sábado, 30 de janeiro de 2016

Paulo Nobre e dona da Crefisa reatam. E Palmeiras passa a ter a camisa mais valorizada do brasileiro. Corinthians promete reagir. E busca patrocinadores para derrubar o rival. Duelo marcado...

Paulo Nobre e dona da Crefisa reatam. E Palmeiras passa a ter a camisa mais valorizada do brasileiro. Corinthians promete reagir. E busca patrocinadores para derrubar o rival. Duelo marcado...




Corinthians e Palmeiras estão envolvidos em mais um duelo selvagem na história desses dois rivais. Os dois clubes brigam pelo privilégio de ter o maior patrocínio da América do Sul. A lógica é direta. Dinheiro atrai mais dinheiro. A diretoria que vencer essa disputa tem a certeza que despertará interesse e confiança em novos investidores. Cada um usa as armas que tem, além da tradição centenária de dois dos clubes mais importantes do Brasil. Milhões de torcedores apaixonados. Arenas modernas e novíssimas. A partir daí, surgem as diferenças. O Palmeiras foi empurrado para a modernidade por seu mecenas bilionário. Paulo Nobre. Com respaldo político do ex-presidente Mustafá Contursi, conseguiu a anuência dos conselheiros. A situação era caótica. O clube devia cerca de R$ 287 milhões. O ex-presidente Arnaldo Tirone havia antecipado receitas. Só restariam 20% em 2013. E 75% de 2014. Pior, bancos rejeitavam empréstimos ou exigiam taxa acima do mercado, diante da péssima situação financeira. Foi quando Paulo Nobre revelou a Mustafá que iria emprestar dinheiro do próprio bolso. Os dois sabiam que, quando o novo estádio estivesse pronto, tudo melhoraria. Mustafá costurou politicamente, calou opositores. E o bilionário foi responsável pelo aporte financeiro de R$ 151 milhões, quantia confirmada pelo então presidente do Conselho Deliberativo, Alberto Strufaldi. Nobre cometeu o que muitos consideravam loucura. Não aceitou empresas interessadas em patrocinar a camisa do clube no ano do seu centenário. "Preço baixo não aceito. Prefiro ficar sem", desabafava para conselheiros irritados, nas alamedas do Palestra Itália. Quando a nova arena estivesse pronta, o presidente tinha a certeza da revolução. No final de 2014, José Roberto Lamacchia negociava com Carlos Miguel Aidar. Estava para levar o patrocínio da Crefisa. Nobre soube. Ele estava rompido com Aidar por causa de Alan Kardec. O então presidente são paulino havia declarado que Nobre se manifestou de maneira "patética e juvenil" sobre a perda do atacante. E garantiu que o Palmeiras havia se "apequenado". O presidente palmeirense pediu um encontro com Lamacchia. Conseguiu convencê-lo a investir no "clube do seu coração". Essa é a versão romântica. Na verdade, ele garantiu maior visibilidade com a nova arena, assegurou que montaria um grande time, e já em 2014, havia o desejo de tornar a Crefisa e a Faculdade das Américas, empresas de José Roberto, as únicas patrocinadoras do uniforme verde. O acordo foi fechado por dois anos. Com todo o estardalhaço prometido. A felicidade foi tanta que a Crefisa avisou que iria além dos R$ 23 milhões anuais. Contrataria jogadores, modernizaria o Centro de Treinamento. Daria dinheiro onde o futebol do clube precisasse. Só que além de Lamacchia, sua esposa e presidente da empresa, Leila Pereira, decidiu participar efetivamente da parceria. Ela é conhecida pelo gênio forte e por falar o que pensa. Os resultados do primeiro semestre não foram satisfatórios. Mesmo com as 25 contratações. E Oswaldo de Oliveira acabou demitido. Chegou Marcelo Oliveira. Nobre pediu ajuda da Crefisa para comprar Lucas Barrios. A empresa deu o dinheiro. Assim como Thiago Santos e Vitor Hugo.

Só que, ao mesmo tempo, Nobre percebeu que Leila queria ir além de ser patrocinadora. Desejava que a Crefisa se tornasse uma nova Parmalat, se tornasse co-gestora do futebol. E tentava apoio político para isso no Palmeiras. Os dois lados se afastaram. Foi quando, usando como desculpa a tentativa do lançamento de uma camisa retrô com a marca da antiga patrocinadora italiana, Leila desabafou. Qualificou as contratações de Paulo Nobre como de "quinta categoria". E ameaçou levar a Crefisa para o Flamengo, onde teria "mais visibilidade". O presidente palmeirense ficou irritado. Só não rompeu a parceria por conta dos R$ 56 milhões envolvidos. O troco veio. Ao inaugurar a nova sala de imprensa do clube, reforma bancada pela Crefisa, Leila e José Roberto não foram convidados. Quando o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil, Nobre fez questão de esquecer os dois na festa de comemoração. E também apenas mandou o troféu para a Faculdade das Américas, fez questão de não aparecer. Em compensação, ao chegar a taça, membros da Mancha Verde, organizada rompida com Paulo Nobre, lotavam a FAM. No final do ano, ela e o marido fizeram questão de postar uma foto com Valdivia, inimigo declarado de Nobre. Mas adorado ainda por uma significativa parcela de palmeirenses. A legenda: "qual o seu maior desejo para 2016?". Paulo Nobre ficou furioso. Ele detesta o chileno e jurou que ele não veste mais a camisa verde. Mandou avisar que não iria mais aceitar ajuda da Crefisa nas contratações para 2016. Foi o que aconteceu. Por coincidência, as obras de reformulação do CT da Barra Funda, financiadas pela empresa, pararam.


A situação estava complicada. Mas amigos comuns de Nobre e José Roberto os reaproximaram. Além da intermediação do vice Mauricio Galiotte. Só com esforço o clima ruim entre as partes diminuiu. E surgiu a oportunidade da Crefisa ficar com uniforme palmeirense inteiro, como havia sido sonhado no final de 2013. Os contratos com a Prevent Sênior e a TIM acabaram. E a camisa ficou toda da Crefisa. Por R$ 58 milhões. Mas havia também os meiões e calções. Por mais R$ 8 milhões. Foi feito um pacote de R$ 66 milhões. O maior patrocínio de uniforme do futebol brasileiro. A apresentação do uniforme de ontem foi absolutamente profissional. Não teve a proximidade de amigos. Leila não falou sobre contratar jogadores. Estava claro que isso é função do Palmeiras, de Paulo Nobre. O dirigente deixou bem claro que não é co-gestão, mas patrocínio o acordo com a Crefisa. Não permitiram que os repórteres fizessem perguntas. Para não tocar no sério desentendimento do ano passado. Mas foi marcada para a semana que vem uma reunião entre Nobre, José Roberto e Leila. Exatamente para tentar acabar com as arestas, com a mágoa entre os três. Independente dessa briga de poder no Palmeiras, foram os números que mexeram com o Corinthians. O clube faz do seu uniforme não só uma fonte de renda importante, como divulga com orgulho, o sucesso financeiro de suas empreitadas. Se não tem Paulo Nobre, usa sua influência junto ao governo federal.

O ex-presidente Lula foi fundamental para o clube ter o sonhado estádio. O político aproveitou o veto ao ultrapassado Morumbi e viabilizou a arena em Itaquera. Não por coincidência, a estatal Caixa paga R$ 30 milhões pelo patrocínio master. R$ 5 milhões a mais do que ao Flamengo, clube de maior torcida no país. O contrato com a Caixa termina no dia 26 de fevereiro. Andrés Sanchez garante estar tentando a venda do naming rights do estádio corintiano. E no acordo com um grupo financeiro, estaria envolvido também o patrocínio master. O Bradesco faria parte desse pool. Enquanto isso não acontece, o clube divulgou ontem o acerto por três anos com a empresa winnerplay.net. A empresa de palpites pela Internet ficou com as omoplatas. Serão R$ 20 milhões por três anos. Até o ano passado, a 99Taxis pagava R$ 3,5 milhões pelo espaço. E não houve interesse de renovação. Mesmo assim, o gerente de marketing, Gustavo Herbetta, afirmou que o clube negocia com outras empresas a venda de mais espaços na camisa corintiana. E garantiu que a meta é R$ 60 milhões. Ou seja, R$ 2 milhões a mais que a do Palmeiras. Herbetta sabe que, muito mais do que sua palavra, falou oficialmente pelo Corinthians.

Comprou a briga com o maior rival histórico. Os palmeirenses fizeram história. Nenhuma empresa bancou todo o uniforme de um clube grande no país. São R$ 66 milhões. O Corinthians tem, na prática, R$ 30 milhões da Caixa. Mais R$ 6,6 milhões com a winnerplay.net. A Special Dog paga R$ 3 milhões pelos calções. O clube busca patrocinadores para as mangas. A diretoria rompeu com a empresa de limpeza Klar. E ainda quer vender as meias. Por enquanto, a vitória é verde.

E por uma larga vantagem.

R$ 66 milhões contra R$ 39,6 milhões.

A concorrência é saudável e fantástica para os clubes.

Há dez anos, o Palmeiras recebia R$ 10 milhões da Pirelli por sua camisa.

O Corinthians embolsava R$ 13 milhões da Samsung em 2006.

Finalmente o futebol brasileiro descobriu o marketing...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Jan 2016 09:11:27

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