sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Bombas de efeito moral, balas de borracha, gás pimenta por parte da PM. Torcedores de Corinthians e São Paulo respondendo com rojões. Limeira viveu uma noite infernal graças à Copa São Paulo de Juniores. Começou 2015...

Bombas de efeito moral, balas de borracha, gás pimenta por parte da PM. Torcedores de Corinthians e São Paulo respondendo com rojões. Limeira viveu uma noite infernal graças à Copa São Paulo de Juniores. Começou 2015...




Bombas de efeito moral, balas de borracha zunindo. Entre os dois, uma guerra de rojões. Cerca de 250 soldados formando uma barreira humana entre torcedores ensandecidos das organizadas de Corinthians e São Paulo. As ruas da pacata Limeira viraram campo de guerra. A população desesperada, trancava portas e janelas. Esse foi o cenário absurdo de ontem à noite após uma semifinal da Copa São Paulo. A principal competição da garotos do futebol brasileiros. Meninos que devem ser o futuro do futebol deste país. A vitória do Corinthians por 3 a 0, garantindo a decisão contra o Botafogo de Ribeirão Preto, é o de menos. O incrível fica por conta da selvageria das organizadas. Alguns vândalos infiltrados se aproveitam de qualquer desculpa para expor sua estupidez. Há relatos que mesmo muito antes da briga em Limeira, o metrô paulista foi palco de alguns espancamentos. Covardes como sempre. Um corintiano apanhou de cerca de 30 palmeirenses na linha vermelha, que leva até a Barra Funda. A surra aconteceu pelo simples fato de o garoto estar vestido com a camisa do Corinthians. Os palmeirenses iriam para a Arena Barueri. Viram, por acaso, o corintiano. Quando a polícia chegou, o torcedor já estava desacordado. Nem virou manchetes dos portais, jornais, rádios e televisões. Pelo simples fato de ser normal. É tudo tão banal que um espancamento não vira notícia se o infeliz massacrado não morrer ou correr risco de morte. Quanto à Limeira, tudo era mais do que esperado. A cúpula da Federação Paulista de Futebol ficou muito assustada quando São Paulo e Corinthians chegaram a uma das semifinais da Copa São Paulo. Até uma criança de cinco anos saberia indicar o melhor lugar para o confronto acontecer. O local mais seguro, onde a polícia teria toda a condição de repetir o trabalho que já faz há anos. O Pacaembu, estádio central, com todas as vias de acesso controladas. Mas não. Virou tradição só usar o estádio municipal na grande final. Durante toda as outras fases, o torneio é disputado em cidades interioranas. Até para agradar as prefeituras e clubes que têm direito a voto de presidente da FPF. Nada é por acaso. Tudo fica mais revoltante quando os detalhes são analisados. O estádio de Limeira, Major Levy Sobrinho, estava interditado pela própria FPF. Desde 29 de dezembro de 2014. O motivo? Falta de segurança. O estádio onde a Internacional de Limeira disputará a Terceira Divisão do Campeonato Paulista parou no tempo. Ultrapassado, envelhecido em péssimo estágio de conservação. A Polícia Militar não o considerava seguro aos torcedores. Misteriosamente, houve o fim da interdição do estádio na véspera do jogo de ontem.

Diante dos inúmeros boatos que as organizadas rivais combinaram brigas em Limeira, a segurança foi reforçada. 250 policiais para cuidar de milhares de torcedores de lado a lado. O medo era que houvesse confrontos nas estradas. A tensão dominou a pequena cidade. Donos de restaurantes e lanchonetes foram aconselhados a fechar mais cedo seus estabelecimentos. Os saques de torcedores organizados são costumeiros em partidas fora das grandes capitais. A estratégia da polícia durante o jogo era simples. A torcida do São Paulo seria retida no estádio. A do Corinthians sairia primeiro. Dentro de uma hora ou até mais, os são paulinos poderiam ir embora, evitando assim o conflito. A organização da Copa São Paulo tinha certeza que, cobrando ingressos, inibiria aqueles torcedores só interessados em brigar. Mais de dez mil pessoas foram ao acanhado estádio. O plano se mostrou ineficaz de acordo com o transcorrer do jogo. O Corinthians se impôs de maneira muito fácil diante do São Paulo. No primeiro tempo já vencia por 2 a 0. Assim que Gabriel Vasconcelos marcou 3 a 0, os são paulinos começaram a deixar o estádio. Parte das organizadas corintianas foram atrás pelas ruas de Limeira. Começou uma guerra de rojões. Os dois lados foram reforçados com o final da partida. Policiais garantem que o confronto parecia ter sido armado. A estratégia para evitar o conflito foi um fracasso. Os policiais trataram de soltar bombas de efeito moral, tiros de bala de borracha, gás pimenta e lacrimogêneo. E à força, se colocaram entre as duas torcidas. Os torcedores xingavam e atiravam fogos de artifício nos soldados. As ruas acanhadas e mal iluminadas favoreciam o confronto. O caos anunciado chegou. O Corinthians chegou à sua 16ª final. É octacampeão. O Palmeiras manteve o tabu de nunca ter conquistado sequer um título. Os empresários fizeram a festa com o número ridículo de equipes: 104. O que saiu do script foi Limeira virar a faixa de Gaza por horas. A primeira competição de 2015 em São Paulo foi um vexame. Torneio de garotos marcado pela incompetência, irresponsabilidade da FPF. Escolher Limeira para o clássico tão marcado pela rivalidade é de uma falta de visão inacreditável. "Foi uma falha abrir os portões após o jogo. Talvez por falta de experiência. Poderiam ter segurado uma torcida e liberado outra. Se tivessem feito isso, nada teria acontecido. Ainda bem que não houve consequências graves", disse o comandante de arbitragem e de segurança da FPF, o coronel Marcos Marinho. Tradução: não houve mortos ou feridos graves. A cúpula da FPF estava apavorada. Acreditava em outro clássico na final da Copa São Paulo. Mas o Palmeiras colaborou. Perdeu para o Botafogo de Ribeirão Preto. Este será o adversário do Corinthians. O confronto inesperado deixa mais tranquilo Marco Polo del Nero. Ele poderá levar José Maria Marin para a decisão, no domingo pela manhã. Lá vão fazer de conta que nada demais aconteceu. E festejar para as câmeras o prestígio da Copinha. Só quem esteve nas ruas infernais ou trancados nas suas casas poderiam discordar. Mas essas pessoas não têm direito sequer a serem ouvidas. Então o que vale é a versão oficial. Todos temos a obrigação de comemorar o sucesso da Copa São Paulo. E fingir acreditar que as bombas, as balas de borracha, o gás pimenta e o lacrimogêneo foram meras ilusões de ótica. Feliz ano novo...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Jan 2015 03:05:49

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