domingo, 25 de janeiro de 2015

Cruzeiro despacha o melhor jogador do Brasil para os Emirados Árabes, Everton Ribeiro. Ricardo Goulart está na China. Lucas Silva no Real Madrid. Quando começar a Libertadores, Gilvan Tavares vai entender o significado deste desmanche...

Cruzeiro despacha o melhor jogador do Brasil para os Emirados Árabes, Everton Ribeiro. Ricardo Goulart está na China. Lucas Silva no Real Madrid. Quando começar a Libertadores, Gilvan Tavares vai entender o significado deste desmanche...




Gilvan Tavares não resistiu e despachou o melhor jogador do futebol brasileiro para os Emirados Árabes. Everton Ribeiro teve efetivada a sua venda para o Al Ahli. Em troca de nove milhões de euros, R$ 26 milhões, deu os 60% dos direitos do meia de 25 anos. Para tentar se defender das críticas, a diretoria cruzeirense deixa vazar o salário que Everton Ribeiro receberá dos árabes: R$ 1,1 milhão a cada 30 dias. Com isso, Gilvan acredita pode colocar sua cabeça no travesseiro. Dormirá sossegado. Tem o argumento que o jogador pediu para sair. Seria a chance da vida. Ter a independência financeira de sua família aos 25 anos. Foi o mesmo que fez Ricardo Goulart, companheiro e excelente meia atacante. Aos 23 anos foi para o Guangzhou Evergrande. Atuar na China. A transação saiu por R$ 48 milhões. O Cruzeiro era dono de 50% do jogador. Havia pago R$ 5,7 milhões em janeiro de 2013. Dois anos depois, lucrou R$ 18,3 milhões. Não bastassem sair as duas maiores peças do time, jogadores da Seleção Brasileira, o bicampeão seguido deste país não teve dó. Vendeu Lucas Silva por 14 milhões de euros, cerca de R$ 40 milhões. Seguindo a filosofia de pizzaria, o clube tinha direito a 30% dos direitos do atleta. Mas exigiu 50% na transação com o Real Madrid. Luiz Rocha, empresário, e o volante, abriram mão cada um de 10% que tinham direito. E Gilvan acumulou mais R$ 20 milhões. Fosse um banco, a diretoria mineira teria todo o motivo para comemorar. Mas o Cruzeiro é um clube que vive do seu time de futebol. Sua conquista não é acumular patrimônio, mas títulos para a sétima torcida do Brasil. A última pesquisa do Ibope apontou 6,2 milhões de apaixonados cruzeirenses. A obrigação de Gilvan é manter a entidade equilibrada e o time fortíssimo. Pelo vil metal, saíram três jogadores que podem ser considerados excepcionais diante da pobreza técnica brasileira. E jovens, muito jovens. Vinte e cinco anos, vinte e três e 21 anos! Exatamente daqui um mês, no dia 25, o clube estreia na competição mais importante de 2015. Entraria na Libertadores muito mais forte, pronta, muito mais forte do que em 2014. Com jogadores bicampeões brasileiros, entrosados.

Conversei com Marcelo Oliveira em agosto. E ele deixou claro. Sabia onde havia errado. O Cruzeiro tinha sido ingênuo nas partidas fora do Mineirão. Quase que teve vergonha de se defender. Neste ano seria diferente. Com o time entrosado, mais maduro. Oliveira não tinha ideia do desmanche que aconteceria na equipe. Torcedores cansaram de mandar comentários e e-mails avisando que haviam comprado a tese de Gilvan Tavares. A de que não há como segurar jogador quando a oferta é altíssima. Quando o salário é muito maior do que recebe no Brasil. Por isso, sem piedade, despachou o trio. Ser dirigente assim é muito fácil. Conseguir acertar na montagem de uma equipe poderosa, moderna, que valoriza o ataque e consegue tirar o melhor de cada atleta não é nada fácil. Parece que o presidente cruzeirense não sabia o que tinha nas mãos. Exatamente como Zezé Perrella que desmanchou precocemente equipes que poderiam ser brilhantes. Gilvan e seus adeptos detestam a comparação, mas não há como esquecer que está repetindo o caminho do senador. A final da Libertadores de 2015 está marcada. O último jogo será no dia 5 de agosto. O Cruzeiro venceu a mais desejada competição neste continente em 1997. Há 18 anos. Com o time que venceu o Brasileiro de 2014 seria um dos grandes favoritos na luta pelo título. A saída dos três mexe com os setores mais importantes do time. Lucas Lima tem grande poder de marcação e muito melhor saída de bola. Com a cabeça erguida é inteligente, capaz de desarmar, articular contragolpes e fazer gols. Não é por acaso que Carlo Ancelotti exigiu sua contratação. Ricardo Goulart se transformou no verdadeiro meia atacante moderno. Hábil, veloz e com grande poder de definição. É uma mola encolhida, pronto para os contragolpes nas roubadas de bolas dos volantes. Atua bem tanto pela direita como pela esquerda. Chuta e cabeceia com eficiência. Raridade. Everton Ribeiro foi escolhido pelos jogadores adversários, companheiros e imprensa como o melhor deste país nos últimos dois anos. Meia de definição. Capaz de tabelas curtas, lançamentos e figura presente na grande área rival. Vive de longe o melhor momento de toda sua carreira.

Se Lucas Silva foi para um dos maiores clubes do mundo, o Real Madrid, o mesmo não pode ser dito de Goulart e Ribeiro. Acabaram na periferia do futebol no planeta. O futebol árabe e chinês não os merece. Os homens que comandam suas carreiras também se precipitaram. Na próxima janela de transferência poderiam ir atuar na Europa, têm potencial para grandes times. Mas a ganância cega. A precipitação é a rainha dos erros. A torcida cruzeirense está anestesiada. Contente demais com as conquistas dos dois Brasileiros. Tem, com razão, muito orgulho das campanhas do clube em 2013 e 2014. Por isso está aplaudindo as vendas. Defendendo Gilvan. Não percebe que ele tinha a obrigação de segurar pelo menos os dois principais jogadores de Marcelo Oliveira, Ricardo Goulart e Everton Ribeiro. Perder a dupla para chineses e árabes é absurdo, revoltante.

No mínimo, os dois poderiam ser vendidos e entregues apenas após a Libertadores. Oferecer por enquanto um aumento, que seria investimento. Era obrigação de Gilvan ao menos tentar. Mas essa possibilidade nunca foi aventada. O que interessava era apenas aumentar o dinheiro que o Cruzeiro teria a receber. Everton Ribeiro estava hoje nas tribunas, em Brasília, acompanhando o amistoso entre o Cruzeiro e o Shakthar. Foi retirado da despedida porque a venda se efetivou. O melhor jogador do Brasil estava sorridente, feliz. Certo de que conseguiu a independência financeira. Vai atuar em um centro milionário mas ainda muito atrasado. Mais atraente para atletas no final de carreira, não no auge. Vai perder força inclusive na briga pela Seleção Brasileira. Como deve acontecer com Ricardo Goulart também. Só Lucas Silva pode comemorar atuar ao lado dos galácticos de Madrid. Quem perde com a saída do trio não é o Cruzeiro. Mas o futebol brasileiro. Seu clube mais forte está esfacelado. Marcelo Moreno, Egídio, Samudio, Marlone, Dagoberto, Nilton, Borges saíram. Além de Dedé, operado, não disputará a Libertadores. Todos esses e mais importante trio vendido por Gilvan. A benevolência da torcida cruzeirense é compreensível. Inaceitável é a postura da direção cruzeirense. Comemora os milhões chegando em caixa e não tem o minimo de visão. O melhor time deste país não existe mais. E Gilvan de Pinho Tavares ainda comemora, desejou boa viagem para Lucas Silva, Ricardo Goulart e hoje para Everton Ribeiro, o melhor jogador deste país...





Fonte: Esportes R7
Categoria: formula-1
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Jan 2015 19:08:59

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