sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Em crise, Band desiste da Copa do Brasil e do Campeonato Carioca. O monopólio escravizador da TV Globo aumenta. 70% da população brasileira não tem tevê a cabo. Overdose de Corinthians e Flamengo garantida...

Em crise, Band desiste da Copa do Brasil e do Campeonato Carioca. O monopólio escravizador da TV Globo aumenta. 70% da população brasileira não tem tevê a cabo. Overdose de Corinthians e Flamengo garantida...




De forma discreta, sem quase ninguém perceber, a Globo conseguiu o que parecia impossível. Aumentou o monopólio sobre o futebol brasileiro. Escravizará ainda mais o torcedor. Dados oficiais, de hoje, 15 de janeiro de 2016, ao meio-dia. O Brasil tem exatos 19.479.896 pontos de assinaturas de tevê a cabo. Privilégio de 29,3% dos brasileiros. O restante, 71,7%, possui apenas tevê aberta. Somos um país pobre, de Terceiro Mundo. O Brasil está mergulhado na recessão. Os reflexos são inúmeros. Na televisão brasileira aberta atingiu em cheio o futebol. E a Globo será a grande beneficiada com o atual cortes de gastos da sua principal "parceira". Nas décadas de 80 e 90, quando não existia tevê a cabo. A Bandeirantes copiou a fórmula de canais esportivos norte-americanos. E aos domingos transmitia de manhã até a noite vôlei, basquete, boxe, futebol, corridas automobilísticas, ginástica e até sinuca. Era o famoso Show do Esporte. Os apresentadores Elia Junior e Simone Mello ficavam horas e horas no ar. Na época, tudo beirava o amadorismo. O direito de transmissão era muito barato. O projeto foi minguando com a chegada da tevê por assinatura no país. A concorrência pela transmissão encareceu o produto. Mostrar os esportes se tornou caro. E o projeto terminou. Enquanto isso, a Globo seguiu desfrutando do monopólio do futebol brasileiro. O adquiriu graças à Ditadura Militar. Tem a agradecer também a João Havelange, que comandava a então CBD, futura CBF, com mão de ferro. A emissora carioca estabeleceu seu domínio com o governo, com a entidade que comanda o futebol no país e com os clubes. Sempre contou com a fidelidade desse triunvirato para seguir com o domínio total do principal esporte do País. Logo esticou seu poder para a Seleção Brasileira. E Comnebol, no controle das competições sul-americanas. Lógico, também a Fifa. Foi ameaçada em algumas esporádicas vezes. Como, por exemplo, em 1992, perdeu a Libertadores para a rede OM (atual CNT). A rede paranaense desfrutou do São Paulo campeão da América. A Globo deu o troco recuperando o torneio e o seu principal narrador. Para diminuir custos, a Globo decidiu que nos principais torneios nacionais - Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Brasileiro -, repassaria o direito a uma emissora. Mas nos seus termos. Oferecia um contrato draconiano. Pelo hábito de décadas, pelo talento de seus profissionais, por entrevistas privilegiadas, executivos globais sempre souberam. Se uma partida no Brasil é transmitida pela Globo e por qualquer outra emissora, o massacre na audiência é garantido.

O que decidiram? Desde a década de 90, busca uma "parceira". E, desde que ela banque entre 25% e 20% dos gastos, tem o direito de transmitir também futebol no Brasil. Só que o mesmo jogo mostrado pela Globo. Em São Paulo, a Record aceitou a fórmula até 2006. Quando se rebelou. Quis mostrar partidas diferentes. Por exemplo, se a Globo mostrasse o Corinthians, transmitiria o Palmeiras, o São Paulo ou o Santos. Mas não houve acordo. A emissora carioca exigiu. Ou mostrava o mesmo jogo ou nada. Houve o rompimento. A nova "parceira" passou a ser a Band. A emissora se submeteu a ser massacrada na audiência, todos os domingos e quarta-feiras. A Record decidiu comprar o Campeonato Brasileiro em 2011. Até então, os principais clubes brasileiros vendiam em bloco único a transmissão. A emissora que pagasse mais, levava. A Globo não era incomodada. Pagava quanto queria. Só que naquele ano, sabia que teria concorrência pesada. Poderia perder o torneio nacional. O que a emissora fez? Aliada ao então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, incentivou o então presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, a implodir o Clube dos 13. O clube mais popular de São Paulo deixou a entidade e avisou que negociaria sozinho a transmissão de seus jogos. E arrastou o Flamengo. Ambos fecharam com a Globo. Foram seguidos pelos principais clubes do país. Eles tinham de ser fiéis a quem, por anos, deu adiantamentos que salvaram suas vidas econômicas. E que prometia seguir a mesma filosofia. Tudo continuou na mesma. Só o Clube dos 13 não existe mais. A Globo tem o monopólio não só da tevê aberta, como da tevê a cabo e pela Internet das principais competições nacionais. A Turner, dona da Esporte Interativo, tenta tomar o Brasileiro na tevê fechada. Mas a emissora nacional está usando todas as armas, principalmente o comprometimento dos clubes. Está revertendo a ameaça de perder o torneio, a partir de 2019. Na tevê aberta, a Globo segue poderosa. E terá este ano ainda mais o monopólio do futebol. A Band vive uma profunda crise financeira. E tomou uma decisão importante.

Não será mais parceira da Globo no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil. Não quer dar mais um tostão para mostrar estas competições. Usa a mesma desculpa de 2014. Naquele ano foi a Copa do Mundo. Agora é a Olimpíada. Na verdade, a obrigatoriedade de mostrar os mesmos jogos que a concorrente é um desestímulo e que garante o prejuízo. A audiência do futebol na tevê aberta caiu 22% nos últimos dez anos. Os patrocinadores sabem muito bem destes números. A decadência nas transmissões fica claro nesta matéria publicada no ano passado pela colunista especializada em tevê, Keila Jimenez, ainda na Folha de São Paulo. "Time que arrebanha a maior audiência no futebol exibido pela TV Globo, o Corinthians perdeu cerca de 26% de ibope nos jogos transmitidos pela emissora nos últimos quatro anos. O clube, que em 2010 obteve média de 23,8 pontos de audiência em suas partidas, encerrou 2014 com média de 17,5 pontos. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo. "A mesma porcentagem de queda atinge o principal campeonato de futebol do país, o Brasileirão. Em 2010, a competição registrou média de 20,9 pontos de ibope. No ano passado, marcou 16,8 pontos de média. Nos últimos quatro anos, o Campeonato Paulista perdeu cerca de 23% de sua audiência. Já a Copa do Brasil, caiu 32%." "Com perdas anuais de audiência nos principais torneios da modalidade, a TV Globo pode diminuir a exibição de jogos de futebol em sua programação até 2017. Esse é um dos planos em estudo na rede a médio prazo, defendido por diretores que acreditam que o futuro do futebol está na TV por assinatura e nos serviços de pay-per-view."

A Band e seus patrocinadores também tiveram acessos a esses números. E a prática. Na final da Copa do Brasil de 2015, entre Palmeiras e Santos, a Globo marcou 26 pontos em média. Recorde no ano. E a "parceira" teve de se contentar com 5,3%. No Campeonato Carioca, dificilmente a Band passava dos dois pontos de audiência. Mostrando jogos da Champions League, a Band chega 8, 7 pontos de audiência. E apenas retransmite dos seus estúdios. É muito barato. A economia e o retorno financeiro são garantidos. Por enquanto, a emissora paulista seguirá com o Brasileiro e alguns estaduais. Paulista, do Goianiense e do Paranaense. Talvez, se a Globo repassar muito barato, jogos da Primeira Liga. Talvez. Mas se a crise persistir, poderá abrir mão de mais transmissões em 2017. Dentro deste quadro caótico, cerca de 70% da população brasileira, sem canal a cabo, não terá outra opção, em 2016. Se quiser ver a Copa do Brasil e o Campeonato Carioca, deverá ser obrigatório assistir a TV Globo. E a emissora tem assumidamente a preferência por mostrar Corinthians e Flamengo. Situação recorrente desde a implosão do Clube dos 13. Corintianos e flamenguistas, comemorem. Os demais, sem dinheiro para a tevê por assinatura, que se virem. Estas são as entranhas do país do futebol...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Jan 2016 13:36:28

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