quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O Maracanã rejeita o Campeonato Carioca. Os inúteis estaduais estão morrendo. Deficitários, irrelevantes só existem pela ditadura das federações. Mas um dia elas vão passar...

O Maracanã rejeita o Campeonato Carioca. Os inúteis estaduais estão morrendo. Deficitários, irrelevantes só existem pela ditadura das federações. Mas um dia elas vão passar...




"É de conhecimento geral a crise de atratividade dos campeonatos estaduais em todo o país. E não é a adoção de preços irrisórios que vai levar o torcedor de volta aos estádios. Considerando que cerca de 20% de todo o público tem acesso de forma gratuita ao estádio, 40% pagam meia-entrada e que 20% de toda a renda é destinada ao pagamento de INSS, federações e custos de arbitragem, caso fosse adotada uma precificação de R$ 20 para a inteira no Norte/Sul e R$ 40 a inteira no Leste/Oeste, todos os jogos já seriam deficitários, tanto para os clubes como para a concessionária. Implantando-se o conceito de “meia-entrada universal”, estes prejuízos seriam, portanto, ainda mais acentuados, independentemente da quantidade de público que se conseguisse atrair. Considerando jogos do Fluminense e Flamengo na Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana, temos já um grande desafio de obtermos equilíbrio financeiro. A realidade é que não cabe num estádio de padrão internacional e com capacidade de 78 mil lugares jogos pequenos com baixíssimo potencial de atratividade de público como a grande maioria das partidas do atual Carioca. Acreditamos que é hora de encarar a nova realidade de responsabilidade no futebol na qual alguém paga as contas. Quem pagará a conta do prejuízo líquido e certo com o Campeonato Carioca? A Concessionária? Os Clubes? A Federação? O Governo Estadual e/ou Municipal?" Foi arrebatadora a postura do consórcio que administra o Maracanã. Não há interesse, necessidade, vontade de ter jogos do Campeonato Carioca no estádio mais importante do país. Verdadeiro cartão postal do Rio de Janeiro, o novo estádio para 78 mil pessoas realmente é algo absurdo. A média de público do Carioca em 2014 foi de 2.828 pessoas, ridículo perto dos 78 mil lugares do Maracanã. O consórcio assume que é muito melhor ficar de portas fechadas enquanto o Carioca for disputado. A decisão já estava sendo amadurecida pela Odebrecht Properties e a empresa americana AEG, responsáveis pelo estádio. Mas faltava coragem para o rompimento com o estadual.

A oportunidade surgiu quando Eurico Miranda propôs, diante do esvaziado interesse do público, cobrar meia entrada universal. Quem quiser acompanhar as partidas pagará metade do que seria cobrado. R$ 5,00 nas partidas entre os clubes pequenos. Entre pequenos e grandes, o preço muda de acordo com o estádio. Se for em São Januário, por exemplo, custa R$ 15,00; no Engenhão haverá dois valores: R$ 20,00 para os setores atrás dos gols, R$ 30.00 para as arquibancadas centrais. Nos confrontos entre grandes e pequenos no Maracanã, o bilhete deveria ser vendido a R$ 20,00 para os setores Norte e Sul, atrás dos gols. No meio do campo, nos setores Leste e Oeste, o valor passaria para R$ 40,00. Nos clássicos, o menor valor – atrás dos gols – é R$ 25,00 e o maior, no meio do campo, R$ 50,00. Eurico pensou nas partidas às 22 horas, no meio de semana, exigência da grade da Globo. O preço dos ingressos ficará entre R$ 10,00 e R$ 20,00, em qualquer estádio. Na hora da votação a cizânia ficou estabelecida. Flamengo e Fluminense foram radicalmente contrários. Queriam os preços cheios. Meias para estudantes e idosos. Como um maestro, Eurico deu o voto do Vasco e conduziu o Botafogo e os pequenos. A proposta de redução venceu. Mas aí chegou a inesperada postura do consórcio que administra o Maracanã. A Federação Carioca ficou desesperada. Inacreditável pensar no seu estadual sem o estádio. Chegou a hora de Eurico Miranda ficar ao lado do assustado presidente Rubens Lopes. E avisar publicamente que o Vasco nunca mais jogará no Maracanã como mandante. Seja em que torneio for. Bravata, chantagem, pressão, seja o nome que for, o consórcio não mudou a sua decisão. Não que o Campeonato Carioca na arena para 78 mil pessoas. Abre mão, sem drama, até dos clássicos. Diante do impasse, a partida entre Fluminense e Friburgense, marcada para o Maracanã, foi transferida para Volta Redonda, neste domingo. Na primeira rodada do Carioca não haverá jogos no estádio.

As direções do Flamengo e do Fluminense buscam uma maneira legal de cobrar mais nos seus jogos. O presidente Rubens Lopes avisou. Se algum clube procurar a justiça para aumentar os ingressos será punido esportivamente. Foi por essa razão que a direção do Fluminense divulgou uma nota. Cheia de ironias. Mas comparando a postura da Federação Carioca à dos generais que comandaram o Brasil durante o regime militar. Aqui o trecho que o clube buscou ajuda na inspiração de Chico Buarque de Holanda. "Embora a Federação pretenda instaurar o Ato Institucional número 5 no futebol carioca, não será o Fluminense Football Club o "subversivo" desta competição. Não é e nunca será este o nosso papel. Ao Fluminense sempre coube a vanguarda, no melhor sentido da palavra. Lembremos Chico Buarque: "Hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão." E termina a nota com um recado direto a Rubens Lopes. "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..." Rubens convocou uma reunião entre os quatro clubes cariocas para amanhã. Com a desculpa de analisar o Carioca de 2017, ele tentará acertar as coisas para o estadual deste ano. Na verdade, o que acontece é irreversível. Não há mais lugar no futebol moderno para os estaduais. São torneios que só servem para os times pequenos, prefeituras, presidentes de federações. A CBF ainda apoia porque os dirigentes são eleitos com os votos das federações. Para os grandes clubes e seus torcedores, os campeonatos são grande perda de tempo. Até a estupidez dos executivos da Globo um dia vai acabar. A audiência despenca a cada ano. Assim como a média de público. Vale sempre a pena lembrar a média dos principais estaduais nesta terra chamada Brasil. Bastam os três últimos anos. Em 2012, o Gaúcho foi de 2.284 pagantes; o Mineiro, 3.581; Paulista, 6.122; Carioca, 3.058. Em 2013, Gaúcho, 2.219 torcedores; Mineiro, 6.451; Paulista, 6.217; Carioca, 2.422; 2014, Gaúcho, 2.379 pessoas; Mineiro, 4.257; Paulista, 5.675 e o Carioca, 2.828.

Os clubes grandes são obrigados a disputar o torneio por suas federações. Caso tivessem coragem de recusar, seriam desfiliados. E não disputariam campeonato algum. Para aumentar o ridículo, os presidentes de federações buscam maneiras artificiais de preservar os campeonatos. Em São Paulo, só são aceitas 25 inscrições de jogadores "de linha" e três goleiros. E ainda o reservado "pedido" que os grandes coloquem a maioria dos seus titulares em campo. Isso seria uma media interessante. Se eles quiserem tomar empréstimos na FPF, como sempre fazem. No Rio de Janeiro é pior. O artigo 133 multa em R$ 50 mil o jogador, treinador ou dirigente que tiver coragem de falar mal do Campeonato Carioca. A multa cai para R$ 25 mil se o presidente do clube do jogador, técnico ou dirigente, passar por um vexame e assumir por escrito a reclamação. Nem a Ditadura Militar faria algo tão grotesco. Resta torcer para Chico Buarque estar novamente certo...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 Jan 2015 13:29:43

Nenhum comentário:

Postar um comentário