do time titular. Com ele, atleta de 39 anos não jogaria. Ele detesta veteranos. Só que seu time capengava e teve de recorrer ao experiente meia. No final do ano, o balanço foi claro. Renato mandado embora e Zé Roberto renovou contrato até o final de 2014.

"Fui ameaçado nas ruas de Porto Alegre. Um sujeito disse que iria me matar se eu não ficasse no Grêmio", comemorava, alegre, o jogador. Enderson Moreira lamentou demais o rompimento do tendão do tornozelo esquerdo do jogador. A contusão o tirou da decisão do Gaúcho de 2014. O Internacional foi campeão vencendo as duas partidas diante do Grêmio. 2 a 1 e inesquecíveis 4 a 1. Enderson, a diretoria e mesmo os jogadores lamentaram demais a ausência de Zé Roberto. Sua liderança, dedicação e talento fizeram muita falta. Depois do vexame na Copa do Mundo, o Grêmio serviu como escudo para Luiz Felipe Scolari. O treinador chegou ao clube e percebeu a grave crise financeira. Tentou até o fim a sonhada classificação para a Libertadores. Não conseguiu. Mas o grande destaque de seu time foi o lateral esquerdo. Com a camisa 10 nas costas, Zé Roberto, com 40 anos, foi o melhor entre todos os alas do Campeonato Brasileiro de 2014. Sua identificação com o Grêmio o levou a garantir que havia decidido encerrar a carreira no clube. Talvez daqui um ou dois anos. Felipão falou abertamente que desejava sua permanência para 2015. Só que o treinador não tinha mais o respaldo de Fábio Koff. Sem os cerca de R$ 15 milhões que a Libertadores deveria render, o novo Romildo Bolzan Junior avisou ao final do Brasileiro. "A folha salaria do Grêmio é de R$ 6,5 milhões. Preciso diminuí-la para R$ 5 milhões. Vou avaliar o elenco." E ele não teve dúvidas. Avisou a Zé Roberto que o clube não bancaria mais os seus salários de R$ 400 mil. O jogador já havia diminuído em R$ 100 mil seus vencimentos para ficar em 2014. Com o troféu Bola de Prata da revista Placar nas mãos, era hora de ir embora. Felipão lamentou profundamente.

Foi quando Oswaldo de Oliveira entrou em cena. Ele pediu para o gerente Cícero Souza avisar Alexandre Mattos. O jogador de 40 anos seria ideal na montagem do novo Palmeiras para 2015. Tinha todas as características para repetir a dobradinha que o treinador havia feito no Botafogo, com Seedorf. Oswaldo nunca trabalhou no Palmeiras. Mas sabe que não pode ficar refém de Valdivia. O instável meia chileno que se acomodou com um contrato de cinco anos, ganhando R$ 475 mil mensais. Desde 2010, o clube não tem saída a não ser aceitar a sua problemática postura. Nos últimos anos, nitidamente mais preocupado com sua carreira na Seleção Chilena do que com o time que lhe paga. Mattos e Souza são dirigentes vividos. Essa dependência do chileno não se repetirá em 2014. O sonho de Paulo Nobre é a contratação de Conca. Mas entre salários e luvas, ele recebe R$ 900 mil da Unimed. R$ 700 mil só em salários. Fora os R$ 12 milhões que a empresa pagou por 50% dos direitos do argentino. A contratação se mostra inviável se o bilionário dirigente não colocar dinheiro do bolso. Depois dos R$ 153 milhões que emprestou ao Palmeiras, o presidente jura que, em 2015, sua postura será outra. Cícero Souza e Alexandre Mattos chegaram à conclusão que era uma "oferta de ocasião". Um atleta tão comprometido e vencedor como Zé Roberto. Valeria a pena desprezar o preconceito em relação aos seus 40 anos. Paulo Nobre soube o quanto Oswaldo queria o meia. O presidente fez algo que não costuma fazer: ouvir. Entendeu que ele poderia ser o líder e trazer o equilíbrio psicológico que tanto o Palmeiras precisou em 2014. Fora seu talento como jogador. A princípio Zé Roberto queria um contrato de dois anos. Mas Mattos e Cícero fizeram uma troca. Em vez de 24 meses de compromisso, apenas 12. Em vez do salário de R$ 300 mil que ofereciam, dariam R$ 400 mil até dezembro de 2015. Fora premiação à parte se o clube for campeão paulista, da Copa do Brasil ou Brasileiro. O objetivo claro palmeirense no próximo ano é a classificação para a Libertadores de 2016. E ela também vale premiação a mais para o atleta. Acordo fechado.

A contratação de Zé Roberto foi a melhor notícia do Palmeiras em todo ano do centenário. Jogador de grande talento, líder, exemplo de dedicação. Não fuma, não bebe, não se envolve em baladas. Tem uma visão tática desenvolvida na Europa que servirá muito a Oswaldo. Sua personalidade firme deverá contagiar o novo grupo que está sendo formado. Dirigentes, conselheiros e torcedores palmeirenses deverão começar a respirar mais tranquilos. Com Zé Roberto, Valdivia não será mais intocável. Paulo Nobre não precisará ficar de joelhos, aceitando pagar fisioterapeuta particular do meia, os médicos não precisarão buscar motivos para suas contusões demorarem muito a mais para se curar. Diretores fingirem não enxergar suas expulsões e cartões infantis. Nunca, nestes longos quatro anos e meio, Valdivia perdeu tanto em importância. Finalmente os dirigentes perderam a postura passiva, anestesiada. Zé Roberto pode se transformar em excelente companheiro para o chileno. É tão ou mais talentoso com a bola nos pés. Mas também não haverá problema se o meia tiver mais uma de suas dezenas de contusões ou expulsões. A camisa 10 estará muito bem representada. Talvez até melhor. A contratação de Zé Roberto é o grito de libertação. Acabou a dependência. Basta comparar os currículos. Um clube que teve Ademir da Guia, Rivaldo, Edmundo, Jorge Mendonça, Julinho Botelho, Jair da Rosa Pinto, Luis Pereira, Muller havia se apequenado, perdido a autoestima. A partir de agora, Jorge Luiz Valdivia Toro terá a importância que merece. É um ótimo jogador, blindado por um contrato de cinco anos. Mas o Palmeiras já teve muito melhores. Só havia se esquecido...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Dec 2014 12:32:57

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