quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não há limites na guerra entre Aidar e Juvenal. Depois da denúncia dos 20% que o São Paulo pagaria à namorada de Carlos Miguel, o troco. R$ 706 mil gastos em combustível no posto do ex-vice de Juvêncio, Roberto Natel...

Não há limites na guerra entre Aidar e Juvenal. Depois da denúncia dos 20% que o São Paulo pagaria à namorada de Carlos Miguel, o troco. R$ 706 mil gastos em combustível no posto do ex-vice de Juvêncio, Roberto Natel...




O quanto o ódio de dois homens podem travar um dos maiores clubes da América Latina? Basta olhar com toda a atenção para o São Paulo Futebol Clube. Carlos Miguel Aidar e Juvenal Juvêncio transformaram a instituição em palanque de denúncias. As acusações conseguem afastar patrocinadores, investidores, constrangem conselheiros, torcedores. O pior é que a guerra ainda está longe do fim. As denúncias são graves e intermináveis. A denúncia do dia é estarrecedora. No estatuto do clube está muito claro. Dirigentes ou conselheiros não podem ter ligações financeiras com o clube. Daí o escândalo do mês passado quando o grupo de Juvenal divulgou a relação entre Aidar, Cinira Maturana e a Puma. O presidente estava cogitando pagar 20% do contrato da fabricante de material esportivo para a sua namorada, intermediária do negócio. Com a comissão prevista em contrato, Carlos Miguel não teve outra saída. A não ser confirmar a história. Disse que, quando começou a negociação, ambos ainda não namoravam. Mas os conselheiros não perdoaram. A pressão foi imensa. Aidar cancelou o negócio com a Puma. E a TML Foco Consultoria e Assessoria Empresarial Limitada, empresa de Cinira, divulgou uma nota, muito bem escrita, garantindo que não negociaria mais com o São Paulo Futebol Clube. A ala que apoia Juvenal vibrou com o vexame. Como se não importante o clube ter sido desmoralizado publicamente. O importante foi o desgaste de Aidar. O lado de Carlos Miguel prometeu troco. Ele chegaria. E logo. Pois ele veio. O presidente chegou a dizer assim que assumiu a presidência que o clube usava um certo posto de gasolina de um conselheiro. Ele seria ligado a Juvêncio. Os detalhes vieram à tona hoje. O jornal Lance! expõe de maneira impressionante O São Paulo teria nada menos do que R$ 706 mil, no Auto Posto 2000 Ltda. Foram R$ 14 mil em 2007, R$ 55 mil em 2008, R$ 52 mil em 2009, R$ 59 mil em 2010, R$ 106 mil em 2011, R$ 133 mil em 2012, R$ 147 mil em 2013, R$ 140 mil em 2014. Nestes anos todos, o presidente era Juvenal Juvêncio. O dono do Auto Posto 2000 tem nome e sobrenome. Roberto Natel. Ele era vice presidente e conselheiro vitalício do São Paulo. Roberto é sobrinho-neto do histórico governador de São Paulo, Laudo Natel, um dos maiores responsáveis pelo Morumbi. Sem saída, Roberto confirma as denúncias. Seu posto fornecia combustível para os carros e ônibus do São Paulo. Eles só poderiam abastecer em São Paulo no seu estabelecimento. A única contestação é em relação aos números. Diz que foram manipulados. E que o clube gastaria apenas R$ 70 mil por ano com gasolina. Porém em seguida confirma que em 2014, a conta chegou em R$ 132 mil.

De verdade, não importa a diferença nos números. O que pesa é a postura do vice presidente vendendo combustível, tendo uma relação comercial com o clube. É algo explícito no estatuto do São Paulo Futebol Clube. Tudo foi feito com a conivência de Juvenal Juvêncio. Para piorar a situação, Roberto Natel por muito tempo esteve cotado para suceder Juvenal. Na última hora, o ex-dirigente optou por Carlos Miguel, sem imaginar que se transformaria no seu maior inimigo. Natel seguiu na diretoria. Até que Aidar começou a atacar Juvenal. Ele se afastou da cúpula do clube em solidariedade a Juvêncio. A revolta de conselheiros com a denúncia pode até se transformar em um pedido de expulsão de Roberto Natel. Criar de vez uma guerra no São Paulo. Só que isso não deve acontecer. O caso ser abafado. Assim como foi em dezembro, quando adeptos mais radicais de Juvenal falavam em impeachment de Aidar por sua ligação com Cinira. Logo foram calados. Os dois lados nesta batalha constrangedora não querem expulsões, impeachments. Buscam apenas a humilhação alheia. Tudo começou quando Carlos Augusto de Barros e Silva foi preterido por Aidar. E acusou Juvenal de dar o cargo a Carlos Miguel por ele ter articulado na justiça o contestado terceiro mandato do ex-presidente. Seria um presente. "O Carlos Miguel conseguiu isso numa manobra jurídica, e sabemos que a Justiça (no Brasil) é morosa. Uma ação com foros de legitimidade se alongaria por anos, e permitiria o mandato do Juvenal. Foi o que aconteceu", disse Leco. Juvenal pensou muito a sério em dar a presidência a Roberto Natel. Mas acabou optando por Carlos Miguel. Quando a escolha foi feita, começaram a surgir denúncias contra Aidar. A primeira é que ele já teria acertado uma construtora que faria a "modernização" do estádio, com direito à cobertura do Morumbi. "Era algo que nunca ficou claro. Os conselheiros não tiveram acesso ao projeto com tempo para uma análise. Quiseram atropelar algo que comprometeria centenas de milhões de reais. Vetamos mesmo", disse o conselheiro Marco Aurélio Cunha.

Mesmo com a situação amarrando a eleição presidencial à votação do projeto de modernização do estádio, a manobra não deu certo. Carlos Miguel ficou revoltado. Mas sua ira cresceria demais quando foi divulgado que sua filha, Mariana, era sua assessora presidencial. E também agente Fifa. A denúncia anônima era clara. O São Paulo tinha uma empresária de jogadores trabalhando com o presidente. Mariana abandonou o cargo. Aidar depois desabafaria. Esperava que Juvenal defendesse sua filha publicamente. A conhecia desde menina. Não foi o que aconteceu. Foi quando Aidar resolveu fazer várias denúncias contra o ex-presidente. Pouco se importando que Juvêncio estivesse em pleno tratamento de câncer na próstata. E que várias vezes deixou o hospital para ajudá-lo na campanha no Morumbi. "Encontrei o São Paulo muito pior do que eu imaginava, acostumado a benesses, com pessoas acostumadas a vantagens. Era comum ver diretor andando pelo clube como pacote de ingressos para shows, distribuindo para sócios. Eram viagens para conselheiros, com hotel e hospedagens. Eu vendi 20 carros que serviam para quê? Para buscar pessoas. Diretor com carro e motorista por conta do clube. O São Paulo parou no tempo", disse à Folha de São Paulo. Revelou que a dívida do clube chegava perto dos R$ 150 milhões. E avisou que o Centro de Treinamento da base, em Cotia, estava abarrotado. Iria diminuir e muito o número de garotos. Se Juvenal, colocado para comandar o local, fosse contra a sua decisão, seria demitido. E ele realmente demitiu o ex-presidente e homem responsável pela volta ao poder no Morumbi. As respostas de Juvêncio foram duríssimas. "O Carlos Miguel viu que eu tinha uma força muito grande no São Paulo. Muito forte mesmo. As estatísticas mostram isso. Nas eleições, eu tinha cinco ou sete votos contra e o resto a favor. Ele ficou cabisbaixo com isso e começou fazer coisas inenarráveis. Quando ele fala das dívidas é porque ele quer vendê-las. Ele está criando um clima para poder fazer isso. Eu fiquei quieto, mas ele contratou três advogados do escritório dele e colocou lá dentro do São Paulo. Agora vem falar que não tem dinheiro. Como ele comprou o Alan Kardec à vista sem fazer empréstimo? Ele falou que o estádio estava velho, caindo, e queria trocar o Morumbi por um terreno em Taboão da Serra. Veio falar comigo quando eu era presidente e eu disse: "Não venha com essa conversa". Aí levou um tranco tão forte que mudou de ideia e agora diz que o estádio é bom e só precisa fazer a cobertura. As declarações dele são ingênuas. Ele quer me denegrir, jogar minha imagem para baixo, para ficar em alta no clube." O que disse ao Estado de São Paulo já havia sido revelado no blog. Aliados de Aidar articulavam trocar o Morumbi por um terreno perto de Taboão da Serra e construir novo estádio. Depois da denúncia dos R$ 706 mil em combustível comprados no posto do então vice-presidente Roberto Natel, há uma nova certeza. A ala de Juvenal já busca novo troco em Aidar. Quem perde com isso é o São Paulo, desgastado a cada denúncia. Quem ganha? As pessoas que defendem a transparência, a verdade. As entranhas de um clube nunca foram tão expostas...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 21 Jan 2015 11:13:22

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