terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A lastimável postura do Cruzeiro em relação a Benecy Queiroz. Supervisor que assumiu ter subornado um juiz. Jogou o nome do clube na lama. E continua trabalhando como se nada tivesse acontecido. Vergonha...

A lastimável postura do Cruzeiro em relação a Benecy Queiroz. Supervisor que assumiu ter subornado um juiz. Jogou o nome do clube na lama. E continua trabalhando como se nada tivesse acontecido. Vergonha...



"Só vou citar um caso específico aqui em Minas Gerais, mas não falo o nome. O treinador era o Ênio Andrade, e nós, através de indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juiz, que falou: "Olha, fique tranquilo que o time do adversário não sai do meio de campo. "Nos 45 primeiros minutos ele deu muita falta só no meio de campo. Falei com ele: "É, acho que o negócio vai dar certo." Só que, para azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio de campo, no ângulo e gol. E o goleiro eu posso falar o nome, o Vitor. O que foi que o juiz fez, então? "Continuou dando falta só no meio, só no meio, só no meio. Teve uma hora, porque antigamente podia entrar dentro de campo, que eu falei: "Velho, eu paguei a você. Veja se dá o pênalti". "Ele falou assim: "Manda o seu time lá para frente que eu dou o pênalti". Eu disse para o capitão: "Olha, manda todo mundo para frente. Temos que empatar o jogo". Aí o time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o Cruzeiro. "Eu cheguei à conclusão de que empreguei um dinheiro errado. Nada como começar 2016 passando vergonha. As declarações revoltantes foram dadas pelo supervisor do Cruzeiro, Benecy Queiroz. Foram gravadas. Dadas à televisão. Ao programa "Meio de Campo", da rede Minas. O funcionário do Cruzeiro não mostrou um pingo de arrependimento enquanto falava. Pelo contrário, sorria até. Como se tivesse contando uma mera traquinagem. Como a que houvera dito antes, quando escondeu um jogador no armário de um hotel na Nicarágua. Esse goleiro estava traindo um coronel dos Estados Unidos, saindo com sua esposa. Benecy colocou os dois "causos" como se fossem duas traquinagens corriqueiras do futebol. Um jogador seduzir uma mulher alheia e ele, como dirigente do Cruzeiro Esporte Clube, assumir que deu dinheiro para subornar um árbitro. Fosse em qualquer lugar do mundo, essa pessoa já estaria afastada do futebol. Mas cadê a moral da CBF para tomar qualquer atitude, ainda mais quando há alguém acusado de corrupção? O FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa formalmente seu presidente, Marco Polo del Nero, de receber propinas em contratos comerciais.

A primeira providência adotada pela procuradoria do STJD foi avisar que o tempo de prescrição do Código Brasileiro de Justiça Desportiva é de 20 anos. Ou seja, tudo o que aconteceu antes disso, não pode ser mais levado em consideração. O falecido treinador Ênio Andrade trabalhou no Cruzeiro quatro vezes. Em 1989, 1990, 1991, 1994 e 1995. Portanto, Benecy estaria livre mesmo tendo confessado ter subornado um árbitro. No entanto, o artigo 4º do Código Disciplinar da Fifa garante não existir prescrição para casos de corrupção. O problema é que a Fifa precisa ser acionada pela CBF. E já começa a haver a pressão política em relação à proteção ao dirigente do Cruzeiro. A segunda providência deveria acontecer na Toca da Raposa. O presidente do Cruzeiro e da Primeira Liga, Gilvan Tavares, deveria demitir sumariamente seu supervisor. Pouco importa se são amigos íntimos. Uma pessoa que suja o nome do clube, assumindo ter dado dinheiro a um juiz para ajudar o time, precisa ser banida. Não pode seguir trabalhando, representando o Cruzeiro. A postura oficial da equipe mineira foi um vexame. O vice presidente Bruno Vicintin deve acreditar que o Brasil é povoado por pessoas sem neurônios, estúpidas. "Foi uma declaração infeliz. Ele se confundiu todo na declaração. Ele começa a falar sobre alguém comprar o árbitro, depois diz que o dinheiro foi mal empregado. Desafio qualquer pessoa a dizer algum título do Cruzeiro que foi conquistado com ajuda da arbitragem. O Cruzeiro foi muito prejudicado e não teve essa repercussão. Em 1974, o Cruzeiro foi muito prejudicado e foi vice. Em 2010, também foi muito prejudicado. A diferença para ser hexacampeão brasileiro passa por isso." Vicintin tentou misturar as coisas. Dizer que o Cruzeiro foi prejudicado por muitas arbitragens. Deu como exemplo 1974 e 2010. Depois ironizou, garantindo que a diferença para ser "hexacampeão brasileiro" passa por isso. Quer dizer que o fato de árbitros terem prejudicados o Cruzeiro dá um direito especial. O de um funcionário pagar, subornar o juiz para ganhar um jogo.

Flamengo, São Paulo e Corinthians são hexacampeões do Brasil. O vice deixa claro que pelo menos um dos três foi favorecido pelas arbitragens. O "passa por isso". Mas, como acontece muito no futebol, não deu nome aos bois. Não disse abertamente. Porque não tem provas. E só queria desviar o foco do vexame trazido por Benecy. Na mesma entrevista, o vice presidente foi além. "Ele se confundiu todo na declaração. Começa a falar sobre alguém comprar o árbitro, depois diz que o dinheiro foi mal empregado. "Pouca gente viu o programa. Ele vinha contando causos. É público que o futebol mineiro tem causos e lendas. Existe o caso do Cidinho “Bola Nossa”. Diz a lenda que num jogo entre o Cruzeiro e o rival, ele disse que a bola era nossa, no caso do rival. "Não sei se é mentira. Há o caso do Joaquim Cocó, que ganhou o apelido por a torcida do Cruzeiro achar que ele favorecia o rival (Atlético Mineiro). Ganhou o apelido pelo som que a ave que representa o rival faz. Benecy falava sobre isso. Sobre jogador sair na mala para fugir de polícia. Foi uma declaração infeliz." Lastimável a postura do vice presidente. Ele tentou minimizar algo gravíssimo. Quer salvar a pele do amigo Benecy. Mas não percebe que o supervisor não foi "bancar o esperto" ao comprar um juiz. Jogou o nome do Cruzeiro na lama. Associou um clube com tantas glórias ao suborno. Para ficar mais desmoralizante a Vicintin, Benecy deu uma única declaração após a repercussão de sua tentativa de suborno. "O que falei, está falado." Ou seja, nem tentou se dar ao trabalho de desmentir ou dizer que se atrapalhou. O que acaba com a lamentável tese de "confusão", levantada pelo vice do Cruzeiro. Benecy errou ao citar Vitor. Ele nunca trabalhou com Enio Andrade. E já jurou que nunca soube de suborno. Como se quando o dirigente tivesse a obrigação de avisar aos atletas ter "comprado" um juiz. O presidente da Comissão de Arbitragem do Brasil, Sérgio Corrêa, teria de justificar seu cargo. E processar Benecy. Exigir que ele provasse o que diz e revelasse o nome do juiz. Se se calar será pior. Ficará a impressão que é possível um dirigente dar dinheiro a um árbitro deste pais para sue time vencer um jogo, um campeonato. Nada de prático aconteceu até agora, 14h30 desta terça-feira. A declaração foi ao ar no domingo à noite. Gilvan Tavares segue calado. Tentando passar a impressão que nada aconteceu. Enio Andrade morreu em 1997. Não poder confirmar ou desmentir o "causo". Pelo STJD, o ato já prescreveu, não cabe punição. Para a FIFA, o caso não existe. Benecy continua sendo supervisor de futebol da Toca da Raposa. E o nome do grande Cruzeiro jogado na lama. É o futebol brasileiro abrindo sua temporada de escândalos em 2016...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 12 Jan 2016 14:59:54

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