sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Inesperada pressão do governo federal fez a CBF recuar. E aceitar a Primeira Liga no calendário nacional. O torneio que era ilegal na segunda-feira, hoje é 'um tesouro'. Vitória histórica dos clubes...

Inesperada pressão do governo federal fez a CBF recuar. E aceitar a Primeira Liga no calendário nacional. O torneio que era ilegal na segunda-feira, hoje é 'um tesouro'. Vitória histórica dos clubes...




Atlético Mineiro e Flamengo. 30 mil pessoas no Mineirão. Fluminense e Atlético Paranaense. Seis mil pessoas em Volta Redonda. Criciúma e Cruzeiro. Sete mil pessoas em Criciúma. Internacional e Coritiba. 11 mil pessoas em Porto Alegre. Avaí e Grêmio. 2.700 pessoas em Chapecó. América e Figueirense. 2.100 pessoas em Belo Horizonte. Média exata de torcedores 14.130 torcedores. Média do Campeonato Mineiro em 2015, 5.377 pessoas. Carioca, 5.372 pessoas. Gaúcho, 4.587 pessoas. Paranaense, 3.177 pessoas. Catarinense, 3.562 pessoas. Os números da rodada inicial, a ilegalidade do veto ao torneio, a pressão popular e a firmeza de Flamengo e Fluminense abalaram. Mas foi a inesperada presença do ministro dos Esportes, George Hilton, que mexeu de vez com a convicção da cúpula da CBF. Marco Polo del Nero, que continua controlando a entidade mesmo licenciado, mandou seu escudeiro, o secretário-geral Walter Feldman, dar o aval para o torneio. "Ou eles se enquadram ou terão de dar o seu lugar a quem entende de gestão no futebol", ameaçou o ministro dos Esportes, George Hilton. Jamais um representante do governo federal foi tão direto em relação ao dirigentes da CBF. A postura de Hilton reflete o fim da tolerância da própria presidente Dilma Rousseff. As denúncias de corrupção feitas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos aos últimos três presidentes da CBF foram fortes demais. Assim como a pressão popular para a reformulação na entidade. Já houve a mudança nas eleições da CBF, com a participação dos clubes. O medo de Feldman e Marco Polo é que o governo decida ir além. E expurgá-los do controle do futebol do país. Por isso, foi fundamental recuar. Apesar do ego e do medo da maioria dos dirigentes envolvidos na Primeira Liga, a CBF e a Federação Carioca tiveram de recuar vergonhosamente. Há três dias as duas entidades garantiam que aconteceria apenas a primeira rodada da torneio. Só que não há como proibir que os clubes se enfrentem amistosamente. E que disputem até troféu. Um deles seja campeão. Marco Polo e Rubens Lopes perceberam o óbvio. Seus vetos não teriam força alguma nos tribunais. Um guerra só despertaria a atenção do Planalto sobre o futebol. Com Dilma precisando de popularidade, não ficaria contra os clubes e seus milhões de torcedores. Além disso, o conflito poderia ter um poderoso efeito colateral: unir de vez as equipes e a presidente decidir tirar o controle do futebol de Marco Polo, Feldman, coronel Osório e dos presidentes das federações.

Daí, na maior desfaçatez o interlocutor de Marco Polo, Feldman veio a público ontem. Desmentiu o que a CBF havia garantido na segunda-feira. "Nós temos um patrimônio muito importante que é o campeonato de 2017. Então quisemos construir um bom relacionamento desde agora para preservar esse tesouro que será a Primeira Liga no ano que vem", teve a coragem de dizer, Feldman, ao site da Globo, dona dos direitos de transmissão. O mais contraria dos dirigentes foi o presidente da Federação Carioca. Rubinho, também teve de autorizar Flamengo e Fluminense seguindo a disputa do torneio. Algo que ele jurou que não aconteceria de jeito algum. A desmoralização pública pode ter influenciado no seu estado de saúde. Ele acabou internado ontem à noite às pressas, com dores no peito. A hipocrisia dominou não só as declarações de Feldman, a ponto de chamar a competição de tesouro, mas também o próprio comunicado da CBF oficializando a competição. Nunca a palavra liga é citada. O Presidente e a Diretoria da Confederação Brasileira de Futebol, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, CONSIDERANDO a Resolução da Diretoria nº 001/2016 que convoca todos os protagonistas envolvidos na Copa Sul Minas Rio, a fim de deliberar sobre a realização da referida competição e sua inclusão no calendário oficial do futebol brasileiro, a partir do ano de 2017, facultando a disputa, durante a pré-temporada de 2016, de jogos amistosos; CONSIDERANDO o pleito dos clubes disputantes da Copa Sul Minas Rio para que fossem permitidos jogos amistosos adicionais, além do período de pré-temporada, com o compromisso que estes (a) não conflitem com as datas dos campeonatos oficiais do calendário do futebol brasileiro (b) respeitem o ordenamento jurídico que rege as competições, em especial a Lei 10.671/03 ("Estatuto de Defesa do Torcedor") e (c) observem os intervalos mínimos entre partidas de um mesmo clube, de acordo com as normas vigentes; CONSIDERANDO o contínuo interesse da CBF em harmonizar o futebol brasileiro, reduzindo distâncias e promovendo a sintonia e a convergência, além do desenvolvimento de competições de relevante qualidade técnica e forte apelo comercial; CONSIDERANDO a concordância de todas as Federações que jogos amistosos realizados nas condições estabelecidas no item (ii) não trarão prejuízo aos campeonatos estaduais em 2016; RESOLVEM: Aprovar, com a devida anuência das Federações estaduais envolvidas, a realização de jogos amistosos entre os clubes participantes, no ano de 2016, sem prejuízo da observância das leis, regulamentos e estatutos aplicáveis. A CBF, em parceria com as federações e os clubes, será a responsável por adequar a tabela da competição ao calendário do futebol brasileiro e fornecerá o suporte necessário através de seus órgãos técnicos para a devida oficialização da Copa Sul Minas Rio em 2017. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no site da CBF. Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2016.

Os dirigentes dos clubes envolvidos na competição sabem. Graças à inesperada postura do governo tiveram uma vitória importantíssima. Se mantiverem a firmeza, foi o primeiro golpe real para mudar o absurdo calendário brasileiro. Dez dos grandes clubes brasileiros de verdade, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Internacional e Grêmio querem se livrar dos estaduais. Vasco e Botafogo, pelo momento difícil financeiramente que vivem, preferem apostar no Campeonato Carioca, como torneio que possibilita a chance de conquista. Para a Primeira Liga verdadeiramente se consolidar seria fundamental a presença dos paulistas. Mas acontece que eles se comprometeram com a Globo. Aceitaram R$ 16 milhões cada um dos grandes para disputar "a sério" o torneio até 2018. Com todos seus titulares. Fica quase impossível a Primeira Liga e os estaduais acontecerem ao mesmo tempo e os jogadores cumprirem suas 60 horas obrigatórias de descanso. O presidente da Primeira Liga, Gilvan Tavares, também foi pego de surpresa com esse recuo da CBF. Não quis tripudiar. Foi cauteloso ao Estado de Minas. "O momento agora é de paz, de harmonia, já que nós conseguimos o objetivo alcançado mostrando que o torneio é bem organizado e que as datas não vão ferir e não vão atrapalhar os campeonatos da Federações e nem da CBF . E a CBF já está nos convocando para uma reunião para a gente definir tudo sobre a realização do torneio em 2017. Isso é uma vitória do futebol brasileiro." Sim, o torneio já fará parte do calendário fixo do futebol brasileiro. É óbvio que não há como os jogadores participarem da Primeira Liga, Campeonatos Estaduais, Libertadores, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Sul-Americana. Seis torneios em dez meses. Um mês serve como férias e o outro como pré-temporada. É impraticável. Os clubes terão de optar. Será uma questão de tempo para conseguir se livrarem dos estaduais. Desinteressantes, sem sentido e com cada vez menos público e audiência.

A mudança do cenário veio de onde menos se esperava. Do governo federal. O medo de uma intervenção fez a CBF recuar. E chamar de "tesouro" o que considerava ilegal há três dias. O que aconteceu ontem foi histórico.

O poder começa a fugir do controle dos atuais dirigentes da CBF.

Dos presidentes das inúteis Federações.

Até que enfim...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 Jan 2016 08:09:07

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